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SOBRE FINADOS
Francisco Cândido Xavier

“Em uma de nossas reuniões públicas, foi ventilada a questão de nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles com as nossas comemorações e lembranças?

Em torno dessa pergunta, foram entretecidos comentários numerosos. E, quando do inÍcio de nossas tarefas, O livro dos espíritos nos deu para estudo a questão nº 353, que se vincula ao assunto, as explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas.

No término da reunião, o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez recordar a todos o Dia de Finados.”

NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu um tópico especial do capítulo VI de O livro dos espíritos. A posição doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. Os espíritos, respondendo a perguntas de Allan Kardec a respeito, mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos.

ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS
Emmanuel

Senhor Jesus!...

Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros – os companheiros desencarnados – nas fronteiras de cinza, rogando-te amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas trevas!...

Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos de arrependimento tardio!...

*

Senhor!...

Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e bênção!...

Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência, a fim de que possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre.

O CREDIÁRIO DA MORTE
Irmão Saulo

A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, hoje bem definida em psicologia. Não se trata da aberração sexual a que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da inteligência”, a que se referia Allan Kardec, que leva o indivíduo a negar a sua própria capacidade de viver e de sentir a vida.

Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo superou de muito as ilusões negativas do materialismo.

Apesar dessa inegável realidade nova, os necrófilos se apegam à ideia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo autodestruidor, compram a morte por antecipação, no crediário “do desespero e das aflições inúteis”. São esses os “quase mortos” pelos quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vida.

A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância chamamos de mortos velam pelos “quase mortos“ da Terra e pedem a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou seu corpo no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um morto ambulante. Que essa oração nos lembre as palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”

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