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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.

 

Comemora-se o quadragésimo aniversário da publicação de “Parnaso do além-túmulo” de Chico Xavier, a maior coletânea de poemas mediúnicos do mundo, e ao mesmo tempo aparecem nas livrarias os primeiros volumes de “Antologia do mais além” de Jorge Rizzini, um mais novo desafio mediúnico aos críticos e ensaístas que permaneceram mudos e mortos durante quarenta anos ante a epopeia do Parnaso. Os poetas ressuscitam e os críticos emudecem.

 

“Antologia do mais além” é um lançamento da LAKE, Livraria Allan Kardec Editora, capa de Misael e uma introdução crítica e analítica. Vinte e quatro poetas da nossa língua, brasileiros e portugueses, aparecem nessa antologia da era cósmica para comprovar a imortalidade do homem. Anchieta, num poema de pureza rústica, eleva seu canto à nova era. Antero de Quental nos fala do jogo do bem e do mal em que sempre perdemos. Gonçalves Dias canta de novo os seus temas indígenas. Mário de Andrade e Manuel Bandeira relatam em versos como fizeram a travessia do rio das sombras.

 

“Antologia do mais além” de Jorge Rzzini repete o desafio do “Parnaso de além-túmulo” de Chico Xavier quarenta anos depois. Enfrentará o mesmo silêncio ou despertará nos críticos modernos a coragem de enfrentar o problema da poesia paranormal? Estamos numa fase nova do nosso desenvolvimento cultural e é possível que o assunto não provoque mais os temores do passado. Há poemas neste livro capazes de agitar o coração de um crítico de pedra. Estamos em face de uma nova eclosão da psicografia poética que exige atenção dos espíritas.

 

Atenção, amigos ouvintes! Atenção! Os poetas estão ressuscitando. Se os poetas ressuscitam, nós também ressuscitaremos. O argumento do apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos coríntios é precisamente este: temos corpo animal e corpo espiritual; morremos no corpo animal e ressuscitamos no corpo espiritual que é o corpo da ressurreição segundo o apóstolo. Os poetas voltam em espírito e nos oferecem de novo a beleza e o encanto dos seus poemas. “Antologia do mais além” é uma prova maciça da sobrevivência espiritual do homem.

 

No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão número 102. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780kz. Todos os domingos este programa é reprisado na Rádio Mulher das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.

 

Pergunta nº 1: Menosprezar Bezerra de Menezes

 

Locutor - Quem na FEB é contra Bezerra de Menezes?

 

Pergunta o senhor João Lucas Tersoni, residente no Largo do Arouche: quem, na FEB, contra Bezerra de Menezes? Li um tópico em “O Reformador” em que se fala de “bezerrismo” com evidente intenção de menosprezar Bezerra. Quem será o autor disso?

 

J. Herculano Pires - Na FEB, quem é contra Bezerra de Menezes é justamente todo aquele que, participando da atividade do chamado grupo Ismael, que dirige praticamente a FEB, luta contra a divulgação do espiritismo no sentido em que ele se apresenta puro através das informações precisas e esclarecedoras da doutrina de Allan Kardec.

 

Mas temos evidentemente à frente deste movimento, e é isso que o senhor leu na revista “O Reformador” da FEB, temos à frente o jornalista Luciano dos Anjos que é hoje, como se fala no meio espírita, o profeta, o novo profeta de Roustaing do Brasil.

 

De maneira que o senhor Luciano dos Anjos se volta contra aquilo que ele chama não somente de “bezerrismo”, mas acrescentando ainda alguns epítetos a esse “bezerrismo” de maneira a desagradar a todos aqueles que consideram Bezerra de Menezes uma figura verdadeiramente eminente do espiritismo no Brasil e um espírito que pela sua bondade, pelo seu espírito caridoso está sempre pronto e disposto a atender a todos aqueles que apelam aos seus poderes espirituais.

 

Mas isso tudo, como nós sabemos, são interpretações errôneas, incompreensões de algumas pessoas. Bezerra de Menezes, independentemente de tudo isso, continuará sempre a ser considerado pelos espíritas brasileiros em toda parte e mesmo pelos espíritas estrangeiros, pois como vemos através das demais revistas e publicações argentinas, na própria Argentina, Bezerra de Menezes é também cultuado no meio espírita, não no sentido de um culto como se ele fosse um santo, mas sim da admiração e respeito que se tem por um espírito superior.

 

Download Pergunta nº 2: Bezerra de Menezes roustainguista

 

Locutor - É verdade que Bezerra de Menezes foi roustainguista? Se é, por que a FEB permite esses ataques a ele, o grande Bezerra?

 

J. Herculano Pires - O senhor disse bem: o grande Bezerra de Menezes. O doutor Adolfo Bezerra de Menezes, médico, político eminente do tempo do Império e mesmo da República no Rio de Janeiro, quando se transformou num espírita convicto, ele realmente desempenhou uma atividade intensa em nosso país, a tal ponto que chegou a ser chamado de o “apóstolo do espiritismo” no Brasil, e também chamado “o Kardec brasileiro”.

 

Bezerra de Menezes, entretanto, no início da sua introdução ao espiritismo, da sua iniciação espírita, ele aceitou Roustaing. Por quê? Porque os grupos roustainguistas no Rio de Janeiro elevavam Roustaing a posição de um iluminado, de um espírito a serviço da missão de esclarecimento da própria convicção espírita iniciada pela compreensão da obra de Allan Kardec. Bezerra era, por assim dizer, um complemento de Allan Kardec. E como complemento tinha por finalidade esclarecer muitos pontos que, segundo diziam os roustainguistas do Rio de Janeiro, Kardec não havia esclarecido.

 

Bezerra, que vinha do catolicismo, havia sido católico praticante, não encontrara na concepção espírita de Kardec a respeito de Jesus as mesmas condições de divindade, de superioridade extraordinária, quase fantástica, mitológica que lhe era atribuído pela igreja. Isso o chocou. E como em Bezerra todas essas coisas, e como em Roustaing todos estes aspectos negativos de Jesus se repetem e se apresentam de uma forma bastante mitológica, então Bezerra na sua ingenuidade como iniciante no espiritismo aceitou o roustainguismo.

 

Entretanto, posteriormente, Bezerra foi compreendendo que estava errado. Isso se nota nas suas próprias crônicas como Max no jornal “O país”, do Rio de Janeiro, onde ele, cada vez que se referia por necessidade a Roustaing, logo em seguida acrescentava: mas Kardec é inexcedível, é inigualável, e o método de Kardec é insuperável.

 

Posteriormente após sua morte Bezerra, que durante toda vida procurou evitar conflitos, atritos no meio espírita, procurou mesmo submeter-se a tudo quanto fosse necessário para não provocar nenhum movimento de revolta no meio espírita; Bezerra após a sua morte, através de todas as comunicações que tem dado, e particularmente de todas as mensagens que enviou através de Chico Xavier durante estes quarenta anos de exercício mediúnico do grande médium de Uberaba, Bezerra de Menezes nunca mais se referiu a Roustaing. Mas, pelo contrário, insistiu incessantemente na necessidade do estudo das obras de Allan Kardec.

 

Há mesmo uma famosa mensagem de Bezerra em que ele diz que precisamos estar lendo Kardec a todos os momentos, desde que levantamos, durante todo dia, sempre fieis a Kardec. E termina sua mensagem com as palavras: “Kardec, Kardec e mais Kardec”.

 

Isso naturalmente provocou as iras do chamado profeta de Roustaing atualmente no Brasil que é o jornalista Luciano dos Anjos, que e vem agora através do órgão da própria FEB, da Federação Espírita Brasileira, de que Bezerra de Menezes foi presidente, atacar a figura de Bezerra através desse conceito errôneo e negativo de “bezerrismo” que ele está divulgando pela revista.

 

Download Pergunta nº 3: Condenação dos cursos

 

Locutor - A FEB está certa ao condenar os cursos de espiritismo?

 

J. Herculano Pires - Não. A FEB está errada, muito errada. Como se pode condenar os cursos de espiritismo? Se o espiritismo é uma doutrina, ela tem que ser ensinada. Como vai ser aprendida essa doutrina? Não é possível admitir-se que o espiritismo seja ensinado apenas através da leitura de livros por pessoas que muitas vezes não têm capacidade para compreender bem essas lições que estão ali escritas.

 

Não obstante a clareza de Kardec, o assunto é bastante complexo e é necessário que haja cursos de espiritismo como felizmente há em todo Brasil.

 

Só a FEB, no vasto panorama espírita brasileiro, só ela é contra os cursos de espiritismo.

 

Download “Viagem marcada”, de Mário de Andrade

 

Este poema de Mário de Andrade figura no livro “Antologia do mais além”, de Jorge Rizzini, que a livraria Allan Kardec acaba de lançar. Livro este que representa, como acentuamos no início deste programa, um novo marco da psicografia poética em nosso país. Neste livro figuram vinte e quatro poetas brasileiros e portugueses. e das mais variadas escolas. Como vemos, Mário de Andrade, que foi praticamente ou é chamado sempre o papa do modernismo no Brasil, do movimento modernista, Mário de Andrade aparece aqui como um poeta moderno interpretando o tema da morte, da sua própria morte, num poema dos mais expressivos, dos mais significativos de toda nossa poética.

 

Além de Mario de Andrade, outros poetas, como sabemos, manifestaram-se, inclusive Gonçalves Dias, Castro Alves, Antero de Quental e Guerra Junqueiro. Por sinal que Guerra Junqueiro, para completar aquilo que já falamos anteriormente em uma resposta ao nosso ouvinte, Guerra Junqueiro aparece com um poema sobre os quatro evangelhos, ou seja, a obra de Roustaing que tem esse título, esclarecendo poeticamente através da ênfase do seu verso tempestuoso, poderoso, esclarecedor, esclarecendo o problema do roustainguismo. Este também é um aspecto que valoriza doutrinariamente o livro. Mas vamos ver os versos de Mário de Andrade, estes versos magníficos escritos com aquela simplicidade, aquela pureza, aquela espontaneidade que caracterizou o poeta do modernismo no Brasil e particularmente aqui em São Paulo. E veremos que a alma de Mário de Andrade, o seu espírito, o seu estilo, a sua poética, a sua temática: tudo isso transparece de maneira evidente nos poemas que ele transmitiu, e particularmente deste poema.

 

Vamos ouvir este poema na interpretação do nosso companheiro de rádio, Américo Ribeiro.

 

A viagem era obrigatória, mas não guardei os cuidados. É para hoje ou amanhã? Que importa! Maria traz o uísque? Claro, e a pedrinha de gelo, e dá cá um abraço de vinte e quatro horas; sem gelo. E a viagem? Não esqueci. Mas o baú fica pra depois. O maxixe está roncando para as bandas do Paissandu. E as mulatas vão gingando no parque do Anhangabaú. E essas circulações: Ah! Que bem fazem as circulações do sangue. É tarde, não esqueças a viagem. Eu sei, anotei em minha agenda. Mas eu embarco no trem noturno depois de reler o meu Edgar Alan Paul e lavar o poema que nasceu ontem pela madrugada sangrenta. Afinal, por que não transferem a viagem para o ano 2000? Sinceramente, não estou querendo deixar o Brasil. E o tempo foi passando. A viagem era obrigatória e não havia moratória. E o uísque ali, a meu lado. Entre as risadas dos amigos e o sussurro das noites que ninguém conta, nem eu, nem os livros do meu reler e nem as paredes do meu viver. E o tempo passando... A viagem, já lhes disse e reafirmo, era obrigatória, que o chefe do trem já tinha cópia do meu retrato carimbado na passagem e a data era bem legível com a seguinte anotação: intransferível. E embarquei no trem noturno sem tempo de me arrumar, trazendo nas mãos nada mais que os calos da máquina de escrever. E atravessei o vale das sombras, que vós também conhecereis, que o retrato de vossas senhorias também já está carimbado e com data marcada. Que faço agora? Que faço agora nesses ares se não enchi meu baú? Sim, senhores, estou quase nu e me sinto envergonhado. Se pudesse, vestir-me-ia com a cultura, com meus poemas, contos, romances, com o tempo que deixei vazar. Mas neste país, nada disso conta. E a roupa que aqui se usa é confeccionada com amor e a caridade. Moedas raras na Terra, que não tive tempo de recolher para esta aventura. Mas viver... sim senhores, estou quase nu e me sinto envergonhado. Se Deus quiser, voltarei para encher meu baú. Enquanto isso, que meus amigos na Terra vão rezando por mim, para que a luz me aqueça nestas noites sem fim. Por enquanto, o meu muito obrigado que o abraço virá depois, apertado e sincero.

 

Perguntas e respostas. As perguntas dirigidas a este programa devem ser feitas por escrito e remetidas à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, travessa da Avenida Santo Amaro, São Paulo. O interessado deve assiná-la e mencionar o seu endereço. As perguntas por telefone devem ser feitas durante a semana no horário comercial pelos seguintes telefones: 269-4377 ou 269-6130. Todas as perguntas devem ser breves e precisas. Nome e endereço dos responsáveis precisam ser mencionados.

 

Pergunta nº 4: Provações e bondade de Deus

 

Locutor - A ouvinte Deise C. S. Beva, da Rua Aparecida, alto do Pari, São Paulo, faz as seguintes perguntas:

 

Deus sendo bom, não será contraditório dizer que fez os espíritos simples e ignorantes e que através de provações e expiações é que os mesmos se elevam?

 

J. Herculano Pires - Não, não há contradição nenhuma.

 

Se os espíritos nasceram simples e ignorantes é porque Deus deve começar as coisas do começo.

 

Naturalmente Deus não iria fazer com que os espíritos já aparecessem prontos, perfeitos, elevados, porque assim, como explica muito bem Allan Kardec, não haveria mérito nenhum de parte dos espíritos no seu desenvolvimento, na aquisição de suas virtudes e de seus conhecimentos. Por outro lado, deixando de lado essa explicação que ficou um pouco no plano teológico ou metafísico da questão, vamos encarar o problema do ponto de vista mais lógico, mais imediato, mais racional, de acordo com a nossa maneira de raciocinar, quer dizer, a nossa maneira principalmente ao encarar problemas assim de desenvolvimento no plano em que nós vivemos.

 

Tudo quanto Deus fez é perfeito em si mesmo. Mas essa perfeição está na natureza própria da coisa que foi por ele criada. Quando Deus criou o homem, portanto, o homem nasceu perfeito em potência. Quer dizer, lá dentro dele, da sua estrutura psíquica do seu ser, ele possuía todas as virtualidades, ou seja, todos os poderes que iriam se desenvolver mais tarde.

 

Mas o desenvolvimento desses poderes teria de ser feito pelo próprio homem para que ele realmente possa dispor desses poderes. Porque se nós quisermos transferir a uma criatura poderes que ela não conquistou, entregar-lhe esses poderes através das suas faculdades para que ela os exerça, nós poderemos levar essa criatura a cometer muitos enganos, porque lhe falta, naturalmente, o conhecimento, a experiência necessária para a utilização desses poderes que foram conquistados independentemente dela.

 

Cada um, por exemplo, que quer exercer uma determinada profissão, que quer aprender mais simplesmente a guiar um automóvel, tem de passar pela experiência da aprendizagem, tem de aprender como guiar. Mas toda pessoa traz em si as faculdades necessárias para exercer essa função. Uma vez realizado o aprendizado, adquirida a experiência necessária, essa pessoa pode se tornar muito melhor motorista, muito melhor chofer do que o seu próprio professor no aprendizado a que ela se submeteu.

 

Assim, Deus nos proporciona as oportunidades de desenvolvermos todas as potencialidades que trazemos dentro de nós. Mas o esforço do desenvolvimento tem de ser nosso para que nós tenhamos a possibilidade de utilizar as nossas potencialidades, as nossas forças, os nossos poderes com inteligência e com sabedoria.

 

Download Pergunta nº 5: Amor ao próximo

 

Locutor - “Amai-vos uns aos outros”, assim disse Jesus. Infelizmente essa mensagem não foi entendida pelo povo. Será essa uma das causas do sofrimento da humanidade?

 

J. Herculano Pires - Sim. Não há dúvida. É uma das causas do sofrimento da humanidade a falta de amor, a falta de compreensão para com o próximo, a falta, enfim, de fraternidade.

 

Jesus quando disse “amai-vos uns aos outros”, ele estava repetindo um velho ensinamento que vinha na Bíblia e que também na Bíblia antiga dos judeus, e que também já figurava em escrituras anteriores de outras religiões.

 

Mas por que Jesus fez isso? Por que ele repetiu esses ensinamentos? Porque estes são ensinamentos imortais, ensinamentos que ele mesmo havia enviado à Terra através de mensageiros que anteriormente vieram aqui preparar o campo para que ele pudesse manifestar-se e trazer-nos os seus ensinos.

 

Quando nós aprendermos a nos amar uns aos outros, como Jesus nos amou, o mundo mudará muito. Ele deixará de ser um mundo de provas e de expiações, de sofrimentos e dores, angústias e desesperos como é hoje, de crimes e absurdos de toda espécie para se tornar um mundo harmonioso em que todos viveremos em paz e compreensão. Ajudando-nos mutuamente ao invés de nos atormentarmos uns aos outros, como hoje fazemos.

 

Download Pergunta nº 6: Deus e sofrimento

 

Locutor - É Deus quem dá o sofrimento?

 

J. Herculano Pires - Não. Deus não dá o sofrimento. Deus dá a possibilidade de desenvolvimento, de evolução. Deus coloca o homem na Terra como o lavrador coloca a semente no campo, no solo. O lavrador enterra a semente porque sabe que a semente traz em si os poderes que vão fazer desenvolver-se a planta, desabrocharem-se as flores, e por fim aparecerem e amadurecerem os frutos. Toda colheita futura está encerrada ali dentro da semente. Por isso o lavrador coloca a semente no chão e espera o seu desenvolvimento.

 

Assim faz Deus com o homem. Ele coloca o espírito na carne para que o espírito, dentro das experiências carnais da existência, desenvolva suas potencialidades. E também, como a semente, dê flores e por fim dê frutos, ofereça-nos, portanto, a safra espiritual que virá no porvir.

 

Mas o homem sofre porque dispondo do livre arbítrio, da liberdade de opção, de escolha, de fazer isso ou aquilo, ou de deixar de fazer isso ou aquilo, o homem abusa das coisas. Abusa dos seus poderes. Abusa dos primeiros poderes que ele começa conquistar e assim ele acarreta sofrimento para si mesmo, porque faz sofrer os outros.

 

Download Pergunta nº 7: Sofrimento e evolução

 

Locutor - Adotando o sofrimento como meio de evolução, não é ensinar um deus masoquista e vingativo? O mundo não seria melhor se não sofrêssemos?

 

J. Herculano Pires - Nós poderíamos dizer que essa concepção sua, sim, é que é hedonista. É a busca do prazer, apenas. Da satisfação perene, constante, não querendo levar em consideração a necessidade de enfrentarmos os problemas da evolução.

 

Deus não iria nos criar para a inutilidade. Deus não iria nos criar absolutamente para que nós nos entregássemos a todos os gozos fúteis e ilusórios do planeta, da vida terrena e da carne. Deus nos criou para que nos desenvolvamos como espíritos, e espíritos conscientes, que têm responsabilidade, que têm diante de si uma tarefa a cumprir, um trabalho a realizar.

 

Se não fosse para isso, era melhor que ele não nos criasse. O sofrimento advém, como nós já vimos, não do processo evolutivo em si, mas da resistência que o homem lhe oferece.

 

Por isso Jesus mesmo declarou no Evangelho que nós não devíamos navegar contra, não devíamos nadar contra a corrente, mas aceitar a corrente que nos impulsiona para frente.

 

Foi quando ele disse, numa das passagens mais expressivas do seu Evangelho, que aquele que se apega à sua vida, perdê-la-á, mas aquele que se desapega da sua vida, por amor a ele, esse a encontrará, esse não perderá sua vida. Com essas palavras Jesus queria dizer precisamente isso: o homem hedonista que se agarrasse aos prazeres e às alegrias passageiras e ilusórias da vida terrena, apegando-se a ela, para não avançar, faria como o nadador que no meio da correnteza do rio quisesse permanecer num único lugar, não quisesse ser arredado do lugar em que se encontrava. Ele teria de sofrer o impulso das correntes que o levariam, contra a sua vontade, na direção da correnteza.

 

Assim, o homem que quer resistir no processo evolutivo sofre porque está lutando contra as próprias leis naturais, as próprias leis de Deus para querer permanecer no engano e na ilusão das suas percepções iniciais, da sua falta de compreensão, da falta de entendimento da sua inteligência, da sua falta de aquisição de conhecimentos. Mas o homem que concordar com a evolução, o homem que aceitar o processo evolutivo, este não sofre; praticamente ele aprende de encarnação em encarnação na sucessão do tempo, verificando que os sofrimentos passageiros que ele enfrentou nada são diante das conquistas gloriosas que Deus lhe proporciona.

 

Por isso mesmo o apóstolo Paulo diz em uma de suas epístolas: “Se nós pudéssemos ver quanto é desproporcional, pela sua grandeza, a glória que nos espera após a morte, daquilo que nós aqui consideramos sofrimento e angústia por que passamos, nós não consideraríamos nunca que sofremos no mundo”.

 

Download Pergunta nº 8: Bens espirituais

 

Locutor - Uma parte do “Evangelho segundo o espiritismo”, na página 269, “Olhai as aves do céu”, no trecho número 8 que diz: “a Terra produz o necessário para alimentar a todos. Cabe ao homem saber administrar segundo a lei da justiça, caridade e amor ao próximo”. Será justo dizer que os bens terrenos são provações ou expiações de cada um? Acabaria a miséria humana se os mais favorecidos pela sorte dividissem sua fortuna com os pobres?

 

J. Herculano Pires - É claro que nessa passagem Jesus está encarecendo a necessidade da fraternidade humana e também a necessidade de não nos preocuparmos demasiadamente com os problemas do enriquecimento material. Nós todos somos em geral ambiciosos, mas ele chama a nossa atenção para a necessidade de cuidarmos de uma riqueza maior que não está presa aqui à Terra e que não se prende aos bens terrenos. Esta necessidade nos leva à conquista dos bens espirituais.

 

É, portanto, desapegando-nos dessas ambições puramente materiais e olhando as aves do céu e os lírios do campo, que apesar de não fazerem os esforços sobre-humanos que o homem faz para conquistar às vezes uma pequenina porção de matéria – que ele considera a sua verdadeira felicidade, não se lembrando de que aquilo ele terá de deixar na Terra quando partir para o espaço –, as aves e os lírios do campo, que não fazem assim, vivem bem melhor e recebem de Deus todo amparo, toda assistência de que necessitam. Jesus desperta, assim, a nossa compreensão para o poder da providencia divina que deve nos livrar da ganância humana.

 

Download Pergunta nº 9: Praticidade

 

Locutor - A ouvinte Ermelinda Corcelini nos telefonou formulando as seguintes perguntas.

 

Seu filho, Erminio Corcelini, ultimamente tem sido vítima de estranhos ataques. Aconselhada por amigos, resolveu levá-lo ao centro espírita Luz Divina da Rua Horácio Lafer, Itaim Bibi, para umas aulas de educação espiritual, mesa branca. Seu filho é estudante de engenharia e dispõe de pouco tempo. Portanto, estas aulas serão assistidas nos sábados. Professor, tais aulas poderão prejudicar seu estado de saúde?

 

J. Herculano Pires - Não vejo porque as aulas dadas num sentido espiritual, com um sentido mesmo de ajudá-lo, iriam prejudicar. O que eu entendo é que o problema do seu filho não é apenas um problema de iniciação teórica na doutrina. O problema do seu filho é um problema de iniciação prática, de subjeção dele a trabalhos espíritas para que ele possa alcançar a cura que deseja.

 

É estranho o que se passa hoje no movimento espírita em São Paulo. Muitas instituições estão adotando este sistema, pensando que o simples ensinar espiritismo em aulas, em cursos, resolve os problemas mediúnicos. Não. A mediunidade não está à espera dos nossos métodos escolares. A mediunidade se desenvolve como uma faculdade humana natural. E quando o indivíduo sente as primeiras manifestações mediúnicas, ele precisa sim estudar, precisa submeter-se ao estudo, aprender o que é mediunidade e o que é o espiritismo. Mas precisa também submeter-se aos processos mediúnicos em sessões adequadas para o desenvolvimento apropriado da sua mediunidade.

 

Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, ou discando os seguintes números para fazê-las pelo telefone: 269-4377 ou 269-6130. Na primeira quarta-feira de cada mês, venha fazer pessoalmente suas perguntas no auditório da Rádio Mulher e ouvir as respostas na hora. O endereço é Rua Granja Julieta, 205, última travessa da Avenida Santo Amaro às 20h30. Você pode dialogar conosco nos programas de auditório.

 

Pergunta nº 10: Harpas Eternas

 

Locutor - Professor, o ouvinte Adolfo Muniz Furtado nos telefonou e pede-lhe considerações sobre a obra “Harpas Eternas” editada na Argentina.

 

J. Herculano Pires - Este livro “Harpas Eternas”, editado na Argentina, é considerado uma das fontes de Ramatis. Quer dizer, um dos livros de que Ramatis se serve para tirar os seus temas, as suas proposições que ele oferece em suas obras como novidade. Este livro, “Harpas Eternas”, o livro “Perdoo-te”, de Amália Domingos Soler, e outros livros que foram publicados na Espanha pelo grupo espírita da Villa de Gracia, perto de Barcelona. Todos eles são muito imaginosos. Livros que são bem escritos literariamente, do ponto de vista literário, mas onde a imaginação dos autores espirituais não tem limites. Ora, dessa falta de limitação surgem coisas como aquelas, por exemplo, de se considerar que Antúrios, possivelmente existente na Atlântida, teria sido Jesus, e que a personagem feminina do romance “Perdoo-te” era Maria Madalena, que era amante de Antúrios.

 

Ora, uma série de coisas dessa espécie aparece nesses livros. “Harpas Eternas” pertence a esse mesmo número de livros que fascinam, que encantam pela imaginação que é ali apresentada, pelos temas que são desenvolvidos assim sem a responsabilidade doutrinária necessária e que satisfazem então a curiosidade, ao sonho de muitas pessoas.

 

Esses livros podem ser muito interessantes do ponto de vista do passatempo; podem trazer algumas informações boas no sentido de procurarem desenvolver na criatura humana a esperança de uma vida melhor; mas não vão além disso. Não dão ensinamentos certos, o que fornecem são informações ilusórias, errôneas, inverificáveis.

 

O espiritismo não se serve de elementos dessa espécie. No espiritismo, as coisas têm que ser claras e positivas, baseadas principalmente na lógica, na razão, na observação e positivadas por elementos que realmente comprovem a existência daquilo que se afirma que existiu.

 

Download Pergunta nº 11: Faixa na testa

 

Locutor - Professor, pergunta o ouvinte Antônio Chagas, da Rua Itaituba, Sacomã.

 

Diariamente sinto fortíssimos arrepios. Esse fenômeno acontece com maior frequência pouco abaixo do joelho da perna esquerda. De vez em quando, como se alguém estivesse passando a mão, sinto tais arrepios inicialmente nas pontas dos cabelos e, avolumando-se, envolve todo o corpo. Quando isso acontece, sinto também como se tivesse uma faixa de pano à altura da testa, envolvendo-me a cabeça em todo seu redor.

 

A invisível faixa vai apertando, apertando, até que, sem acarretar nenhuma dor ou prejuízo, causa-me enorme aperto na cabeça, provocando incontrolável alegria, fazendo-me chorar demasiadamente dada a emoção que me faz sentir. Este fato correu a primeira vez aproximadamente às 23h40 do dia 22 de março de 1969, quando orava para meus filhos dormirem. Professor, tais fenômenos são benéficos ou maléficos?

 

J. Herculano Pires - Esses fenômenos são indícios de mediunidade. São fenômenos mediúnicos que ocorrem com o senhor, indicando, portanto, que o senhor tem mediunidade a desenvolver. O desenvolvimento da mediunidade, entretanto, depende de estudo, depende da leitura dos livros de Kardec, particularmente dos livros iniciais que introduzem a pessoa no conhecimento do espiritismo e também no conhecimento da própria mediunidade.

 

Além disso, é preciso frequentar reuniões, reuniões espíritas bem dirigidas por pessoas que realmente sejam esclarecidas, que revelem conhecimentos não só doutrinários, como conhecimentos também no sentido geral, que disponham de elementos para atenderem aos casos como o seu e que, sobretudo, revelem muita sinceridade e interesse real, fraterno de atender os doentes.

 

O senhor encontrará isso com facilidade em vários centros espíritas. Eu aconselharia o senhor a procurar alguns centros aí no seu próprio bairro ou nas proximidades, porque por aí existem vários centros que o senhor pode frequentar.

 

Tomando conhecimento de um bom centro, de uma reunião, mesmo que seja numa reunião familiar bem dirigida de pessoas que o senhor conheça, o senhor deve passar a estudar e a frequentar. Para estudar aconselho ao senhor a leitura do livro “Iniciação Espírita” de Allan Kardec. Este livro, por sinal, vou lhe oferecer em nome do nosso programa e da editora Edicel como um presente de irmão. Um presente de irmão que o senhor pode procurar no escritório da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, a partir de segunda-feira no horário comercial.

 

Download Pergunta nº 12: Férias nos centros

 

Locutor - Professor, o ouvinte Renato Moretti, da Rua Antônio Foster, Socorro, Santo Amaro, pergunta: as férias que os centros espíritas realizam não prejudicam os médiuns? Quantas vezes os médiuns devem consultar “O Livro dos Espíritos”?

 

J. Herculano Pires - Eu sempre fui contrário a férias em centros espíritas. Existem alguns centros que seguem o costume de dar férias aos seus médiuns e aos seus assistentes, naturalmente; cerram as portas para férias. Acho isso absurdo.

 

Muitos presidentes de centros alegam que são obrigados a fazer isso porque não tem quem os substitua no trabalho. Mas é evidente que se nós quisermos, em qualquer agrupamento espírita, em qualquer centro, podemos preparar pessoas que substituam os presidentes, que nos substituam, portanto, quando estamos na direção de organizações assim para que os trabalhos não fiquem encerrados e suspensos durante um longo período.

 

As férias escolares, que são preferidas como exemplo para a realização de férias no centro, quase sempre as férias nos centros seguem os períodos de férias escolares. Isto porque, durante essas férias, muitos assistentes costumam viajar e os próprios presidentes e diretores de centros também gostam de fazer isso.

 

Eu gostaria de lembrar que, na realidade, no campo espiritual não se pode fazer assim. Seria a mesma coisa que um hospital, por exemplo, resolver dar férias de repente com todos os seus doentes em cama.

 

Nós sabemos que os tratamentos de casos de obsessão, de perturbações diversas, mesmo a simples sequência de passes nos centros e de elucidações evangélicas necessárias para pessoas que estão perturbadas: todos estes elementos constituem uma terapêutica espiritual que necessita de prosseguimento, de sequência na sua realização.

 

Muitas pessoas alegam que Kardec adotava o sistema de férias na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. É preciso, entretanto, compreender que a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas não era um centro espírita. Era uma sociedade científica, um instituto de pesquisas, como Kardec sempre disse, e ali não se realizavam trabalhos da natureza que se realizam nos centros, mas sim investigações científicas. Por isso mesmo era possível que se entrassem em férias nas épocas oportunas, porque os estudos eram intensivos, as pesquisas exigiam bastante de todas as pessoas que participavam, e era justo que essas pessoas tivessem as férias necessárias.

 

Mas os numerosos centros espíritas ligados à sociedade não davam férias, porque eles se entregavam a trabalhos de assistência espiritual que não podiam ser interrompidos durante certas fases do ano.

 

Download Faça suas perguntas por carta ao Programa No Limiar do Amanhã, escrevendo para Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, ou discando os seguintes números para fazê-las pelo telefone: 269-4377 ou 269-6130. Na primeira quarta-feira de cada mês, venha fazer pessoalmente suas perguntas no auditório da Rádio Mulher e ouvir as respostas na hora – Rua Granja Julieta, 205, última travessa da Avenida Santo Amaro –, às 20h30 de toda primeira quarta-feira do mês. Você pode dialogar conosco nos programas de auditório.

 

Pergunta nº 13: Efeitos físicos

 

Locutor - Professor, o ouvinte Ivan Demétrio Santana, presidiário da penitenciária do Estado, nos escreve uma longa carta e faz perguntas.

 

Recebemos aulas sobre a doutrina ministrada pelo excelente professor Ari, uma grande alma, com profundo conhecimento do espiritismo. Professor, formulei algumas perguntas ao citado professor que respondeu-me satisfatoriamente, mas guardei essa para o senhor responder: eu e mais dois colegas de cela estávamos reunidos em uma cela na casa de detenção quando um deles recebeu um guia de umbanda. Como nunca acreditei em espíritos e nem em outra vida após túmulo, fiquei apenas olhando o ritual. O tal espírito disse-me que da próxima vez que ele viesse, provaria sua força para eu acreditasse. Passados alguns dias, o referido espírito ali estava fazendo o seu trabalhando e dando voltas ao meu redor. Qual não foi minha surpresa quando senti meu corpo como se estivesse todo atravessado por agulhas! Nunca comentei este fato para ninguém até a presente data.

 

Professor, sei que a mediunidade é um dom que Deus nos deu, mas o que senti naquele momento é esquisito, dolorido. Quero saber se foi apenas uma lição para minha incredulidade, ou uma prova para o meu desenvolvimento mediúnico.

 

Bem sei distinguir um ritual de umbanda da doutrina espírita de Allan Kardec, que é a que procuro seguir, mas necessito de explicações positivas.

 

J. Herculano Pires - Tanto na umbanda, como no espiritismo, como em qualquer outra prática religiosa que admita a comunicação de espíritos, a mediunidade existe, e a mediunidade funciona.

 

O que aconteceu com o senhor segundo essa descrição rápida que nos oferece não foi nenhum sintoma de mediunidade de sua parte. Foi, isto sim, a demonstração da existência de mediunidade de efeitos físicos no médium que recebeu o espírito e que virou em torno do senhor, como o senhor disse, enquanto o senhor sentia as agulhadas no corpo.

 

Eram efeitos físicos que eram produzidos pelos espíritos servindo-se dos fluidos do médium. Esses fluidos do médium atingiam o senhor produzindo as sensações que o espírito determinava pelo seu pensamento.

 

O pensamento pode produzir efeitos materiais. Este é um problema que hoje está comprovado pela própria pesquisa parapsicológica. Os cientistas que desenvolvem a parapsicologia no mundo já verificaram o poder do pensamento em produzir efeitos materiais.

 

Ora, estes efeitos materiais se produzem precisamente através de elementos orgânicos do corpo físico, do corpo material, portanto. O espírito que queria dar ao senhor uma prova do seu poder, ou seja, do poder dele, espírito, utilizou-se então das possibilidades de efeitos físicos, como nós chamamos no espiritismo, da mediunidade do seu colega para fazer com que sobre o senhor se produzissem essas manifestações que realmente o assombraram, o assustaram.

 

Acredito que o senhor está bem intencionado, que o senhor deseja realmente estudar o espiritismo, o que é uma felicidade, porque o espiritismo vai lhe abrir uma nova perspectiva da vida, lhe dar uma nova compreensão da vida humana. O senhor vai sentir-se naturalmente consolado diante das belezas que o espiritismo lhe mostrará no tocante aos problemas da vida, da morte, do universo inteiro. Tudo quanto nós aprendemos no espiritismo se relaciona com a verdade patente que está diante dos nossos olhos quando nós nos voltamos para as coisas do universo com o olhar compreensivo, lembrando-nos de que Deus foi o criador supremo de todas as coisas e que nós somos também filhos de Deus.

 

Faço votos para que o senhor prossiga nos seus estudos, estudando espiritismo na leitura dos livros iniciais, principalmente o livro “Iniciação Espírita” de Allan Kardec que lhe dará a possibilidade de conhecer não só o espiritismo como teoria, mas também lhe dar conhecimentos que servirão para a compreensão mais positiva, mais concreta da mediunidade. As práticas mediúnicas são explicadas com precisão nesse livro para que as pessoas tenham um conhecimento que lhes permita evitar quaisquer excessos e aceitar quaisquer mistificações que pudessem perturbá-las.

 

Faço votos que os seus estudos prossigam e que os senhores tenham muita cautela nas suas experiências assim na cela, porque na verdade é conveniente que os senhores procurem primeiro conhecer teoricamente a doutrina para depois, diante desse conhecimento, poderem ter maior segurança na sua atividade. Consulte o seu professor Ari, e eu estou certo de que ele vai concordar com aquilo que estou lhe dizendo.

 

Download Pergunta nº 14: Escolha da religião

 

Locutor - Professor, o ouvinte José Carlos Viviani Neto pergunta: durante mais ou menos sete anos frequentei vários centros espíritas de umbanda, inclusive trabalhando no corpo de médiuns. Recentemente passei a frequentar um centro kardecista e gostei da doutrina do Evangelho segundo os espíritos. Pretendo seguir as duas, mas fui informado que não poderia, pois formaria-se uma corrente contrária que poderia prejudicar-me. Jamais reneguei a umbanda, pois gosto demais dos meus guias espirituais.

 

Espero sua palavra para minha decisão.

 

J. Herculano Pires - A decisão tem de ser exclusivamente sua. É o senhor quem deve ser o árbitro desta sua questão, não eu.

 

Na verdade, o espiritismo oferece ao senhor todas as possibilidades de compreensão dos problemas espirituais com que se defronta na sua mediunidade e na mediunidade daqueles que o cercam nos trabalhos que frequenta.

 

A umbanda tem as suas práticas a que o senhor já se adaptou. O senhor disse que se sente muito bem com seus guias de umbanda. Nós entendemos que são vários os caminhos que conduzem o homem a Deus. Existem as diversas religiões da Terra. Cada uma delas serve de acordo com a condição da pessoa, a sua situação, as suas tendências. Se a pessoa se sente bem numa determinada religião, nós não temos o direito de querer tirá-la dali. Ela só deverá sair dali, daquela religião, quando a religião não mais lhe der satisfação, quando não atender mais ao seu desejo de conhecimento e de compreensão das coisas do espírito ou da própria vida humana. A pessoa só deve sair, portanto, quando ela deliberar sair.

 

No espiritismo, os espíritas que compreendem a doutrina não vivem procurando converter ninguém, arrancar ninguém do seu caminho, do caminho em que está seguindo em direção a Deus. Nós entendemos que todas as religiões são boas, desde que elas ensinem e pratiquem exclusivamente o bem. Onde existe a prática do mal, nós recomendamos que as pessoas se afastem. Sabemos que a umbanda se dedica ao bem e que, às vezes, em algumas sessões de umbanda, existe aquilo que se chama de linhas cruzadas, ou seja, aparece também a prática do mal. Se o senhor notasse isto no seu terreiro, no terreiro que o senhor frequenta – e é bom o senhor anotar de passagem que não existe centro espírita de umbanda.

 

Centro de umbanda é terreiro, terreiro de umbanda. Centro espírita é outra coisa. É bom não misturar as duas coisas, porque cada um tem a sua doutrina e o seu sistema de trabalho. Mas se o senhor notar ali, no terreiro que o senhor frequenta, a prática de atos maus, de qualquer coisa que possa prejudicar pessoas ou espíritos, o senhor se afaste imediatamente de lá. E se quiser, procure outro terreiro de umbanda onde realmente se pratique apenas o bem. Mas quanto a vir para o espiritismo, a seguir o espiritismo e o Evangelho de Jesus que o espiritismo interpreta e procura explicar com maior clareza, este é um problema que o senhor, perante a sua própria consciência, terá de decidir por si mesmo.

 

Download O Evangelho do Cristo em espírito e verdade, não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Abrindo o Evangelho ao acaso, encontramos em Atos, no capítulo quatro do versículo 32 ao 35, a seguinte passagem: a comunidade cristã. Da comunidade dos que creram, o coração era um, e a alma uma, e nenhuma deles dizia que cousa alguma das que possuía era sua própria, mas tudo entre eles era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do senhor Jesus e em todos eles havia abundante graça, pois nenhum necessitado havia entre eles. Porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um conforme a sua necessidade.

 

Jesus veio estabelecer o Reino de Deus na Terra. Sua vinda ao mundo teve essa finalidade principal. Ele procurou fazer com que o nosso planeta subisse na escala dos mundos, com o impulso do seu amor, dos seus ensinos esclarecedores, da luz espiritual que ele derramou na carne através da sua encarnação entre os homens para que a carne humana se transformasse em lucidez espiritual. Jesus se postava para que pudéssemos compreender os princípios do reino e estabelece-lo em nosso planeta. Mas Jesus sabia que era necessário um longo período de evolução, de desenvolvimento da humanidade, para que a humanidade pudesse caminhar na direção deste reino sublime que é o reino do amor, da justiça e da caridade, segundo esta lei que nós encontramos nas leis morais de “O livro dos espíritos”. A comunidade dos apóstolos foi uma tentativa de iniciar o reino de Deus na Terra segundo a visão espiritual que os apóstolos tiveram ao receber o ensino de Jesus e assimilá-lo no seu espírito.

 

Entretanto, como sabemos, nem mesmo eles estavam em condições de realizar aquilo que desejavam. A comunidade dos apóstolos pôde apenas se transformar numa comunidade de auxílio assistencial a pobres na Igreja do Caminho para onde, depois, iam sendo encaminhados todos aqueles que não encontravam amparo em lugar nenhum e iam se acolher à luz do Evangelho de Jesus sob a proteção dos seus discípulos. Mas os apóstolos tinham um trabalho maior; tinham de se dispersar pelo mundo e levar por toda Terra a palavra do mestre; tinham de semear o Evangelho nos corações humanos, para que as consciências humanas pudessem florescer e mais tarde frutificar em frutos de amor e de boa vontade para com todos.

 

O ensino do Evangelho, portanto, superava a tentativa material de estabelecimento do reino de Deus em forma de uma fraternidade humana completa, absoluta, em que todos se apoiavam uns nos outros e ninguém sofria falta alguma, porque de todo lado havia amor e carinho para com toda criatura. Era preciso estender isto para mais longe; era preciso levar para o mundo, e somente o ensino do Evangelho prepararia os corações no tempo. Mas o tempo continua a correr e os homens se recusam, na sua maioria, a compreender as lições fundamentais do Evangelho. Então retardam o advento do reino. O advento do reino de Deus que deve naturalmente transformar o nosso mundo num mundo melhor, elevá-lo na escala do mundo para que ele possa brilhar não apenas como planeta azul de que nos falam os astronautas que de longe veem o nosso planeta no céu, mas como planeta de luz irradiante, de azul brilhante que um dia se colocará entre os mundos superiores do espaço. Para isso, é necessário que o Evangelho de Jesus Cristo penetre fundo nos corações. E infelizmente ainda é necessário que reguemos nossos corações com lágrimas: a água bendita que verte da nossa dor, do nosso sofrimento, da nossa angústia, para que possa fazer germinar as sementes do reino na terra do nosso coração.

 

O sofrimento humano, portanto, decorre da nossa própria incompreensão, da nossa falta de aceitação dos princípios fundamentais do reino que Jesus trouxe para nós através do seu Evangelho. Quantos de nós realmente, amigos ouvintes, quantos de nós realmente leem, realmente procuram conhecer os princípios do Evangelho, realmente meditam sobre o Evangelho e procuram pô-lo em prática nas nossas vidas? Quantos?

 

Este programa será reprisado amanhã pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz no período da manhã, das seis às sete horas. Ao ouvir este aviso de manhã não se esqueça de que já está ouvindo a reprise. Nossos votos de paz e amor a todos os que nos ouvem, crentes ou descrentes, materialistas ou espiritualistas. Atenção, amigos, estamos na era do espírito. No Limiar do Amanhã: um convite ao futuro.

 


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