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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.

 

A data universal do mês de julho ocorre neste sábado, assinalando um dos momentos decisivos da evolução humana. Foi a 14 de julho de 1789 que se deu a queda da Bastilha. Essa fortaleza parisiense, tristemente famosa, localizada na porta de Santo Antônio, simbolizava o absolutismo, o domínio absoluto dos reis sobre os povos. Reinava na França Luiz XIV. A Bastilha foi transformada em prisão do Estado e ao mesmo tempo num caldeirão do diabo com regime de tratamento infernal para os encarcerados. Explodiu a Revolução Francesa de 1789 e o povo de Paris assaltou e destruiu a Bastilha. A importância desse episódio histórico não é apenas político, mas, sobretudo, moral e espiritual. A Revolução Francesa foi um momento de transição da vida humana na Terra, marcou o início da idade da razão para a humanidade. O poder arbitrário foi substituído pelo poder do povo e a democracia moderna, baseada nos direitos dos homens, começou a derrubar, em toda parte, a velha tirania dos reis com seus privilégios aviltantes sobre a pessoa humana. Os princípios fundamentais do cristianismo começaram a triunfar sobre os sistemas opressivos que vinham dos tempos bárbaros e das religiões mitológicas.

 

Foi graças à Revolução Francesa de 1789 que passamos ao liberalismo político, à organização do poder republicano, com direitos e deveres iguais para todos os cidadãos, à separação necessária do poder do Estado e o poder das religiões. O Estado moderno, republicano e democrático, estruturado em leis elaboradas pelo poder legislativo, aplicadas pelo executivo e garantidas, em sua pureza, pelo judiciário, foi uma conquista da evolução humana efetuada pela Revolução Francesa. Seus princípios fundamentais, liberdade, igualdade e fraternidade, encontraram no espiritismo a sua justificativa espiritual, e Kardec escreveu a respeito um dos seus mais belos trabalhos.

 

Os horrores da Revolução Francesa são ainda hoje evocados pelos que combatem os princípios democráticos. Esses horrores, porém, decorriam do embate de forças contrárias. Eram o resultado do choque do passado com o presente do qual resultaria o futuro. A Revolução Francesa de 1789, hoje estudada, mais parece uma alegoria, cheia de símbolos de libertação, do que propriamente um episódio real. Ela abriu as comportas do processo cultural, social e político dos séculos XVIII e XIX. Ela preparou o clima espiritual necessário ao advento do espiritismo que hoje prepara, entre nós, o mundo de amanhã. A primeira repercussão da Revolução Francesa no Brasil foi a Inconfidência Mineira. A segunda foi a Independência. A terceira a Proclamação da República. E a quarta o espiritismo.

 

Ao lema revolucionário francês “liberdade, igualdade e fraternidade”, o espiritismo acrescenta o seu “trabalho, solidariedade e tolerância”. É essa a tradução em linguagem espiritual daqueles princípios sociais. Porque o trabalho do criador depende da liberdade. A solidariedade entre os homens decorre da igualdade. E a tolerância é a marca indelével da igualdade. No Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho redivivo do Cristo, os ideais da França heroica de 1789 dão hoje os seus frutos de amor e paz para a construção do amanhã. Assaltemos e destruamos a Bastilha do nosso próprio egoísmo para libertar no homem novo do evangelho em todos nós.

 

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão número 122. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Esse programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Aos domingos, esse programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.

 

Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros.

 

Neste programa de hoje, nós vamos iniciar as respostas das perguntas que nos foram enviadas, sem entrar imediatamente nas respostas dadas à nossa última pergunta feita no programa final do mês de junho. Nós sabemos que havia uma pergunta no ar: a pergunta o que é agênere? Esta tem já várias respostas em nossas mãos. Essas respostas, entretanto, não serão examinadas no programa de hoje. Nós vamos deixá-las para o próximo programa. A pergunta feita no nosso último programa é a seguinte: Quais são os três elementos fundamentais do universo que constituem, por sinal,a trindade universal segundo o Livro dos Espíritos? Notem bem: Quais são os três elementos fundamentais do universo que constituem a trindade universal segundo o Livro dos Espíritos. Esta pergunta deverá valer por todo o mês de julho. Portanto, no correr de todo esse mês, os interessados poderão responder a essa pergunta. Quanto à pergunta sobre o agênere, ela já está encerrada. De agora em diante o nosso sistema vai ser este: nós faremos uma pergunta por mês. Assim, facilita para os próprios interessados em responder nossas perguntas e também para nós o controle das respostas dadas. Há, portanto, todo um mês para serem enviadas as respostas. Isso não prejudica, absolutamente, os ouvintes no tocante aos prêmios que serão distribuídos, porque não é a chegada ao Correio que coloca umas perguntas na frente de outras. O nosso critério aqui é diferente. Nós fazemos uma seleção das respostas mais acertadas e depois é que vemos qual a que vai cair em primeiro lugar nas mãos da comissão julgadora. De maneira que tudo isso é feito com um critério, visando a não prejudicar nenhum dos que respondem nossas perguntas. Passemos então às respostas de hoje. Entretanto, ainda quero avisar o seguinte: muita gente está reclamando da falta absoluta de resposta para as perguntas que foram feitas há algum tempo. Nós já explicamos isto aqui várias vezes. O nosso desejo era responder imediatamente a todas as perguntas. E isto não tem sido possível devido à falta de tempo. Nós dispomos apenas de uma hora por semana no programa. Entretanto, já lembramos aqui: as pessoas que têm respostas em atraso, que não obtiveram ainda respostas para suas perguntas, têm uma maneira fácil de obtê-las imediatamente: é comparecer aos nossos programas de auditório sempre na primeira quarta-feira do mês e formular a pergunta ao nosso microfone que obterão a resposta na hora. Pergunta nº 1: Visões

 

Locutor - Professor, uma nossa ouvinte, que pede para não divulgar o nome, nos escreve uma longa carta e pergunta:

 

Quando muito criança, fui acordada por uma voz perversa e malvada cheia de más intenções que chamava-me de Terezinha. Gritei e fui socorrida por mamãe. Agora com trinta e oito anos, estive no exterior e, por algumas vezes, fui acordada com toques de campainhas, pancadas ritmadas na porta como se fossem dedos de homem. Seis meses antes da morte de minha irmã, com dois filhos e mais duas amiguinhas das crianças, ouvi as mesmas pancadas e outros ruídos estranhos. Quando acordei, esse homem dos meus pesadelos estava sentado aos meus pés com os braços apoiados na minha rede, observando-me. Ele deveria ter 1,83m de altura, pele escura, olhos profundos e um terno branco, como tecido dos astronautas. Doíam meus olhos o brilho prateado do seu terno. Gritei como louca, senti que ele queria dizer-me alguma coisa e eu não deixei. Dois meses depois houve um acidente horrível com minha irmã, conforme citei acima. Sempre que tenho essas visões está para acontecer alguma coisa fatal, e parece que essas coisas são para avisar-me do mal que está para chegar. Há quinze dias, foi a cigarra da porta que tocava sozinha. O que devo fazer? Não tenho paz. Gostaria de conhecê-lo pessoalmente, como devo fazer?

 

J. Herculano Pires - É fácil para conhecer-me pessoalmente, é claro, mas podemos passar à resposta da sua pergunta. Eu acho que o seu problema é simplesmente um problema de mediunidade. A senhora tem mediunidade, está evidente. Os fatos todos aqui relacionados na sua carta nos conduzem a essa conclusão evidente. A senhora é médium, e como médium a senhora precisa desenvolver a sua mediunidade. E precisa por quê? Muita gente pergunta isso. Por que o médium precisa desenvolver a sua mediunidade? Porque a mediunidade é uma faculdade humana como todas as demais. Quem tem inteligência precisa desenvolver a inteligência. Quem tem uma boa audição é preciso que a desenvolva, que a aprimore. Quem tem voz apta para cantar é preciso que estude e aprimore essa voz para realmente aproveitá-la. Quem tem mediunidade, há de forçosamente submeter-se ao desenvolvimento preciso, à educação de sua mediunidade para poder utilizá-la bem. Do contrário, a utilizará de maneira imprecisa, como está acontecendo com a senhora. Surgem fatos que parecem absurdos, que parecem estranhos. Entretanto, se a senhora fosse uma médium desenvolvida, trabalhando num grupo espírita de maneira regular, a senhora encontraria explicação para todos esses fatos, uma vez que os espíritos, ao invés de se comunicarem assim de maneira sem nenhum método, sem nenhuma ordem, eles se comunicariam de maneira precisa, bem orientada, segundo a determinação dos guias espirituais que zelam pelos trabalhos mediúnicos. Assim, aconselho a senhora a não se impressionar com essas coisas, não pensar que este homem que lhe aprece traz sempre um sinal de agouro. Não. Muitas vezes é um espírito que quer auxiliá-la, que quer ajudá-la. Então neste caso, a senhora deve procurar um bom grupo espírita, um grupo familiar, ou um centro espírita onde quer que seja, em que a senhora se sinta bem na companhia das pessoas ali presentes, com as quais a senhora consiga se entender e se harmonizar espiritualmente para a senhora tratar do seu desenvolvimento mediúnico. Por outro lado, a senhora precisa ler. Ler espiritismo, conhecer o que são estes fatos. O espiritismo explica todas essas coisas. A senhora terá, por isso mesmo, de ler alguns livros que a orientem. Eu aconselho a ler inicialmente o livro Iniciação Espírita, de Allan Kardec. Não se esqueça de que é de Allan Kardec, porque existem outros livros com esse título. O livro que a senhora deve ler é o Iniciação Espírita, de Allan Kardec. E para que não haja dúvida a respeito, eu vou lhe dar pelo nosso programa um volume deste livro que a senhora pode procurar a partir de segunda-feira próxima no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111. Anote bem para a senhora não se atrapalhar: Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, a partir de segunda-feira próxima no horário comercial durante toda a semana, ou na semana seguinte, a senhora pode aparecer lá no escritório que o livro Iniciação Espírita estará lá ao seu dispor. Locutor - Professor, o senhor não respondeu a segunda pergunta da ouvinte...

 

J. Herculano Pires - Qual foi?

 

Locutor - Diz ela que gostaria de conhece-lopessoalmente e como deve fazer.

 

J. Herculano Pires - Eu disse no início que não é difícil me conhecer pessoalmente. Eu resido em São Paulo e, além disso, eu trabalho em editoras, trabalho em jornais. É fácil a ouvinte conseguir encontrar-me no momento em que puder, no momento em que desejar.

 

Locutor - E mesmo no programa de cada primeira quarta-feira do mês, no nosso programa de auditório, quando a ouvinte poderá vir pessoalmente.

 

J. Herculano Pires - Perfeitamente.

 

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Pergunta nº 2: Respeito ao catolicismo sobre o divórcio

 

Locutor - O ouvinte Antônio Tozano, Rua Antônio de Barros, Tatuapé, pergunta: Sou católico, tenho grande admiração pelo espiritismo e sou ouvinte de seu programa, mas outro dia fui convidado por um colega para assistir a um trabalho espírita cujo centro não quero citar o nome. Fiquei triste, porque durante todo o tempo que lá estive o pregador fez baixas críticas ao catolicismo e especialmente ao papa. Sendo que Chico Xavier, líder do mundo espírita, ou “papa do espiritismo”, declarou no programa Pinga Fogo que a religião católica é a mãe da nossa civilização e fez um apelo ao papa para que fosse a favor do divórcio. Qual a sua opinião a respeito dessas duas coisas?

 

J. Herculano Pires - Primeiro, o centro o que o senhor se dirigiu pode ser um centro bem intencionado, bem orientado, mas pode ter ocorrido, com referência à escolha do orador na noite em que o senhor compareceu, um engano de parte dos diretores. Eu não vou, portanto, acusar o centro que o senhor não me indica qual é e queeu também não conheço. Mas quero dizer ao senhor com franqueza que essa posição de certos espíritas contra o catolicismo decorre naturalmente da posição bastante agressiva de alguns sacerdotes católicos que não cessam de atacar o espiritismo com grande violência e, às vezes, com ironias bastante tristes para nós espíritas. Esses sacerdotes, infelizmente, não se lembram de que estamos numa era em que o princípio do ecumenismo deve prevalecer entre as religiões. No tempo em que a posição do espiritismo, que foi uma posição tomada pela doutrina desde o início, de considerar que todas as religiões são boas e que todos os religiosos devem entender-se, esse princípio eles não compreendem ainda. Diante disto há também espíritas que, semelhantes a estes padres, não compreendendo esse mesmo processo, voltam-se contra algumas religiões, e principalmente contra a religião católica em virtude de ser a que mais tem agredido com violência e impiedade o espiritismo e os espíritas. Ora, eu sustento aqui, como sempre sustentei, a tese espírita de que todas religiões são boas, desde que os seus adeptos a sigam com sinceridade. Um católico sincero está no seu verdadeiro caminho, deve seguir a sua religião. Um protestante de qualquer denominação que, sinceramente se dedica à sua religião, está certo. Um budista, um mulçumano, qualquer um de qualquer religião da Terra, mesmo que não seja uma religião cristã, desde que sinceramente se entrega ao seu credo, está certo e deve continuar, porque todos os caminhos conduzem a Deus. É evidente que só não conduz a Deus o caminho que leva ao mal, o caminho que ensina coisas más. Mas qual é a religião que vai ensinar aos seus adeptos coisas más? As religiões, em seus princípios fundamentais, são todas iguais. Todas elas procuram educar a criatura humana para a vida espiritual. É este o sentido, é esta a finalidade de todas as religiões. Nós, espíritas, muitos de nós viemos do catolicismo, nascemos em famílias católicas, e a tese espírita é a seguinte: O espiritismo é o desenvolvimento natural, histórico e, portanto, necessário do cristianismo. O espiritismo é o momento em que o cristianismo se traduz em espírito e verdade. Mas para se chegar ao espiritismo, foi necessário que atravessássemos várias fases religiosas em outras religiões, preparando-nos para a compreensão espiritual da vida. Assim, nós vemos, do ponto de vista espírita, uma constante ligação entre todas as religiões na Terra, porque todas elas têm a mesma função. como já dissemos. E não vemos motivo para que se faça agressão a essa ou àquela religião. Costumo mesmo dizer que uma religião que ataca outras religiões está se negando a si mesma, porque a palavra religião quer dizer união, religar, restabelecer a ligação dos homens entre si e dos homens com Deus, e isso só se pode fazer pelo amor, pela fraternidade. Assim, o espírita que faz aquilo que o senhor diz que o orador do centro a que foi fez, este espírita está errado. Da mesma forma que os padres ou os católicos, e particularmente os padres pregadores, os padres que escrevem em jornais, os padres que falam em televisão e rádio atacando o espiritismo, procurando desmoralizar o espiritismo, negando até mesmo ao espiritismo a qualidade de religião, todos eles estão errados. Mas deixemo-los com seus erros e procuremos nós acertar o nosso passo com a verdade. Procuremos encontrar na religião, seja ela qual for professemos, procuremos encontrar nela o caminho certo para a nossa espiritualização, para a nossa compreensão espiritual do homem. Que assim fazendo, nós estaremos seguindo aquele que acima de todas as religiões indicou a todos nós o caminho real da compreensão de Deus, quando ele nos ensinou que Deus é o Pai. Mas não era o pai apenas dos judeus, nem dos cristãos, nem dos católicos, nem dos espíritas, mas sim o Pai de todas as criaturas, de todos os homens. Ele, Jesus de Nazaré, nos ensinou que Deus, sendo o Pai de nós todos, nós todos somos irmãos. Assim, pouco importa a maneira por que nós reverenciamos o Pai nesta ou naquela seita, nesta ou naquela religião. O que vale é a nossa intenção, é a nossa sinceridade no culto ou nas nossas práticas religiosas de qualquer espécie. É isto que tem valor. Compreendendo isso, nós nos colocaremos acima de todas as dissensões inúteis que só servem para desligar os homens ao invés de religá-los.

 

No tocante à minha opinião sobre o problema da religião católica ter sido a criadora, a mãe, por assim dizer, da nossa civilização, segundo teria dito Chico Xavier no Pinga Fogo, eu tenho a responder ao senhor o seguinte: a religião que fundou a civilização ocidental em que nós nos encontramos não foi propriamente a religião católica, foi o cristianismo, o cristianismo na sua origem, o cristianismo que destruiu o mundo antigo e fez nascer na Terra um novo mundo. A religião católica foi também criada como consequência desse impacto do mundo cristão no mundo pagão, fazendo com que um novo mundo surgisse na Terra. Mas Chico quando disse isto, ele se referiu naturalmente à nossa civilização aqui no Brasil, onde a religião católica foi realmente a mãe da nossa civilização, porque foi através da catequese jesuítica, particularmente da catequese jesuítica. E a seguir dos demais trabalhadores das várias ordens religiosas do catolicismo em todo país, que se conseguiu realmente estruturar uma civilização brasileira baseada no cristianismo. Nós reconhecemos, naturalmente, este papel, essa função importante da religião católica em nossa Terra e reverenciamos todos aqueles grandes pioneiros que trabalharam para que a civilização brasileira se alicerçasse no evangelho. Entretanto, isso não quer dizer que nós, espíritas, tenhamos renegado o passado, tenhamos colocado a religião católica como representante de uma fase do desenvolvimento do cristianismo em condição inferior. Ao adotar o espiritismo, nós nada mais fizemos do que seguir aquele ensino do próprio Cristo que está no evangelho: aceitar a revelação do Espírito da Verdade que veio completar o ensino do Cristo e desenvolvê-lo. É por isso que somos espíritas. De acordo com o que o senhor pode encontrar particularmente no evangelho de São João nos capítulos 16 e 18, o senhor verá que a promessa do Consolador, do Espírito da Verdade, do Paracleto, é a promessa que se cumpre atualmente com o advento e o desenvolvimento do espiritismo na Terra. É por isso que somos espíritas, e espíritas que sabem não somente amar o cristianismo, como reverenciar o seu passado na esperança de um futuro melhor para todos nós.

 

Quanto ao problema do divórcio, o senhor encontrará num livro que se chama O Evangelho Segundo o Espiritismo um esclarecimento completo de Allan Kardec a respeito da posição espírita. Muita gente pensa que O Evangelho Segundo o Espiritismo é, como dizem particularmente alguns pastores protestantes e alguns padres, um novo evangelho feito pelos espíritas. Não. Não é verdade. O Evangelho Segundo o Espiritismo é simplesmente uma colocação dos problemas fundamentais do evangelho para que sejam comentados. E foram comentados por Kardec e pelos espíritos do Senhor que lhe deram a codificação espírita. Então, através de mensagens espirituais e através de textos do próprio Kardec, os trechos do evangelho de Jesus ali colocados são comentados e explicados à luz da nova revelação que é a revelação espírita. E neste livro Kardec então diz o seguinte, com muita justeza, segundo penso, diz o seguinte: que o divórcio existe no mundo em virtude das imperfeições humanas e que o divórcio não é absolutamente uma medida com finalidade de separar casais. Mas, pelo contrário, é um remédio social. A separação de casais existia antes do divórcio. O divórcio vem com a finalidade de remediar o mal causado pelas separações. E qual é esse mal? Os casais quando se separam, geralmente vão formar dois outros casais, e esses outros dois casais são ilegítimos. Então os filhos que nascem desses casais são também são ilegítimos. No Brasil hoje, o problema do divórcio, transferido para o plano simplesmente do desquite, está se tornando um flagelo social. Se nós analisarmos em profundidade o que está havendo no Brasil, nós veremos que a falta do divórcio está ameaçando a sociedade brasileira por uma verdadeira destruição. Por quê? Porque o número de casais divorciados que constitui novos casais ilegítimos é enorme, e o número de filhos ilegítimos também é bastante grande, vai aumentando cada vez mais. Se é essa a maneira de se conservar a moralidade da família, de se conservar a moralidade social, essa maneira está errada, ela não condiz com as maneiras da sociedade. Por isso, o espiritismo é a favor do divórcio. Não o divórcio concedido de qualquer maneira, simplesmente porque um casal se propõe a divorciar, mas do divórcio concedido para remediar uma situação social que já não pode mais ser restabelecida. Casais que realmente se separaram, que estão separados de fato, que nada mais podem unir, eles devem ter o direito de se divorciar para que possam constituir novos lares legítimos e não lares ilegítimos, como acontece atualmente e como continuará a acontecer enquanto não vier para nós a lei do divórcio.

 

 

Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana você pode usar os telefones 269-4377 ou 269-6130 para fazer suas perguntas, sempre no horário comercial. E na primeira quarta-feira do mês, venha ao nosso auditório fazer suas perguntas diretamente ao microfone e ouvir as respostas na hora:Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, a partir das 20h30. Entrada franca e livre debate.

 

Perguntas e respostas. Continuamos a responder aos nossos ouvintes. Pergunta nº 3: Os filhos no divórcio Locutor - Professor, temos um telefonema de uma nossa ouvinte que quer saber a opinião do senhor sobre a situação das crianças filhas de divorciados ou desquitados. J. Herculano Pires - Sim. Esse telefonema veio, naturalmente, em seguida à resposta que eu dei à pergunta sobre divórcio. Acontece que este problema das crianças é realmente o grande problema do divórcio. Mas não do divórcio propriamente dito. É o problema da separação. O divórcio tem de resolver este problema, mas o problema não é criado pelo divórcio. Se nós aceitarmos que o divórcio é um instrumento legal de separar os casais, o divórcio é um mal. Mas não é assim. É como explica Kardec: o mal é a separação, e a separação existe independentemente do divórcio. Quando um casal se separa por motivos sejam lá quais forem, essa separação é feita independentemente da lei. Só depois de separado esse casal e de uma vivência relativamente grande dos dois separados, é que se recorre ao desquite, ou se houvesse, ao divórcio. Então vemos que o mal é a separação, separação que sempre houve desde todos os tempos. E a separação produz o mal consequente que é colocar as crianças numa situação difícil diante da família, porque os filhos de divorciados fiquem eles com o pai, com a mãe, ou com os avósde um lado ou de outro, eles sofrem sempre as consequências dessa separação, dessa destruição do lar. Qual o remédio que o divórcio pode dar para isso? Regularizar a situação dos novos lares que possam ser criados pela mãe ou pelo pai separados. Regularizando essa situação, o divórcio oferece uma possibilidade à mãe, por exemplo, de substituir perante as crianças o pai que se afastou, e ao mesmo tempo o divórcio oferece a possibilidade de também se salvarem da situação incômoda em que ficam os filhos ilegítimos, as crianças que nascerem do novo casal. Quanto ao mal causado pela separação, o divórcio pode reparar por completo. Não há nenhuma lei social que possa reparar por completo o mal causado às crianças por uma separação de casal. Mas já que isso não pode ser reparado por completo, é bom que ao menos, através do divórcio, se previna as novas situações infelizes por que vão passar os filhos dos divorciados, e que se cuide, naturalmente, de estabelecer rigores na lei para que a separação não venha trazer às crianças deixadas pelos divorciados situações ainda mais precárias no futuro. Tudo isso depende dos legisladores. Eu queria lembrar, por exemplo, uma coisa que não se leva muito em conta neste problema do divórcio. Fala-se muito que nos Estados Unidos o divórcio é fácil de ser feito. Não é bem verdade. Nos Estados Unidos, como nós sabemos, cada estado tem a sua própria lei do divórcio, porque a autonomia estadual é ali uma verdade. Então cada estado legislou a respeito do divórcio à sua maneira. Há dois pequenos estados nos Estados Unidos, o Novo México e um outro cujo nome não me lembro agora em que o divórcio se tornou uma espécie de indústria, porque são pequeninos estados sem grandes recursos e que se servem da lei do divórcio para atrair recursos para o estado. Esses dois pequenos estados é que produzem a fama do divórcio feito com muita facilidade nos Estados Unidos. Mas em outros estados como, por exemplo, no estado de Nova Iorque, a lei do divórcio é muito rigorosa. Entretanto, o rigor excessivo dessa lei também causou prejuízos que ainda hoje perturbam os legisladores norte-americanos. A lei baseada nos princípios do evangelho que o estado de Nova Iorque adotou só permite a separação do casal, o reconhecimento legal desta separação através do divórcio quando se trata de adultério. Por quê? Porque Jesus, ele mesmo no evangelho, concordou com o divórcio, ele concordou com a separação, desde que haja adultério do casal. Ora, tendo concordado com isso, os legisladores protestantes do estado de Nova Iorque enfronhados na citação evangélica do divórcio, resolveram estabelecer que só um motivo haveria para a separação de casais: o adultério. E com isso surgiu então no estado de Nova Iorque uma indústria curiosa, a indústria da simulação do adultério. Um casal quer se separar, não encontra um motivo legal para pedir o divórcio. Ele se separa apesar disto, porque tendo ou não tendo o divórcio, o casal se separa. Uma vez separado o casal, então inventam, simulam, fingem um adultério que na verdade não existiu. Para isso existem indivíduos que se servem, recebendo dinheiro para fingir um adultério com uma mulher, ou mulheres também que se servem do dinheiro para fingir um adultério com o marido. A maneira de se fingir o adultério já se estabeleceu como uma espécie de indústria que graça no estado de Nova Iorque para facilitar o divórcio. Assim, nós vemos que o homem sempre encontra uma maneira qualquer de fraudar a lei, sempre descobre uma maneira. Mas não é por isso que a lei não deva existir. A lei é necessária, porque a lei tem por finalidade regularizar e normalizar a situação social. Quanto às crianças, é à lei também que compete estabelecer as medidas necessárias para defesa tanto dos filhos dos divorciados, quanto dos filhos dos casais que resultam do divórcio.

 

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Locutor - Professor, temos aqui um apelo do Centro de Relações Humanas Nosso Lar. Centro de Relações Humanas Nosso Lar Ltda., organização dedicada à recuperação social e psicológica de toxicômanos, deseja entrar em contato com psicólogos espíritas idealistas que desejarem, em futuro bem próximo, trabalhar no Centro de Recuperação que essa entidade está construindo. Trabalho remunerado. Marcar entrevistas pelo fone 612034,repetindo 612034, à noite com o senhor Batista. J. Herculano Pires - Está aí um apelo que é dirigido, portanto, a médicos e psicólogos espíritas que queiram trabalhar nesse Centro de Recuperação. Segundo temos informado, é um novo hospital espírita que vai surgir em São Paulo. Ainda neste programa nós estamos anunciando o vigésimo aniversário do sanatório João Evangelista que transcorre amanhã, domingo. Este sanatório, nós o consideramos como realmente o é, o primeiro e o único até agora, o único hospital espírita existente na capital do Estado. Nós temos em todo nosso Estado muitos outros sanatórios espíritas, hospitais espíritas, mas o sanatório João Evangelista é o único da capital. Com o aparecimento desse novo hospital que vai se instalar, nós teremos dois hospitais espíritas em São Paulo. É interessante que os médicos e psicólogos espíritas se interessem por este assunto, quando se diz nesse anúncio, ou nesse pedido que nos fazem, que o trabalho é remunerado, está naturalmente implícito que este Centro não está procurando um trabalho gratuito, não está procurando apenas colaboração, ele quer remunerar os profissionais, porque tanto os profissionais da medicina quanto da psicologia não podem ir trabalhar gratuitamente num estabelecimento que deve ter funcionamento regular. É preciso que sejam remunerados, como são os médicos e psicólogos em todos os hospitais espíritas ou não espíritas do Estado de São Paulo, do Brasil e do mundo. Estamos certos de que os nossos ouvintes irão se esforçar por ajudar os fundadores deste centro a encontrarem os elementos necessários para ao bom funcionamento do hospital que estão construindo.

 

Pergunta nº 4: Necessidade do nascimento

 

Locutor - Professor, a ouvinte Maria Aparecida, do Cambuci, pergunta: Toda minha vida, passei por problemas e aborrecimentos, mas sempre aguentei tudo em silêncio. Cheguei a perguntar por que nasci. Uma noite, não estava dormindo, ouvi uma voz feminina dizer ao meu ouvido: Minha filha, você não queria nascer, mas precisava. Posso dizer que não foi uma só vez que ouvi essa voz. Quero saber o sentido da mensagem.

 

J. Herculano Pires - Todos nós nascemos por necessidade. Nada acontece na natureza que não seja realmente necessário. Nós sabemos que a natureza inteira, todo universo é estruturado por leis. A estruturação de leis do universo decorre naturalmente de uma finalidade. O universo tem um objetivo, uma finalidade, não existe por acaso. Assim, nós nascemos e morremos porque tanto o nosso nascimento quanto a nossa morte são necessários. Dessa maneira devemos entender que nascemos para um fim que está determinado no nosso destino. Cada criança que nasce é um destino que começa na Terra. Agora, há duas formas de encarnação, segundo o espiritismo, duas formas pelas quais o espírito nasce, vem à Terra. Não quer dizer que o espírito nasce como espírito; nasce como criatura humana, como criança. A primeira forma é do nascimento compulsório. Compulsório quer dizer obrigatório, sem depender da vontade do espírito. O espírito que no plano espiritual da vida está necessitando nascer na vida terrena para maior desenvolvimento das suas potencialidades, para seu aprimoramento. Muitas vezes não tem consciência dessa necessidade, então os espíritos superiores, que dirigem o problema da reencarnação, tratam de produzir essa encarnação e fazem com que aquele espírito mesmo sem o querer, ou sem o saber, venha para a Terra e nasça, adquirindo um corpo do qual ele necessita como um instrumento para aperfeiçoamento da sua vida social que ele vai viver aqui na Terra. A segunda forma é da reencarnação voluntária. Essa reencarnação voluntária é quando o espírito, pela sua evolução, já desenvolveu suficientemente a sua razão, a sua inteligência, a sua compreensão para enfrentar os problemas da sua própria evolução. Então, ele, na vida espiritual, balanceando por ele mesmo, dando um balanço na sua existência anterior, vê quais foram os pontos fracos na sua vida terrena, quais foram os seus erros principais, quais as suas obrigações assumidas com muitas pessoas que ficaram vivas na Terra, quais os seus compromissos com outras que reencarnaram depois da sua morte, e diante disso o espírito pede uma reencarnação. Então, essa é a reencarnação consciente, voluntária que o espírito pediu e que lhe é concedida, de acordo com os seus méritos e suas necessidades. Eu não posso dizer, naturalmente, se a senhora participou desta ou daquela forma de reencarnação, mas o espírito que lhe falou com voz feminina, chamando-a de filha, pode ter sido sua mãe numa encarnação anterior. É bom que a senhora procure estudar estas coisas. Uma pessoa que tem as possibilidades mediúnicas que estes fenômenos lhe revelam – que a senhora possui, portanto, estas possibilidades –, uma pessoa assim precisa conhecer espiritismo, precisa saber o que é mediunidade, o que é reencarnação, e conhecer essas coisas todas. A senhora vai me dar licença de lhe dar um pequenino livro, um livro que a senhora deve procurar no escritório central da Rádio Mulher a partir de segunda-feira próxima. É o Principiante Espírita, de Allan Kardec, da editora LAKE, Livraria Allan Kardec Editora. A senhora retirará a partir de segunda-feira sempre dentro do horário comercial em qualquer dia da semana, no escritório central da Rádio Mulher este livro que lá estará em seu nome. O endereço é Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111. Retire este livro, leia-o com atenção e depois prossiga nos seus estudos espíritas.

 

Locutor - Professor, o ouvinte Amador Sampaio, Vila América, pergunta: Qual a importância que o espiritismo dá para o ensino de Emerson Compensation?

 

J. Herculano Pires - É evidente que a sua pergunta está muito vaga. Eu gostaria que o senhor voltasse numa carta mais explícita, dizendo o que o senhor quer saber a respeito de Emerson e desse problema de compensação. O senhor,respondendo isso com clareza, eu poderei lhe dar a resposta.

 

Download Pergunta nº 5: Fluidos Locutor - A ouvinte Vera Regina Nisticópergunta: Como é o nome do fluido que o médium é possuidor? Seria fluido animalizado? J. Herculano Pires- O médium, assim como todo espírito e como toda pessoa humana, ele possui naturalmente no seu organismo perispirítico, ou seja, no seu corpo espiritual, o fluido universal. Este fluido universal, entretanto, se manifesta no médium como um fluido especializado que serve para o desenvolvimento da mediunidade, para o desenvolvimento das relações mediúnicas. O que nós chamamos fluido animalizado é o fluido magnético, não é o fluido espiritual. O fluido animalizado ou fluido animal é o do magnetismo animal. O magnetismo animal decorre naturalmente do fluido vital e não do fluido universal. O fluido universal é uma diferenciação do fluido universal, mas ele existe na matéria, no próprio organismo material como elemento essencial de vida para este organismo. Então, este é que se chama de fluido animal correspondente ao magnetismo animal. Mas o fluido mediúnico, aquele que serve para a comunicação dos espíritos, para a ligação do espírito comunicante com o médium e a produção dos fenômenos espirituais, este não é animalizado. É o fluido universal transformado no fluido perispirítico.

 

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Pergunta nº 6: Alguns livros

 

Locutor - Professor, o ouvinte José Maria F. Bessa, da Rua Ana Néri, pergunta: Sou um humilde estudioso da doutrina espírita tanto que possuo alguns livros de orientação doutrinária e entre eles, dois que causam-me dúvidas. São, primeiro A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, de tradução do doutor Ovídio Ribaldi. Segundo,Da Bíblia aos Nossos Dias, do senhor Mário Cavalcanti de Melo. Embora seja este livro preparado por um grande espírita: Deolindo Amorim, eu ainda tenho as minhas dúvidas com respeito ao conteúdo do mesmo. Portanto, gostaria de sua opinião a respeito dos referidos livros.

 

J. Herculano Pires - O primeiro destes livros, A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, é uma mistificação. É fácil de se verificar isso, mesmo porque Jesus, sendo um espírito elevado, como ele é, um espírito de uma superioridade que nós não podemos nem sequer imaginar com relação à nossa situação no planeta, Jesus não viria aqui para ditar um livro sobre a sua vida. Depois, porque este livro, pela sua própria forma, pelo seu próprio texto, revela logo de início que ele não pode provir de Jesus. Ele, de certa maneira, é até uma negação da grandeza de Jesus. Este livro é mistificação. Quanto Da Bíblia e os Nossos Dias, do senhor Mário Cavalcanti de Melo, é um livro bastante interessante pela posição do autor, mas essa posição é bastante sectária. Não é sectária do ponto de vista religioso, mas sim da posição que ele toma contra a Bíblia. O senhor Mário Cavalcanti de Melo, que eu conheço pessoalmente, respeito e admiro pela sua inteligência, ele, entretanto, sofre daquilo que nós podíamos chamar de uma verdadeira alergia à Bíblia. Ele não interpreta a Bíblia, como eu lhe disse pessoalmente, como escrevi mesmo a respeito dele, ele não interpreta a Bíblia levando em consideração a perspectiva histórica. Ele pensa que está tratando de um livro escrito em nossos dias. Ao menos é a impressão que nos dá. A maioria das críticas formuladas por ele contra a Bíblia são críticas decorrentes dessa falta de compreensão. Nós, quando tratamos da Bíblia,devemos nos lembrar de que é um livro que tem mais de quatro mil anos. Portanto, um livro que deve ser colocado no seu tempo para nós entendermos esse livro. E além disso, um livro que, na verdade, não é um livro, é toda uma biblioteca, uma biblioteca do mundo judaico. Nós precisamos então estudar, analisar com muito critério a própria estruturação desse livro para depois podermos compreender o seu sentido, o significado do seu conjunto. Os dois livros, portanto, o senhor tem razão de considerar suspeitos, porque realmente os são. Download Nosso diálogo radiofônico é realizado com liberdade, igualdade, e fraternidade. Todos podem perguntar o que quiserem dentro do assunto que são os problemas espirituais. Todos somos iguais perante esses problemas, pois as respostas não são dadas por nenhum sacerdote ou doutor infalível. Podem ser discutidas. Todos somos irmãos, pois não fazemos distinção entre espiritualistas e materialistas, crentes e descrentes. Trabalhamos solidários e com a mais ampla tolerância,buscando sempre o esclarecimento fraterno aos problemas. E se você, amigo ouvinte, que está nos ouvindo com desconfiança porque se julga senhor da verdade e ainda não participou de um diálogo livre, você, se quiser experimentar, não perca tempo. Pergunte, conteste a nossa resposta, procure mostrar a sua verdade, e se você provar que está com a razão, ficaremos imediatamente com você. Nada nos impede de aceitar a verdade, venha de onde vier, desde que provada.

 

O evangelho do Cristo em espírito e verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica.

 

Abrindo o evangelho ao acaso, encontramos no evangelho de Jo, 4:43-45 a seguinte passagem:

 

Depois destes dois dias, partiu dali para a Galileia, pois Jesus mesmo testificou que um profeta não recebe honra em sua terra. Assim, quando chegou a Galileia, os galileus os receberam bem, porque tinham visto tudo que ele fizera em Jerusalém na ocasião da festa, pois eles também foram à festa.

 

Ao analisar este pequeno trecho do evangelho de João, devemos lembrar que antes dele, Jesus foi convidado pelos samaritanos para ir até a terra de Samaria e viver com eles durante algum tempo. E Jesus lá permaneceu. Enquanto esteve lá, Jesus, que já havia convertido alguns samaritanos, quer dizer, que já os havia levado para a compreensão das verdades do seu evangelho que ele ensinava, enquanto esteve lá entre eles, Jesus continuou ensinando e ao mesmo tempo praticando, realizando curas, e graças ao seu trabalho de evangelização e de curas, ele converteu muitos samaritanos. Jesus, em Jerusalém, já havia feito isto. E justamente por isso, os galileus ali presentes, voltando à Galileia, terra de Jesus, anunciaram ali o que Jesus havia feito em Jerusalém e como havia procedido com os samaritanos, que eram considerados os hereges judeus da época. Justamente por isso é que aqui no trecho fala que Jesus já havia advertido que um profeta não é profeta na sua terra, não recebe honras na sua terra, não é reconhecido como profeta. Jesus dissera isso naturalmente com a intenção de advertir os galileus, porque ele voltaria para lá. E a mostra que ele dera junto aos samaritanos era suficiente para modificar a posição dos galileus a seu respeito. Por isso, quando Jesus voltou, então, à Galiléia, ali, aqueles que haviam visto tudo que ele fizera em Jerusalém na ocasião da festa, também trataram de homenageá-lo, de render-lhe a sua reverência, de aceitarem a sua grandeza espiritual. Isto facilitou a Jesus a divulgação de seus princípios na Galiléia. Esse pequeno trecho do evangelho de João nos dá uma grande lição sobre a natureza do homem, sobre a condição humana. Quando nós convivemos com pessoas que podem nos levar para caminhos certos dentro da nossa própria casa, ou dentro da nossa própria cidade, nós geralmente as desprezamos, porque as conhecemos demais e porque estamos acostumados a não considerar dignos de nos trazerem a verdade aqueles que convivem conosco. Entretanto, se uma dessas pessoas sai da sua terra, da sua cidade, e vai lá fora conquistar louros, ao voltar para a cidade natal, ela é recebida de maneira diferente. Por quê? Porque foi reconhecida lá fora. Isto mostra a falibilidade da condição humana, a maneira por que nós pensamos e nós julgamos os outros sem levar em consideração os méritos reais de cada um, mas procurando ver sempre através das aparências, ou através dos títulos, dos direitos conquistados, daquilo que artificialmente pode elevá-las aos nossos olhos. Por isso nosso julgamento é sempre precário. Muitos galileus recusaram Jesus porque era Galileu, e os judeus, como sabemos, recusaram Jesus porque era um judeu de condição humilde, porque não se elevara às condições superiores da hierarquia sacerdotal do judaísmo. A formalidade exterior é a medida precária de que nos servimos, e Jesus nos chama atenção para a necessidade de vermos o valor real de cada criatura em si mesma, pelo que ela traz de mensagem e não pelo que ela aparenta.

 

Mande suas perguntas por carta ao programa No Limiar ao Amanhã, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana, você pode usar os telefones 269-4377 ou 269-6130 para fazer suas perguntas sempre no horário comercial. E na primeira quarta-feira do mês, venha ao nosso auditório fazer suas perguntas diretamente ao microfone e ouvir as respostas na hora. Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, a partir das 20h30. Entrada franca e livre debate.

 

Não limiar do amanhã: a verdade nos libertará.

 


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