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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço. Amigos ouvintes, esse é o nosso programa da semana da pátria. Prestamos com ele a nossa homenagem ao Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho redivivo. Mas devemos ir além da simples homenagem. Para isso, passamos o microfone ao professor Herculano Pires.

 

O destino espiritual do Brasil, ouvintes amigos, é um tema constante do nosso programa. Lembram-no, após as comemorações de sete de setembro: é um dever e este dever nós cumprimos como também uma verdadeira necessidade do ponto de vista moral e espiritual. Integrados nas vibrações da semana da pátria, não queremos ficar apenas no cumprimento das palavras, na expressão que elas comportam. Temos de ir mais a fundo, buscando a significação do que dizemos. O espírita não é e nem pode ser um jacobino, um patrioteiro leviano, um xenófobo que ignora as dimensões da fraternidade humana. Nosso amor pela pátria não é exclusivista, porque sabemos que a humanidade é uma só, e devemos amar e respeitar todas as pátrias, a todas as nações e a todos os povos do mundo. Sabemos ainda um pouco mais, sabemos que a humanidade é cósmica, espalha-se por todos os mundos habitados no infinito e povoa o cosmos com suas multidões invisíveis. Não há fronteiras para o amor dos homens, nem mesmo a fronteira do túmulo, porque o homem atravessa os limites aparentes da morte graças à ressurreição espiritual e volta do além para o aquém, ressuscitando na carne graças à reencarnação. Ontem fomos asiáticos, europeus, africanos; hoje somos brasileiros. Mas em cada encarnação pertencemos a uma pátria, integramos uma nação, vivemos numa cultura, sofremos e nos alegramos com as dores e as experiências de um determinado povo. E em cada encarnação, aprendemos amar e servir a pátria que Deus nos concedeu. Nosso universalismo não exclui o amor da pátria como não exclui o amor da família. Pelo contrário, nosso universalismo dá maior conteúdo e mais amplas dimensões ao nosso patriotismo. Kardec e León Denis foram cidadãos do mundo, mas tinham sua pátria, a França, que amaram e serviram durante toda a vida. A pátria é o chão e o povo em que temos as nossas raízes. Nela, haurimos a seivae nos projetamos no mundo a serviço do homem, atendendo as leis e aos desígnios de Deus. O Brasil é a nossa pátria. Nossas raízes existenciais mergulham no seu solo e nossas ramagens se estendem na sua atmosfera. As grandes datas nacionais nos empolgam e a sua bandeira auriverde nos acena com esperança dourada de um futuro de paz e de amor. A data da independência política é o marco da emancipação nacional. Sem essa emancipação, não teria necessidade para construir o nosso futuro nem responsabilidade para determinar as suas coordenadas. O espiritismo é a doutrina da liberdade e da responsabilidade. Ensina-nos que sem uma não pode haver a outra. E as mensagens espirituais nos revelam que os que veneraram antes de nós a nossa pátria, servindo-a com amor e entusiasmo, tornaram-se, no além, os seus Numes Tutelares. O destino de Israel era universal, cabia-lhe iniciar no mundo uma nova era e Jesus serviu a este destino como judeu, integrado no seu povo, mas transformando-se na alavanca de Arquimedes que arrancaria o mundo da impiedade para colocá-lo na órbita do cristianismo. O destino do Brasil, pátria do evangelho redivivo, é também universal. Temos que servi-lo como brasileiros integrados em nosso povo, mas ajudando-o a transformar-se na nova alavanca que moverá o mundo nos rumos da civilização do espírito. O Brasil, país do futuro, segundo a expressão de Stefan Zweig, já se faz presente de maneira vigorosa neste limiar do amanhã que estamos vivendo no mundo. Ajudemo-lo a crescer pelo trabalho e pelo estudo a fim de que ele possa assumir, o mais breve possível, a liderança espiritual da Terra. Essa é a sua missão, o que vale dizer: é a nossa missão.

 

No Limiar do Amanhã um programa desafio. Produção do grupo espírita Emanuel. Transmissão número 129. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

No Limiar do Amanhã é um desafio da era do espírito. Coloca os problemas fundamentais da vida e da morte em termos racionais e científicos, desafiando o obscurantismo e o fanatismo. O problema religioso é colocado neste programa na pauta do amor, da fraternidade e da compreensão do próximo. Não queremos impor nossos princípios a ninguém. Queremos apenas mostrar que eles são respeitáveis como os de todas correntes de pensamento religioso. Com a verdade espantamos as trevas da mentira, desfazemos as calúnias lançadas contra nossa doutrina, desmascaramos os lobos que se vestem de ovelhas para desviar os homens dos caminhos da evolução. Não tenha medo de ouvir esse programa. Respeitamos a sua religião, respeitamos todas as religiões. Deus não condena ninguém por buscar a verdade.

 

Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros.

 

Pergunta nº 1: Mesa branca versus terreiro

 

Locutor - Professor, o ouvinte José P. Lourenço, Vila Mariana,pergunta: é possível de um médium de umbanda receber guias de mesa branca?

 

J. Herculano Pires - É claro que não existe essa distinção do ponto de vista espiritual. Nós falamos aqui que existem as sessões de terreiros e as sessões de mesa branca. Entretanto, essa divisão é nossa, somos nós que fazemos. Os espíritos se manifestam através da mediunidade onde quer que haja um médium. Havendo um médium ele pode receber o espírito, seja no terreiro de umbanda, seja na mesa branca, como costumam dizer, que é uma expressão puramente popular e não doutrinária do espiritismo, seja mesmo numa reunião em casa de família, num recanto qualquer, em qualquer parte do mundo e no meio até mesmo de materialistas,de descrentes o espírito pode se comunicar. O guia espiritual, principalmente, que é um espírito superior, um espírito elevado, ele pode se comunicar com muita facilidade desde que haja necessidade da sua comunicação. A distinção que se faz, portanto, entre as manifestações de terreiros e as manifestações espíritas propriamente ditas só podem ser colocadas no ponto de vista do controle dessas manifestações, porque o fato mediúnico é o mesmo. Tanto faz dentro de uma igreja, seja de uma igreja católica, de uma igreja protestante, de uma igreja mulçumana, de uma mesquita ou de uma sinagoga israelita, em qualquer parte onde haja uma comunicação de um espírito, o fato mediúnico é o mesmo que se dá no espiritismo ou em qualquer outro lugar, qualquer outra corrente religiosa. Entretanto, é preciso compreender que no espiritismo a mediunidade é estudada, foi analisada, foi pesquisada, foi submetida a experiências numerosas, e hoje existe então uma técnica mediúnica pela qual se aproveitam as comunicações e se dão a elas uma orientação espiritual. A comunicação espírita ocorrida muitas vezes num terreiro de umbanda ou de qualquer outra forma de sincretismo religioso afro-brasileiro tem apenas uma finalidade prática, um objetivo imediato. Entretanto, nas reuniões espíritas propriamente ditas, nas reuniões feitas em centros espíritas bem dirigidos, essas comunicações são dadas com o sentido de elevação espiritual. Têm por finalidade não apenas a solução de problemas imediatos, que também podem ser encarados, mas em planos secundários, porque a finalidade principal e verdadeira do espiritismo é a elevação do homem a Deus, é a transformação da sua mentalidade terrena, é a formação de um novo mundo na Terra através de um esclarecimento das criaturas pelos espíritos elevados.

 

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Pergunta nº 2: Espíritos protetores

 

Locutor - Professor, o nosso ouvinte Adolfo Montenegro, residente no Paraíso, pergunta: Se um espírito simpatizar com um ser encarnado, ele poderá se tornar seu protetor? Até quando? De que forma ele, espírito, poderá se manifestar? Existe alguma forma de permissão? De quem? J. Herculano Pires - Revela-se aqui nesta pergunta sua uma falta, o senhor me perdoe, mas total de conhecimento do problema espírita. É claro que não acontece com os espíritos aquilo que acontece conosco aqui na Terra, porque vamos passando por uma rua, nos simpatizamos com uma pessoa e procuramos conhecê-la ou coisa semelhante. Há entre os espíritos ligações profundas, ligações que vem de encarnações sucessivas, relações que muitas vezes vem de muito longe e que aproxima os espíritos de nós. Assim, os espíritos desencarnados, quando simpatizam conosco, essa simpatia tem por finalidade uma aproximação com o sentido de nos resgatarmos, por assim dizer, dos compromissos do passado, e isso de lado a lado, do lado do espírito e do nosso lado, havendo, portanto, a possibilidade da comunicação. E essa possibilidade depende de afinidades fluídicas, morais, espirituais entre o espírito e o médium. Havendo essa possibilidade de comunicação, os espíritos se comunicam com muita facilidade. Pergunta o senhor se ele poderá se tornar um protetor. Não. Nenhum espírito se torna um protetor de um momento para outro. Os protetores são espíritos elevados que protegem as criaturas humanas a ele ligadas com as quais ele tem compromissos. Entretanto, pode se tornar um espírito que se aproxime de nós, que nós não conhecemos nesta existência, mas com o qual privamos em existências passadas, ele se aproxima de nós e queira se comunicar conosco, ele pode se tornar um espírito familiar nosso. O espírito familiar não é um protetor, mas é um auxiliar, um ajudando, um espírito que nos ajuda a acertar na vida. Não acertar nos negócios, não acertar nos problemas materiais que nós temos de enfrentar por nós mesmos, porque isso seria tirar-nos a oportunidade da experiência individual que é muito importante para a evolução humana. Mas acertar no sentido da orientação espiritual que é o fundamental para nós como espíritos. Enquanto estamos na Terra, nós encaramos as coisas como homens, dentro da nossa armadura carnal, por assim dizer, do nosso corpo físico, nós encaramos as coisas dentro das questões imediatas da vida terrena. Mas nós sabemos que o nosso destino não é este. Nós não ficamos permanentemente na Terra. O nosso destino é a vida espiritual e é para ela que nós estamos nos preparando aqui. Então, entendendo assim, os espíritos amigos, sejam protetores ou apenas espíritos familiares, procuram nos ajudar a desenvolver a nossa fé, a amplia-la, a elevar a nossa espiritualidade, a superarmos as atrações contínuas da vida terrena para podermos nos desenvolver espiritualmente. É essa a função desses espíritos amigos.

 

Agora, o senhor pergunta se existe alguma forma de permissão e de quem para que eles se manifestem. É claro que nada ocorre no universo, segundo nos dizem os espíritos mais elevados, sem a permissão suprema de Deus. Mas essa permissão é dada por Deus através das suas leis. As leis que constantemente regem todas as coisas no universo regem também o processo de comunicação entre os espíritos e os homens. Entretanto, em casos particulares, por exemplo, numa terminar uma reunião espírita em que um espírito se aproxime sem pertencer à equipe de trabalho daquela reunião e queira se comunicar, isso depende naturalmente do diretor espiritual da reunião; ele que dará permissão para que o espírito possa se comunicar ali. Independentemente disto, em qualquer outro lugar onde o médium esteja à disposição do espírito, ele pode se comunicar desde que haja essa possibilidade com a permissão de Deus.

 

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Pergunta nº 3: Cura espiritual

 

Locutor - Nosso ouvinte Rui M. Silva, do Jardim Bonfiglioli, pergunta o seguinte, professor Herculano Pires: é possível a cura puramente espiritual, ou seja, sem a participação do aparelho mediúnico?

 

J. Herculano Pires - Sim. É uma das modalidades da cura espiritual. A cura puramente espiritual independentemente da presença do médium, Independentemente da ação mediúnica, por assim dizer. Nós sabemos que existem inclusive operações que são realizadas dessa maneira. E isso por que forma? Nós sabemos que possuímos um corpo espiritual. Esse corpo que no espiritismo é chamado de perispírito é um corpo, podemos dizer assim, energético que modelo o nosso corpo físico e que dirige este corpo físico, que impregna todo ele e controla suas funções. Ainda recentemente, como já foi dito tantas vezes aqui neste programa, os físicos soviéticos e os biólogos soviéticos, portanto, cientistas materialistas nas suas pesquisas sobre a anti-matéria chegaram à descoberta do corpo energético do homem. Descobriram este corpo, conseguiram fotografá-lo e conseguem continuar nas pesquisas que estão realizando, inclusive verificando como se dá o processo da morte. Que nome deram os cientistas materialistas a este corpo? Corpo bioplástico. Porque bioplástico? Bio porque bio é vida e quer dizer que este corpo é que dá vida ao corpo material. E plástico ou plasmático, como eles dizem constantemente, quer dizer, é este corpo que plasma o corpo físico, que o modela, portanto. Assim, nós vemos que este princípio do espiritismo tantas vezes criticado pelos materialistas acaba de ser confirmado pela própria pesquisa materialista na zona, na região, no país mais materialista do mundo, porque oficialmente materialista. E isto é de grande importância para nós, porque a comprovação daquilo que afirmamos vem das mãos dos próprios adversários que antes negavam terminantemente a existência deste corpo. Ora, sendo assim é claro que a participação do aparelho mediúnico é necessária quando nós evocamos espíritos ou pedimos aos espíritos a sua assistência para realização dos trabalhos de curas com a presença do médium. Mas quando nós temos aquilo que Jesus chamou um pequeno grão de mostarda de fé, apenas uma fé do tamanho de um grão de mostarda, mas fé verdadeira, confiança espiritual profunda, nós podemos apelar por nós mesmos, apelar nas nossas orações, nas nossas preces, suplicando uma cura para um mal que nos aflige, e se pudermos ser atendidos, a operação se realiza. Se realiza precisamente no corpo espiritual. Enquanto dormimos, o corpo espiritual é modificado pelos espíritos superiores que insuflam nele novasenergias ou determinam novas orientações para certos cursos de forças energéticas na circulação do corpo e com isso conseguem anular os males físicos que nos perturbam. Estes fatostêm se dado muitas e muitas vezes. A bibliografia espírita e em geral a bibliografia religiosa de quase todas as religiões do mundo registram fatos desta natureza. Nós conhecemos muitos fatos assim no espiritismo. Entretanto, não se iluda ninguém. Nem sempre a cura nos é permitida. Nem sempre. Muitas vezes nós temos um carma, como se costuma dizer, a pagar. Nós temos um compromisso assumido na espiritualidade quando viemos para cá, para a Terra, quando tivermos de enfrentar uma determinada doença e de arcar com todas as consequências no plano físico. Nesses casos, não é possível a cura espiritual.

 

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Pergunta nº 4: Visões incompreensíveis

 

Locutor - Professor, o ouvinte Jorge L. de Moraes, do Parque Novo Mundo, pergunta: de vez em quando tenho a impressão de ver alguma coisa que não entendo. Normalmente isso ocorre durante minhas orações. Tenho também a impressão de ouvir coisas que não consigo identificar. Qual é a sua opinião?

 

J. Herculano Pires - A minha opinião, naturalmente, é de que o senhor deve tratar desse assunto. Se o senhor ao fazer uma prece tem alguma visão que não consegue compreender ou que apenas se esboça ante a sua mente, ou se o senhor ouve vozes confusas que não consegue discernir e entender, é evidente que a sua mediunidade está em fase de desenvolvimento. O senhor precisa ler, estudar espiritismo e, principalmente, ler os livros referentes ao problema mediúnico. Eu aconselharia o senhor a ler com bem atenção o livro Iniciação Espírita de Allan Kardec. É um livro lançado por uma editora de São Paulo que contém os três livros de iniciação escritos por Kardec sobre espiritismo. Contém, primeiramente, um livrinho pequeno chamado o espiritismo na sua mais simples expressão. É um livro que o senhor lê em poucos minutos. Depois, um livro maior que se chama O Que é o Espiritismo em que o senhor encontrará vários debates, várias discussões sobre problemas espíritas num sentido bastante ilustrativo. E por fim,um outro livro que se chama Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas. Este é um livro mediúnico que o senhor tem de ler. Mas antes o senhor tem de ler os outros dois. Estão todos num volume só chamado Iniciação Espírita. Nós vamos lhe dar este livro por este programa. Basta o senhor se interessar em procurá-lo no escritório central da Rádio Mulher, àRua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, a partir de segunda-feira próxima o senhor pode procurar este livro lá. Iniciação Espírita é um lançamento da editora Edicel aqui em São Paulo. O livro lhe é dado por este programa e pela Edicel. E nós temos a certeza de que o senhor vai gostar deste livro e com ele o senhor vai esclarecer este problema que o aflige.

 

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Pergunta nº 5: Nervosismo

 

Locutor - Professor, o ouvinte Flávio A. Machado pergunta o seguinte: só porque sou um tipo nervoso dizem que sou médium. Qual a relação, professor?

 

J. Herculano Pires - A relação que existe entre o nervosismo e a mediunidade é a seguinte: em geral os médiuns na sua fase de desenvolvimento sentem-se muitos nervosos, porque os espíritos, ao se aproximarem deles, afetam naturalmente o seu aparelho nervoso, o seu sistema nervoso. Os espíritos se comunicam com os médiuns irradiando-lhes vibrações que tocam precisamente os seus nervos. Então, a reação dos médiuns provoca um estado de inquietação, de nervosismo, que deixa a pessoa...dando impressão aos outros de que está passando por momentos de crise. As pessoas que conhecem espiritismo sabem que muitas vezes estes estados denunciam a presença de mediunidade em desenvolvimento. Eu não quero dizer que o senhor esteja realmente numa fase dessas. Há também os temperamentos nervosos que são naturalmente afetados pela presença dos espíritos de maneira mais intensa que os temperamentos comuns. Nós todos, não sei se o senhor conhece bem este problema, nós todos somos constantemente afetados pela presença dos espíritos ao nosso redor. É como se dá com os micróbios, com as bactérias que também nos afetam por toda parte; como os diversos raios que percorrem a atmosfera e que também nos afetam. Essa afecção, portanto, da influência espirítica está dentro da própria natureza, não é nada de sobrenatural, pertence à própria natureza. Entretanto, as pessoas nervosas são mais sensíveis a elas. De qualquer maneira, eu entendo que o senhor, sendo uma pessoa reconhecidamente nervosa, o senhor deve se interessar pelos estudos espíritas. Download Pergunta nº 6: Prejuízo espiritual Locutor - Professor, nossa ouvinte Terezinha J. Gomes, residente no Brooklin, pergunta: professor, um médium, parando de frequentar reuniões espíritas após seis anos, sofrerá algum prejuízo espiritual?

 

J. Herculano Pires - Sim, é claro. O médium tem uma missão a cumprir na Terra, ele está incumbido de desempenhar um papel bastante importante no problema das relações entre os espíritos e os homens. É preciso compreender que a vida na Terra não tem apenas o objetivo estritamente material que nós pensamos. O indivíduo não vem aqui apenas para crescer, divertir-se, casar-se, constituir família e tocar a sua vida até o momento da morte. Não. Não é isso não. As pessoas veem aqui trazendo compromissos espirituais muitos sérios, e um desses compromissos é o da mediunidade. Há problemas terríveis nas relações entre os homens e os espíritos. Espíritos muitas vezes martirizados por criaturas humanas em vidas passadas, quando também eram criaturas humanas, esses espíritos querem atualmente descontar aquilo que sofreram, descarregando o seu ódio sobre essas criaturas humanas. Então a situação se torna muito difícil. O papel dos médiuns é servir de intermediário exatamente de acordo com a palavra médium, intermediário entre uns e outros, facilitando a comunicação entre eles, permitindo que o espírito obsessor, perturbador, se comunique, fale com sua vítima, que a sua vítima também possa falar com ele, ao mesmo tempo em que espíritos amigos interfiram no assunto para liquidar essas situações difíceis.

 

Sendo assim, o papel do médium é um papel de importância fundamental não apenas para essa vida, mas para as vidas futuras. Ora, um médium que abandona sua missão mediúnica, ele está sujeito a grandes transtornos. Isso não quer dizer absolutamente que Deus condene esse médium, nem quer dizer que ele tenha cometido um pecado no sentido teológico da palavra. Não. Quer dizer apenas o seguinte: ele se furtou a cumprir um dos seus compromissos espirituais aqui na Terra. Então a sua posição se torna muito difícil, porque quando ele assumiu este compromisso, ele recebeu o dom da mediunidade de maneira a poder servir de intermediário entre os espíritos e os homens. Como ele agora não quer mais servir, ele se afasta do trabalho e se nega a comparecer às reuniões, então seus espíritos protetores que trabalhavam com ele, que tinham compromisso de trabalhar, também se afastam, e ele fica entregue aos espíritos obsessores, perturbadores. É disso que provém o mal que o médium sofre, simplesmente isso. Ele abandona o seu trabalho, e os seus protetores o abandonam também. Então ele fica entregue a situações bastante difíceis.

 

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A editora GEEM, do grupo espírita Emanuel, atende pedidos de livros espíritas pelo reembolso postal. Na capital, o atendimento é a domicílio. Anote o número da caixa postal da editora GEEM:888, São Bernardo do Campo.

 

Pergunta nº 7: Reconhecimento do médium

 

Locutor - Professor, Maria Benedita Barbosa, do Itaim, pergunta: como podemos saber se alguém é médium?

 

J. Herculano Pires - Nós só podemos saber se alguém é realmente médium no sentido de prestar-se a trabalhos mediúnicos se esta pessoa deu sinais disso. É pelo sintoma que nós conhecemos, assim como conhecemos se uma pessoa é inteligente, tem inteligência suficiente para desempenhar altas funções, quando ela, esta pessoa, dá demonstrações da sua inteligência. Se ela nunca der uma demonstração, nós nunca vamos saber se ela tem inteligência suficiente para isso. Assim também acontece com o médium. Nós todos somos médiuns, temos uma mediunidade geral, porque a mediunidade é uma faculdade humana natural, mas existem aqueles que tem a missão mediúnica, o mediunato, como chamam os espíritas. Esses revelam o seu mediunato recebendo espíritos, dando comunicações, sendo muitas vezes perturbados pelos espíritos e precisando ir a sessões espíritas para serem livrados dessas per turbações. É assim, através da sintomatologia mediúnica, que nós conhecemos se uma pessoa é médium ou não. Em geral,nos centros espíritas, há muita gente que pretende conhecer pelo olhar, pelo toque das mãos, por coisas semelhantesse a pessoa é médium ou não. Esta forma de conhecer se a pessoa é médium ou não é apenas uma suposição, apenas uma pretensão daquela pessoa que quer conhecer assim. Ninguém conhece um médium a não ser pelas suas manifestações.

 

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Pergunta nº 8: Iniciação

 

Locutor - Professor, o ouvinte Eurípides Barsanulfo, residente em Campo Grande, pergunta: para quem quer se iniciar no espiritismo o que o senhor recomenda?

 

J. Herculano Pires - É o caso de eu lhe recomendar antes de mais nada a leitura da vida de Eurípides Barsanufo, porque Eurípides Barsanulfo, como o senhor já deve saber, foi um grande pioneiro do espiritismo em nosso país e um grande batalhador, além de ter sido um grande médium, um homem que lutou muito pela divulgação do espiritismo e que deixou uma obra notável em Sacramento, no Estado de Minas, onde ele fundou o primeiro colégio espírita do Brasil. O senhor, se não pertence à família espírita, certamente o seu pai ou sua mãe ou os dois eram espíritas, porque para lhe darem este nome de Eurípides Barsanulfo forçosamente estavam ligados ao espiritismo. Eu aconselharia o senhor a ler, antes de mais nada, o livro Iniciação Espírita de Allan Kardec. Este livro nós aqui no programa costumamos fazer uma pequena distribuição de livros às pessoas que nos mandam perguntas. Nós vamos lhe oferecer um volume. O senhor pode retirar este volume a partir de segunda-feira próxima, durante a semana, no horário comercial, durante a próxima semana. O senhor pode retirá-lo ali no escritório central da Rádio Mulher,àRua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111. Vou repetir para o senhor não se esquecer: Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111.no horário comercial o senhor passa em qualquer dia da semana, leve naturalmente algum documento que prove ser o senhor Eurípides Barsanulfo e encontrará um livro à sua disposição

 

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Pergunta nº 9: Importância das missões

 

Locutor - Professor, a ouvinte Estela N. Figueiredo, moradora na Vila Grande, pergunta: ouvi dizer que todas as pessoas famosas têm uma missão especial a cumprir aqui na Terra. Por quê?

 

J. Herculano Pires - Não são somente as pessoas famosas que têm missão a cumprir. Todos nós temos missões a cumprir. O fato de as pessoas serem famosas pode querer dizer, e diz às vezes, que elas traziam uma missão mais importante, uma missão mais elevada à comum dos homens, e que justamente por isso estão assumindo cargos maiores aqui na Terra. Mas esta distinção é apenas nossa, humana. Para os espíritos, todas as missões na Terra são importantes. Um homem que trabalha na sua lavoura de enxada na mão, um homem que trabalha na sua oficina, trabalhando sobre metais ou qualquer outro material, um homem que trabalha no seu escritório, um homem que despacha no seu gabinete, um homem que comanda no seu quartel, ou assim por diante, todos eles estão investidos de uma missão, de uma séria missão que tem de desempenhar aqui na Terra. A missão principal dos espíritos aqui é a missão do progresso, do desenvolvimento, da evolução espiritual. Então, nós podemos estar certos de que existem numerosas missões, desde as mais humildes até as mais elevadas, e todas elas se igualam aos olhos de Deus e aos olhos dos espíritos. Cada vida é uma missão, e temos que desempenhá-la religiosamente, procurando cumprir todo o nosso dever. Isto é que é preciso compreendermosquando se fala de missões espíritas. Download

 

Pergunta nº 10: Instituto psicobiofísico

 

Locutor - Professor, Olívio Segatto, assíduo ouvinte desse programa, faz uma pergunta dividida em duas partes. Primeiro: li em um jornal que aqui na capital existe o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas que irá criar a central para pesquisas da reencarnação visando colher casos que sugerem reencarnação. O processo investiga casos de pessoas que se recordam de uma ou várias existências. Está sendo feito com o máximo rigor científico. Qual a opinião do prezado professor? J. Herculano Pires - O instituto psicobiofísico é realmente uma instituiçãode ordem científica criada aqui na capital já há alguns anos e não é tão recente quanto parece. E já tem desenvolvido os seus trabalhos em vários sentidos. Tem sido inclusive responsável pelo aparecimento aqui no Brasil de alguns cientistas reencarnacionistas, como o Dr. Banerjee, indiano, o Dr. Ian Stevenson, norte-americano, e também tem sido responsável pela divulgação de algumas pesquisas importantes, significativas sobre os problemas da reencarnação. Realmente, os métodos que o instituto segue sob orientação do Dr. Hernani Guimarães Andrade são métodos científicos aplicáveis ao caso da reencarnação de acordo com as técnicas modernas. O instituto, portanto, é uma instituição com a qual todos aqueles que puderem, devem colaborar, relatando seus casos, comunicando casos de reencarnação que possam ser pesquisados, porque as pesquisas realmente se realizam com critério científico e com muita boa vontade, com grande boa vontade da parte dos pesquisadores que se interessam bastante pelo assunto.

 

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O evangelho de Jesus em espírito e verdade. Não fiquemos na letra que mata, penetremos o espírito que vivifica, segundo ensinou o apóstolo Paulo.

 

Abrimos o evangelho ao acaso, e eis o que saiu: Lc, 18:18-30.

 

Um homem de posição perguntou-lhe: Bom mestre, que devo eu fazer para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão só um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e a tua mãe. Replicou ele: Todas essas cousas tenho guardado eu desde a minha mocidade. Jesus ouvindo isso disse-lhe: Ainda uma coisa te falta: vende tudo que tens e reparte-opelos pobres, e terás um tesouro no céu. E vem seguir-me. Quando ouviu essas palavras, ficou cheio de tristeza porque era muito rico. Jesus olhando-o disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas, pois mais fácil é passar um camelo pelo facho de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Disseram os ouvintes: Quem então pode ser salvo? Respondeu Jesus: O que é impossível aos homens é possível a Deus. Disse Pedro: Nós deixamos as nossas casas e te seguimos. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo, ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos por amor do reino de Deus que não receba no presente muito mais e num mundo vindouro a vida eterna.

 

O final deste trecho do evangelho de Lucas deu motivo a que várias ordens religiosas em várias igrejas estabelecessem o isolamento, a vida solitária das pessoas que deviam deixar suas casas, suas famílias, seus pais, seus irmãos para se dedicarem exclusivamente a Deus. Foi infelizmente uma interpretação errônea, porque na verdade o que Jesus ensinava não era isso. Ele mesmo havia deixado a sua casa, os seus pais, a sua família, os seus irmãos para dedicar-se ao serviço de Deus. Mas não foi se refugiar em nenhum lugar oculto para viver uma vida isolada e inútil. Pelo contrário, ele foi ligar-se com os pescadores do lago de Genesaré, ligar-se com as criaturas que realmente podiam auxiliá-lo no trabalho de transformação do mundo. Porque nós só podemos servir a Deus, como nos ensinam os próprios evangelhos, servindo ao nosso próximo. E a lição deste capítulo dezoito, dos versículos dezoito a trinta do evangelho de Lucas, a lição principal que nós podemos tirar é precisamente essa. Entretanto, há certos aspectos aqui que são de grande interesse para todos nós quando se chama Jesus de bom e ele responde: Porque me chamas de bom? E lembra que bom é somente Deus que está no céu. Com isso ele fazia uma distinção perfeita entre aquilo que se deve entender como bondade. Não a bondade humana que muitas vezes se reverte em maldade, que muitas vezes serve apenas para nos acoroçoar na nossa preguiça, na nossa vaidade, ou na nossa falta de disposição para os empreendimentos necessários, mas sim a bondade de Deus que se traduz muitas vezes em provas difíceis para a vida humana, mas que nos conduz à salvação, aquela salvação a que as religiões se referem e que Jesus também se referiu com a expressão de vida eterna. Porque vida eterna? Porque é a vida do espírito, não a vida da carne. Há uma distinção a fazer entre a vida puramente material que levamos aqui na Terra e a vida espiritual que levamos através do espaço em todas as condições, tanto vivendo na Terra, quanto vivendo apenas espiritualmente. Esta vida espiritual é eterna. Mas enquanto nós não tomamos consciência dela, nós não a temos. As religiões em geral entendem que a vida eterna nos é concedida como uma graça especial quando nós seguimos os seus rituais, obedecemos a sua liturgia, os seus dogmas, os seus mandamentos, quando nos submetemos, enfim, a todas as suas ordenações para alcançarmos a vida eterna. Mas a verdade, de acordo com o espiritismo, as buscas, as pesquisas e a exegese rigorosa que Kardec fez dos evangelhos, não é essa. A vida eterna nós a conseguimos quando realmente vivemos de maneira digna de acordo com os preceitos de Deus, para podermos alcançar a compreensão, a consciência de que somos eternos. Enquanto nos apegamos às coisas materiais, nós vivemos imantados ao mundo passageiro, efêmero da Terra, e por isso, quando morremos, temos muitas vezes psicologicamente a impressão de que tudo acabou e ficamos então esquecidos da realidade de uma vida maior que é a vida eterna. Sem termos consciência da vida eterna, nós não a teremos porque nós não a desfrutaremos. É preciso compreender bem isto. A vida eterna é a herança de todos nós porque somos todos filhos de Deus. Não são apenas alguns privilegiados que a recebe. Ela é a nossa herança comum, natural, mas assim como o herdeiro que não tem capacidade para dirigir a sua herança, não é capaz de usufrui-la, e muitas vezes a esbanja e a perde voltando à miséria, assim também o espírito que não se preparou na Terra para gozar a herança da vida eterna, ele a esbanja, ele a perde e não tem a vida eterna. Mas isso não quer dizer que ele esteja privado de reencontrá-la, porque sua herança permanece inviolável e ele irá encontrá-la mais tarde.

 

Outro aspecto curioso dessa passagem é a que se refere aos ricos. Dizer, por exemplo, que dificilmente um rico entrar no reino dos céus e que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, parece uma afronta a todos os ricos da Terra. Então Deus, na sua infinita misericórdia, desejaria que nós todos fôssemos pobres? Que nós vivêssemos na pobreza extrema? Assim interpretaram as religiões esta passagem. E nós sabemos que os votos de pobreza foram muitos em todas as religiões, e muitas criaturas abandonaram todas as suas riquezas, todos os seus haveres para se entregarem até mesmo a vida esmoler, a pedir esmolas nas esquinas das ruas para ser humilde e encontrar realmente a vida eterna que buscavam. A verdade, entretanto, não é essa. O espiritismo nos mostra que a dificuldade que tem os ricos de entrar no reino dos céus é porque a prova da riqueza é, como dizem os espíritos, a mais dura das provas, porque é a mais cheia de fascinações, a mais cheia de ilusões, aquela que dá ao homem a fantasia, a ilusão de um poder que ele na verdade não possui, de uma importância que ele na verdade não tem e que ele propicia escorregar a todo momento nos caminhos escusos através do poder do dinheiro. É por isto, e simplesmente por isto,que Jesus usou essa forte expressão. Mas para Deus, todos somos seus filhos, e aqueles que trabalham no campo da riqueza, são aqueles que têm por obrigação enriquecer o mundo para que a humanidade enriqueça. Eles só deixarão de cumprir o seu dever, como faz com este jovem rico que não foi capaz de aceitar a recomendação de Jesus, de repartir a sua riqueza com os pobres, não no sentido de dividi-la, de dá-la aos pobres, mas de proporcionar aos pobres os benefícios que a riqueza bem empregada pode proporcionar. No Limiar do Amanhã presta reverente homenagem aos espíritos de Tiradentes, o proto-mártir da independência do Brasil, e de Dom Pedro I, o príncipe corajoso que se fez imperador do maior império da América. Salve heróis da formação da pátria brasileira. Salve numes tutelares, Espíritos protetores da pátria do evangelho redivivo.

 

No Limiar do Amanhã: o Brasil lidera a nova era, a era do espírito.

 


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