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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço. O desenvolvimento acelerado das ciências em nosso tempo está encostando os materialistas na parede. Na própria União Soviética a crise do materialismo se acentua de ano em ano. Agora mesmo, os cientistas soviéticos estão lutando em três frentes para evitar a derrocada do materialismo oficial do Estado. E dia-a-dia torna-se mais evidente que já perderam a batalha. Não é mais possível sustentar o edifício da ideologia materialista.

 

Os físicos soviéticos, por uma destas ironias da história tão bem conhecidas, têm sido os mais bem sucedidos na pesquisa da antimatéria. Foram eles que descobriram neste campo a existência das estruturas internas das coisas e dos seres, chegando ao momento decisivo quando tiveram que reconhecer que o homem possui um corpo energético a que deram o nome de corpo bioplástico. Isso os levou a pesquisar o fenômeno da morte quando puderam ver e fotografar o desprendimento desse corpo energético do corpo material, que só então realmente morreu e virou cadáver.

 

Além dessa frente de batalha, em que já estão derrotados, os físicos soviéticos tiveram também de reconhecer que as pesquisas cósmicas provaram a existência de formas de energia desconhecidas no espaço sideral, que revelam a presença no cosmos de mundos intangíveis, mundos que escapam aos nossos sentidos materiais. E no campo da parapsicologia, os cientistas foram forçados a aceitar o poder do pensamento e reconhecer que a mente não é cérebro.

 

Na Europa e nos Estados Unidos os cientistas materialistas já são minoria. Pesquisa-se a alma, a reencarnação, as aparições, as gravações em gravadores comuns de vozes de espíritos. O mundo se abre para a era do espírito e os cientistas materialistas não serão derrotados, como temem, pois são eles mesmos que estão derrotando o materialismo. São eles mesmos, e os mais materialistas entre eles, que estão matando a concepção materialista.

 

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 117. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Todos os domingos esse programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.

 

Perguntas e respostas no auditório. Iniciamos o nosso diálogo radiofônico do programa No Limiar do Amanhã. Por favor, nome e a pergunta.

 

Pergunta nº 1: Imagem e semelhança

 

Plateia - Vital Fernandes da Silva. Professor, quem lhe faz a pergunta é um autodidata semiletrado que busca o caminho. Se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, por que somos tão imperfeitos?

 

J. Herculano Pires - Inicialmente eu quero dizer que o senhor é bastante modesto. A sua modéstia realmente revela que o senhor é um homem que quer tratar dos assuntos de maneira séria, segura, e isso para nós é muito importante. Realmente nós lemos na Bíblia que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. Entretanto, também neste mesmo texto nós vemos que Deus fez o homem do barro da terra, ou do limo da terra, como dizem algumas traduções. Isso quer dizer que a semelhança entre o homem e Deus deve estar na potencialidade e não naquilo que nós chamaríamos a atualização. Não está no ato, mas na potência. O homem potencialmente é semelhante a Deus. E potencialmente por quê? Nós vemos, por exemplo, no evangelho, uma passagem em que Jesus falando com os judeus, diz a eles: Está escrito nas vossas escrituras: vós sois deuses. Quer dizer, Jesus confirma isso: que nós, criaturas humanas, somos deuses. Mas é evidente que somos deuses em potência. Não somos deuses em ato. Não estamos ainda realizados como Deus. E isso não quer dizer também que a nossa divindade vá se assemelhar no seu desenvolvimento à divindade de Deus. Porque Deus, segundo a definição que nós vemos no Livro dos Espíritos, que é a única definição que o espiritismo aceita sobre Deus: Deus é a inteligência suprema do universo, causa primeira de todas as coisas. Sendo assim, Deus só pode ser um, ele é uno porque ele é o criador, o mantenedor, o sustentador de todo universo. Consequentemente nós não podemos conceber, ao menos do nosso ponto de vista lógico e racional, a existência de dois deuses no universo. Deus é único porque ele está ligado, unido ao universo. Ele forma uma unidade com o universo, embora exista o seu aspecto transcendente. Deus é imanente nas coisas. Ele está nas suas leis, presente em todas as coisas, em toda parte, em nosso coração, em nossa consciência; mas Deus é transcendente como criador, ele paira por assim dizer, acima da sua própria criação, embora a envolva, a impregne com o seu poder. Então poderíamos explicar esse problema da imperfeição do homem assim: o homem é perfeito em essência, mas ele é imperfeito na sua manifestação. Ele é, por assim dizer, perfeito na sua substância, no seu conteúdo, mas imperfeito no continente, naquilo que o contém, na sua forma. É um problema de espírito e forma, de essência e forma. O homem como potencialidade ele tem todos os poderes que Deus infundiu nele ao criá-lo. Deus transmitiu ao homem os poderes que ele mesmo, Deus, possui, mas não evidentemente na plenitude que ele o possui. Então o homem se faz perfeito em essência, mas o seu desenvolvimento depende das vicissitudes por que ele tem de passar através do fluir, por assim dizer, do espírito através da matéria. Neste fluir do espírito, o homem se submete a uma porção de situações as mais diversas que têm por finalidade desenvolver suas potencialidades. Assim, no momento em que o homem desenvolver toda essa potencialidade, superar a condição humana em que estamos hoje na Terra, ele passará, segundo nós vemos no próprio Livro dos Espíritos, para um plano superior, o dos espíritos puros, e os espíritos puros seriam os anjos. Então, por isso que Kardec diz que acima da humanidade existe a angelitude e que há uma sequência perfeita em todas as coisas no universo de maneira que não há criações à parte. O homem não é uma criação à parte, ele é uma criação integrada em toda criação no universo, mas o seu desenvolvimento depende, naturalmente, do desabrochar das suas capacidades internas, das suas potências internas, e isto para ver, assim, num sentido geral. Agora, especificamente, nós podíamos dizer o seguinte: o homem é a imagem e semelhança de Deus não no corpo, mas no espírito. O homem possui como única criatura na Terra que pode realmente possuir o poder criador de Deus. Esse poder se manifesta pelo seu pensamento criador. Sabemos que os animais também pensam, eles também têm inteligência e tem pensamento, mas não têm pensamento criador. O homem tem o pensamento criador que ele herdou de Deus. É neste sentido que ele se assemelha a Deus; não é no sentido físico, não é no sentido corporal. Há uma passagem muito importante no Livro dos Espíritos em que Kardec pergunta aos espíritos se aquelas criaturas espirituais que vivem nos planos superiores, que são os espíritos superiores, têm forma. Então os espíritos respondem a ele: para nós sim. Para vós não. E Kardec pergunta: Como poderíamos então ver um espírito superior se ele se manifestasse em nosso plano? E os espíritos respondem: Como uma centelha etérea. Isto nos dá uma idéia da maneira como o homem se assemelha a Deus, ele é uma centelha etérea na sua essência, no seu espírito. Consequentemente, dessa maneira que ele se assemelha a Deus, e não pelo seu corpo. As imperfeições corporais são as imperfeições da semente, que plantada na Terra, não atingiu ainda o desenvolvimento das suas potencialidades. Mas quando a semente desenvolve essas potencialidades, ela revela um plano oculto, um plano que trazia dentro dela, que é o plano da árvore onde ela se desenvolve. Assim é o homem: ele tem dentro de si o plano da divindade. É neste plano que está a perfeição do homem como filho de Deus e a semelhança do homem com Deus. Não sei se o senhor está satisfeito.

 

Download Pergunta nº 2: Sincronismo de pensamento

 

Locutor - Mais alguma pergunta?

 

Plateia - Professor, uma pergunta talvez infantil. Acontece quase que diuturnamente um fato interessante de eu pensar uma coisa e minha esposa pensar a mesma coisa no mesmo momento. De eu ir lhe dizer alguma coisa e ela me responder: Puxa velhinho – é assim que ela me trata – eu ia lhe dizer justamente isto. Podia ser coincidência, mas dada a repetição constante desse fato, eu comecei a pensar: Será que já nos conhecemos ou fomos alguma coisa um do outro numa outra existência? É porque o sincronismo nosso, para mim, pelo menos, é de admirar.

 

J. Herculano Pires - É bem possível porque nós sabemos que os espíritos se encontram por afinidade, atração espiritual decorre das afinidades entre os espíritos. Essas afinidades se desenvolvem em vidas sucessivas, mas esse fenômeno da coincidência de pensamentos é mais ou menos comum entre pessoas que têm afinidades e que convivem. A convivência acentua essas afinidades e permite essa troca, essa permuta de pensamentos e até mesmo de sentimentos, de emoções entre duas ou mais pessoas. Este é um capítulo que o espiritismo já desenvolveu há mais de cem anos, mas que agora está sendo muito estudado, pesquisado pela parapsicologia, como sabemos, no campo da telepatia. Nós permutamos pensamentos frequentemente, não só as pessoas afins como todos nós. Os pensamentos são formas energéticas que se transmitem como as ondas hertzianas e que se comunicam a vários cérebros. Mas quando existe afinidade espiritual entre duas criaturas, então o fato telepático, o fenômeno telepático se acentua. Como sabemos, o Livro dos Espíritos diz que a telepatia é a linguagem dos espíritos. Os espíritos superiores não usam a linguagem articulada, essa sequência de sinais sonoros que nós usamos para nos comunicar. Eles se comunicam livremente pelo pensamento. E nas criaturas afins essa linguagem não articulada também se desenvolve com facilidade.

 

Download Pergunta nº 3: Mediunidade

 

Locutor - Mais alguma coisa?

 

Plateia - Desculpe estar açambarcando, mas a minha sede de saber é muito grande. Dizem que eu sou mascote, que eu dou sorte, e volta e meia me convidam para visitar pessoas que estão gravemente enfermas. Eu vou com minha senhora. Quando nós saímos, ela me diz: Ele ou ela não vai morrer. Eu falo: Por que meu bem? O meu sininho não tocou. Estamos casados há vinte e seis anos e até hoje o sininho dela não falhou nenhuma vez. Quando ela diz que não vai morrer a pessoa se restabelece mesmo. Coincidência professor?

 

J. Herculano Pires - Não. É muito difícil haver apenas coincidência, ou apenas acaso em fatos dessa natureza. Na verdade nós sabemos que praticamente não há acaso. O que nós chamamos de acaso são coincidências que resultam de leis, leis que convergem vários processos para um mesmo ponto, onde há os encontros. Então aí, como nós sabemos, esse problema que o senhor coloca, é o problema da mediunidade. Nós todos temos mediunidade. Mediunidade não é, como se pensa muitas vezes, um privilégio desta ou daquela pessoa. É uma faculdade humana normal, natural. Todos nós temos mediunidade, uns em maior grau, outros em menor grau, uns com uma determinada forma, outros com outra forma, e assim por diante. Neste caso é o que se chama, em espiritismo, a mediunidade generalizada, mediunidade comum, mas que se acentua em certas pessoas, principalmente quando há um problema assim de contato, de afinidade espiritual, como há entre o senhor e a sua mulher, produzindo então esses efeitos. Permite que a sua presença, por exemplo, junto a um doente acompanhado da sua mulher, seja benéfica para o doente porque transmite vibrações boas, vibrações de simpatia, de amor, de incentivo para o doente, e realmente podem, inclusive, transmitir até mesmo aquilo que nós chamamos de vibrações curativas, curadoras que ajudam a restabelecer o doente. Muitas pessoas possuem essas qualidades no campo das faculdades mediúnicas, e naturalmente acontece isso com o senhor e ela. Agora ela é, naturalmente, bastante intuitiva porque ela percebe intuitivamente aquilo que ela chama de sininho: é o sinal intuitivo que ela recebe quando se trata de um caso negativo, de um caso que não é possível socorrer do ponto de vista material humano. Plateia - Muito obrigado professor, e me desculpem meus amigos.

 

J. Herculano Pires - Nós é que agradecemos a sua presença aqui no nosso auditório.

 

Locutor - Continuamos com nosso diálogo radiofônico. Nome e pergunta, por favor.

 

Download Pergunta nº 4: Mediunidade suspensa

 

Plateia - Ivan Rosenberg. Professor, como deveria proceder o médium que estivesse com a sua mediunidade temporariamente suspensa, que não fosse por motivo de enfermidade? Se ele se visse defrontado por um caso de necessidade para uso da sua força mediúnica?

 

J. Herculano Pires - Eu vou pedir para o senhor repetir esse final aí, porque houve um barulho de automóvel aí fora que me atrapalhou. E eu quero lembrar também uma coisa curiosa: as pessoas que ouvem o programa lá fora perguntam: sé nós estamos ouvindo tão claramente os dois falando, por que um não entendeu o outro? É que o senhor está falando longe de mim e o pessoal que ouve lá fora pensam que estamos muito perto um do outro, né?

 

Download Pergunta nº 5: Mediunidade suspensa e enfermidade

 

Plateia - Um médium que estivesse com a sua mediunidade temporariamente suspensa, que não fosse por motivo de enfermidade física, se ele se visse defrontado por uma situação em que o uso da mediunidade dele fosse indispensável. Como ele deveria proceder se ele não estaria ainda, não teria condições de fazer uso dessa força em virtude da sua cessação anterior?

 

J. Herculano Pires - É bom não esquecermos que o médium é sempre médium, quer dizer, ele é um intermediário. Ele não tem poder. Aquilo que, por exemplo, no Livro dos Médiuns se fala a força mediúnica, é o grau de capacidade do médium para servir ao espírito, para receber, perceber o espírito, nada mais do que isso. Ele não tem poder, de maneira que ele não pode servir-se da sua mediunidade quando ele quer. O problema da suspensão temporária da mediunidade é um problema que decorre de fatores diversos, pode ser inclusive um problema de saúde que então impede o desenvolvimento das faculdades mediúnicas, da sua utilização pelos espíritos. Os próprios espíritos se recusam a utilizar para não prejudicar a saúde do médium, e impedem, naturalmente, a comunicação de espíritos inferiores. E também pode ser, como sabemos, uma suspensão temporária com finalidade de correção, quando o médium comete vários deslizes na sua mediunidade, para que ele siga assim o bom caminho mediúnico, então os espíritos que o protegem, que o amparam, às vezes, impedem que essa mediunidade continue a se manifestar durante um certo período, inclusive para que ele veja que ele não tem poder. Plateia - Pois é, mas nesse caso foi um pedido voluntário. Eu me vi assim numa situação que não poderia continuar fazendo uso dela por motivo de [inaudível] - o senhor está sabendo do meu caso já?

 

J. Herculano Pires - Sim.

 

Plateia - (...) então eu não podia frequentar assim normalmente os trabalhos como eu vinha fazendo. Então, para evitar qualquer coisa desagradável, nós, num trabalho em nosso centro, pedimos a suspensão temporária até que fosse suspenso o motivo que estava impedindo a continuidade da execução dos meus trabalhos no campo mediúnico. Esse motivo não cessou, mas o que eu tenho vontade de saber é o seguinte: Suponhamos que eu me veja defrontado por uma situação, no caso de enfermidade, por exemplo, em que a minha força mediúnica como passista seja necessária ao enfermo. Como eu agiria neste caso se eu me encontro com essa mediunidade suspensa voluntariamente? J. Herculano Pires - Agora que o senhor colocou mais claro o problema, então eu posso te responder o seguinte: o problema do passe independe da mediunidade. O senhor pode perfeitamente, diante de um enfermo, dar um passe nele, mesmo que o senhor esteja com a sua mediunidade suspensa. Suspensa por assim dizer. Ela não está suspensa realmente. O senhor está sendo apenas impedido de receber espíritos, nada mais do que isso, porque a mediunidade existe como faculdade natural, natural do homem. Mas o senhor pode dar passe, qualquer pessoa; não precisa ser médium para dar passe. O passe depende da boa vontade da pessoa, o seu desejo real de socorrer o outro. Ele faz uma prece, impõe as mãos, como nós vemos no evangelho, pedindo naturalmente a Deus, aos espíritos superiores que ajudem aquele doente. É a vontade sua que o senhor procura transmitir ao seu doente, o seu desejo de ajudá-lo a curar. É a força do seu próprio pensamento que pode auxiliá-lo. Se os espíritos estiverem interessados em ajudar aquele doente, acharem que realmente precisa deste auxílio, eles darão auxílio independentemente da sua mediunidade funcionar ou não. Nesse caso, não há problema. Agora, receber um espírito assim nesse estado temporário de suspensão, o senhor certamente não receberá a não ser quando eles quiserem. Eles, que eu digo, são os seus protetores, que amparam o senhor. Muitas vezes é uma defesa do médium. Por algum motivo que a gente dificilmente poderá saber, o médium tem essa proteção às vezes. Interrompem-lhe o curso da mediunidade para que ele se restabeleça em algum sentido de que ele necessita e depois continuará.

 

Locutor - Mais alguma coisa?

 

Plateia - É só. Obrigado, professor.

 

Locutor - No Limiar do Amanhã, como toda primeira quarta-feira do mês, no nosso auditório a gravação ao vivo com as perguntas dos nossos ouvintes. Por favor, nome e pergunta.

 

Download Pergunta nº 6: Fluidos

 

Plateia - Isabel Camacho. Eu queria que o professor me explicasse sobre os fluidos: quanto à sua natureza, a sua criação, transporte, a forma, sobre essa parte toda. Está aqui na Gênese. Eu não entendi.

 

J. Herculano Pires - Isso aí seria muito extenso, né? A senhora está perguntando sobre os fluidos no sentido de eles...

 

Plateia - Porque eu vi que aqui que tem uma porção de qualidades e conforme o modo que ele processa... Eu queria uma explicação sobre isso.

 

J. Herculano Pires - A senhora encontra essa explicação aí mesmo na Gênese, porque é muito minucioso se nós formos falar.

 

Plateia - Mas eu não entendi...

 

J. Herculano Pires - O que a senhora não entendeu?

 

Plateia - sobre a natureza dele, né?

 

J. Herculano Pires - Leia um pequeno trecho. Vamos ver...

 

Plateia - Os fluidos atuam na natureza. Eu não entendi como eles fazem.

 

J. Herculano Pires - Os fluidos são, geralmente, as vibrações do perispírito. Nós somos dotados de corpo material e corpo espiritual. O corpo espiritual, como sabemos, é chamado no espiritismo de perispírito. Ora, este corpo espiritual nós podemos classificar como sendo um corpo energético, um corpo, portanto, que emite vibrações semelhantes às vibrações elétricas, vibrações magnéticas. Isto é fluido, não há mistério nenhum nisto. Essas vibrações então podem se comunicar as pessoas estranhas a nós, as quais queremos auxiliar, e podem beneficiá-las. Agora, como os espíritos ensinam – e aí deve estar isso explicado – há fluidos com vários efeitos que produzem... Por exemplo, há o fluido frio, o fluido quente, há o fluido que ajuda a funcionar um determinado órgão, há o fluido que diminui o funcionamento do órgão que está em função exagerada. Quer dizer, cada fluido tem, assim as correntes de energias físicas que nós conhecemos, cada fluido tem a sua função e a sua aplicação. Mas isso não depende absolutamente do médium. A aplicação dos fluidos é conduzida pelos espíritos que assistem o médium. O médium não pode controlar essa aplicação fluídica.

 

Locutor - Continuamos com nosso diálogo radiofônico. Nome e pergunta, por favor.

 

Download Pergunta nº 7: Corpo astral e perispírito

 

Plateia - Eneide Lopes Felix. Qual a diferença entre duplo etérico, corpo astral e perispírito?

 

J. Herculano Pires - A diferença aí depende da filosofia espiritualista que emprega esses termos. Nós sabemos, por exemplo, que o corpo astral é uma expressão mais usada na teosofia. Os teosofistas classificam os corpos do homem em vários estágios e consideram, por exemplo, que nós não temos apensa os três corpos, ou seja, não somos apenas as três entidades que aparentamos, segundo o espiritismo: corpo, perispírito e espírito. Eles acham que temos sete corpos. Então, o corpo astral, o corpo mental e outros corpos assim. Mas do ponto de vista espírita, tanto o duplo etérico quanto o corpo astral nada mais são do que o perispírito. Quer dizer, todos eles se reduzem, no espiritismo, a uma expressão única que é o perispírito.

 

Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã: Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana você pode fazer suas perguntas no horário comercial pelos seguintes telefones: 269-4377 ou 269-6130. E na primeira quarta-feira do mês venha ao nosso auditório para fazer suas perguntas ao microfone e ouvir as respostas na hora. Os programas de auditório começam às 20h30.

 

Pergunta nº 8: Mediunidade pessoal ou divina

 

Locutor - Perguntas e respostas no auditório. O nome do senhor e a pergunta que o senhor quer fazer.

 

Plateia - Sebastião Barba da Silva.

 

Locutor - Pode fazer a pergunta.

 

Plateia - A pergunta: eu queria saber se é uma mediunidade que a gente tem para se manter a qualquer distância, ou se é mesmo por Deus, certo?

 

J. Herculano Pires - Eu já ouvi a pergunta dele; ele já comentou anteriormente, de maneira que eu já conheço o caso. Ele pergunta se é uma atividade pessoal dele ou se é concedida por Deus, não é isso? Bom, o que o senhor tem na verdade, uma vez que se realizam esses fatos que o senhor relacionou aí, esses fatos comprovam que o senhor tem a possibilidade de ver à distância. É o que se chama clarividência ou visão à distância. Este é um fenômeno hoje comprovado cientificamente na parapsicologia. Esse fenômeno foi comprovado após exaustivas pesquisas. Não há mais dúvida nenhuma a respeito. Embora já há cem anos atrás, o espiritismo tivesse provado também com pesquisas. Mas as pesquisas atuais vieram comprovar aquilo que o espiritismo já demonstrara. Existe a possibilidade de o senhor, como espírito que o senhor é – porque o senhor está num corpo humano, num corpo material, mas o senhor é um espírito – e o espírito tem essa percepção. É aquilo que se chama percepção extra-sensorial. Não é uma percepção pelos seus olhos, pelos seus órgãos sensoriais, porque os órgãos do sentido que o senhor possui não podem ver à distância. Mas o senhor percebe à distância pelo seu espírito. O espírito tem a possibilidade de ver à distância. Só se processa esse fenômeno quando o espírito tem a facilidade de ser libertar por instantes, às vezes muito rapidamente, da rede sensorial do corpo. Quer dizer, quando ele se desliga dos órgãos dos sentidos e ele, como espírito, então, tem a visão à distância pelo pensamento. Dessa maneira, ele pode ver. É isso que acontece com o senhor, naturalmente. É um fenômeno natural da mediunidade. O senhor como médium tem esse, como pode ter muitos outros fenômenos mediúnicos, uma vez que a mediunidade é uma só, mas tem várias manifestações. Entretanto, é claro que tudo isso nos é dado por Deus. Do ponto de vista de que Deus foi nosso criador, de que Deus é a inteligência suprema do universo, que produz todas as coisas, que produziu todas, e que as sustenta no universo, então é claro que tudo quanto nós possuímos em matéria de funções, de atividades, de qualidades, tudo isso provém de uma fonte única que é Deus> Mas o senhor percebe pela sua própria atividade espiritual. Locutor - Mais alguma coisa?

 

Download Pergunta nº 9: Deus e o Diabo

 

Plateia - Uma coisa que muitas vezes sempre eu ficava confuso porque eu felizmente trabalho na obra de caridade, não dependo de dinheiro porque tenho meu ofício para trabalhar para manter vida, então eu preciso da parte espiritual para me manter, mas preciso, assim, da obra de caridade, conforme nós lemos no evangelho. Mas diversas pessoas às vezes falam comigo... eu não me sinto nervoso, eu procuro converter ele com paciência, com calma, mas ele sempre fala que o espírito do demônio também se manifesta nesses médiuns. Eu acho que o demônio não pode ter um poder igual a Deus, porque o demônio pode fazer cura, o que quer que seja, mas não numa reunião do evangelho...

 

J. Herculano Pires - Pois não. Eu entendi o que o senhor quer dizer. Realmente não pode haver uma dualidade no universo: Deus e o diabo, né? O diabo seria um concorrente de Deus, seria um opositor a Deus, então neste caso Deus não seria Deus. Quer dizer, se há dois poderes iguais, um para o mal e outro para o bem, então nós temos o deus do mal e o deus do bem. Isso contraria o pensamento espírita, nós não aceitamos isso. Aquilo que as religiões em geral chamam de demônios, e isso está bem claro no próprio evangelho quando nós lemos os fatos referentes à vida de Jesus, quando Jesus expulsava os espíritos maus das pessoas sofredoras, das pessoas possessas, muitas vezes o evangelho consigna que ele expulsava demônios. No caso, por exemplo, de Maria Madalena de quem ele retirou, por assim dizer, sete demônios. Os demônios são espíritos inferiores, muitas vezes sofredores, perturbados, que causam distúrbios às pessoas às quais se aproximam, e se a pessoa tem mediunidade, tanto mais está sujeita à influência desses espíritos, de maneira que não é propriamente a ação sobrenatural de um espírito fora da humanidade. É a ação natural de um espírito humano, porque de acordo com o espiritismo, os espíritos pertencem à natureza, eles não são sobrenaturais. A natureza é constituída de leis, e essas leis regem tanto os espíritos encarnados quanto os desencarnados. O espírito que se liberta do seu corpo material passa a viver no perispírito, que é o seu corpo espiritual. Isso foi dito de maneira tão clara, tão precisa, e tão bonita pelo apóstolo Paulo na primeira epístola aos coríntios quando ele diz: Nós temos corpo animal, mas temos também corpo espiritual. Planta-se o corpo animal, quer dizer, enterra-se o cadáver, e ressuscita o corpo espiritual. Então ele chama o perispírito, que nós dizemos no espiritismo e que é o corpo espiritual, ele chama de corpo da ressurreição, que realmente é o corpo com que todos nós ressuscitamos. Não há morte porque há ressurreição. Ora, sendo assim nós então compreendemos que os espíritos que se manifestam através dos médiuns são espíritos de criaturas que morreram, que passaram para o plano espiritual e que podem se comunicar com os médiuns. Por quê? Porque os médiuns também são espíritos. Então há uma relação muito natural entre a mente do médium e a mente do espírito. Este, por exemplo, é um dos pontos que as pesquisas parapsicológicas atuais no campo da parapsicologia confirmaram perfeitamente a teoria espírita. Por exemplo, o professor Soal, da Universidade de Londres, em pesquisas com o professor Whately Carington, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, os dois em relações de pesquisas chegaram à comprovação daquilo que chamaram a mente desencarnada que é capaz de se comunicar com a mente encarnada. E por quê? Porque ambas emitem pensamentos. Então é possível a telepatia entre o espírito e o homem, entre o homem e o espírito. E essa telepatia é em si mesma uma forma de comunicação mediúnica. Mais do que isso, porém, o Livro dos Médiuns explica que quando um espírito se aproxima de um médium para se comunicar, ele não entra no corpo do médium como se pretende; ele apenas emite vibrações do seu perispírito. Essas vibrações excitam as vibrações do perispírito do médium. Então o médium é aquela pessoa que tem bem aguçada essa sensibilidade de sentir a presença do espírito e responder a essa presença. Há então uma comunicação vibratória, como se fosse uma comunicação energética, por meio de ondas, e os dois espíritos se ligam: o espírito do médium e o espírito comunicante. Então o médium pode realmente dar a comunicação, porque o espírito está usando ele, está falando através dele, ele é o intérprete do espírito e comunica aquilo que o espírito quer. Assim sendo, como Kardec explica muito bem, não se trata aí de um fato sobrenatural, porque aquilo que é sobrenatural está fora da natureza. Nós não podemos analisar nem pesquisar. Está além da natureza, e nós somos elementos naturais dentro da natureza. Então estes fatos podem ser pesquisados, inclusive pela ciência, como se provou na metapsíquica, como se prova agora na parapsicologia, esses fatos são perfeitamente acessíveis à pesquisa científica: são fatos naturais. Kardec tem uma expressão que, aliás, é hoje bastante comum de se dizer assim: o sobrenatural é o natural não conhecido. Enquanto não conhecemos o natural, não sabemos como se dá, como se realiza aquele fenômeno, nós o consideramos no plano do sobrenatural. Mas quando nós descobrimos as suas leis, quando nós sabemos como ele se processa, ele se torna natural. De maneira que o que se passa com o senhor não é sobrenatural, é natural.

 

Download Pergunta nº 10: Um espírito, cinco médiuns

 

Locutor - Continuamos com nosso diálogo. Nome e pergunta.

 

Plateia - Alfredo Alves. Professor, eu queria saber com o senhor: um espírito pode se comunicar com quatro, cinco médiuns num tempo só?

 

J. Herculano Pires - A comunicação de um espírito com vários médiuns pode ser possível se se tratar de um grupo de médiuns submetidos à ação de um único espírito. Então esse espírito agindo sobre aqueles médiuns e conseguindo dominá-los, que eles se entreguem facilmente a ele, ele pode transmitir essa comunicação pelos vários médiuns. Mas é um fato muito raro, porque geralmente os espíritos não têm capacidade para isso. Isto é uma capacidade de que dispõem espíritos elevados. Espírito já de condição mais inferior, como espíritos sofredores, espíritos perturbadores, espíritos que precisam ser até mesmo esclarecidos numa sessão espírita, não têm condições para fazer isso.

 

Locutor - Mais alguma coisa?

 

Plateia - Não. Obrigado.

 

Download Pergunta nº 11: Gestação

 

Locutor - O senhor: nome e a pergunta, por favor.

 

Plateia - Cícero Guedes de Moura. A nossa pergunta é a seguinte professor: há alguma coisa que influa as senhoras a partir da concepção, durante a gestação e após o nascimento do bebê em suas atividades num centro bem dirigido?

 

J. Herculano Pires - Eu não entendi a sua pergunta. O senhor acha que a mulher que engravidou e trabalha num centro espírita é afetada por isso?

 

Plateia - Certo. Se há algum inconveniente que ela continue desenvolvendo as suas atividades normais no centro, como, por exemplo, dar passes e tomar parte em reuniões de caridade, por exemplo, e receber espíritos sofredores, atrasados para doutrinação.

 

J. Herculano Pires - Sim. Seria bom que ela se abstivesse de participar das atividades do centro enquanto está no estado de gravidez à espera do nascimento do filho, porque nós sabemos que o médium se expõe numa reunião no centro espírita. Onde há doutrinação de espíritos inferiores, há vibrações às vezes bastantes pesadas que podem influir até mesmo no funcionamento, embora de maneira passageira, no funcionamento orgânico do médium. E uma pessoa que está num estado assim e que precisa ter cuidados relativos não só à saúde, mas principalmente com a da criança que está se desenvolvendo. Então é conveniente que ela se abstenha de participações assim. Plateia - Nas sessões de caridade, por exemplo, que se relaciona com comunicações de espíritos sofredores. Mas trabalhos normais de passes...

 

J. Herculano Pires - Passes e preces não há problema.

 

Plateia - Certo. Obrigado, professor.

 

Download Pergunta nº 12: Definição do espiritismo

 

Locutor - Nome e pergunta, por favor.

 

Plateia - André Paturmer. Professor Herculano, o senhor poderia nos dar a definição de espiritismo?

 

J. Herculano Pires - A definição do espiritismo? Espiritismo é uma doutrina de base científica, de desenvolvimento filosófico e de consequências religiosas.

 

Download Pergunta nº 13: Comunicação com espíritos

 

Plateia - É uma condição indispensável do espiritismo a comunicação com os espíritos?

 

J. Herculano Pires - Sim. É indispensável pelo seguinte: porque o espiritismo nasceu das comunicações, como, aliás, todas as religiões. Toda religião nasceu da revelação espiritual. A revelação é feita sempre através de médiuns. Os próprios profetas hebraicos, os profetas bíblicos eram médiuns. Moisés era médium. A Bíblia está cheia de fatos relacionados com a mediunidade de Moisés, inclusive fenômenos de materialização provocados pela sua mediunidade. Quer dizer, então, que todas as religiões, de acordo com a doutrina espírita, nasceram da mediunidade. E as comunicações entre espíritos e homens são fatos naturais, tão naturais como as nossas comunicações entre nós mesmos. Desde todos os tempos existiram essas comunicações. Elas não foram inventadas pelo espiritismo. O espiritismo, ao analisar, ao estudar esses fatos, ele não pode prescindir deles porque são eles que nos dão uma visão nova do mundo, a visão de que o homem não morre, o homem continua vivo, a visão das vidas sucessivas e da comunicabilidade possível entre o mundo espiritual e o mundo material.

 

Download Pergunta nº 14: Comparação com a Umbanda

 

Plateia - Então por que o senhor faz essa restrição tão rígida entre umbanda e espiritismo?

 

J. Herculano Pires - Porque espiritismo é uma doutrina. Espiritismo não é fenômenos, é a doutrina. É uma doutrina baseada na pesquisa dos fenômenos, da mesma forma que o senhor poderia fazer o seguinte: quando nós vamos estudar química, nós temos de fazer experiências com os fenômenos, mas temos, primeiramente, de tomar conhecimento da teoria, da doutrina, porque é a doutrina que vai nos dar a lei dos fenômenos. Independentemente disso, há a química natural das coisas, que qualquer pessoa desconhecida de química pode produzir uma reação química. Mas ele não está, ao produzir aquela reação, muitas vezes de maneira inconsciente, ele não está fazendo um trabalho de química no plano científico. Assim também a mediunidade é natural, existe em todo mundo. Para nós dizermos, por exemplo, que umbanda era espiritismo, nós teríamos de dizer que o catolicismo é espiritismo, que o protestantismo é espiritismo, porque no catolicismo e no protestantismo, como em todas as religiões, há manifestações de espíritos. Os espíritos constituem mesmo com suas manifestações a base dessas religiões e, além disso, continua a haver manifestações. Quando o senhor leva, por exemplo, uma pessoa que está em estado de desequilíbrio mental por ação de uma entidade espiritual maligna para um padre fazer um exorcismo, o que o senhor vai fazer? O senhor vai lidar com um problema mediúnico através da possível expulsão daquele espírito pelo padre. Assim também em todas as demais religiões existem estes problemas, mas elas não são espiritismo. Por quê? Porque cada religião tem a sua doutrina, e a sua doutrina contradiz em muitos pontos a doutrina espírita. Não sei se me tornei compreensivo neste sentido.

 

Plateia - Perfeitamente. Muito obrigado.

 

Download Pergunta nº 15: Porque se pratica a macumba

 

- Locutor - O nome da senhora e a pergunta.

 

Plateia - Dora Paturna. Se o espiritismo pratica o bem, por que existem espíritos maus que praticam a macumba?

 

J. Herculano Pires - Justamente porque o espiritismo é uma doutrina, não é os espíritos. Os espíritos são elementos naturais, os espíritos existem na natureza como nós, que somos espíritos, também existimos. Então o espiritismo é uma doutrina baseada no estudo das manifestações dos espíritos e o seu objetivo é unicamente o bem, é claro. Porque é uma doutrina que tem por finalidade trazer uma contribuição para melhorar a vida humana, a condição do homem na Terra. E para facilitar ao homem as conquistas que ele deve realizar como espírito na sua evolução. Os espíritos maus existem porque existe a inferioridade humana. Os espíritos que ainda não evoluíram suficientemente estão num plano inferior de moralidade e de inteligência; eles são maus, podem ser maus, e a maldade provém não propriamente do desejo de serem maus, mas da sua falta de visão, da sua falta de compreensão da vida. Muitas vezes uma pessoa má, uma vez instruída e esclarecida, deixa de ser má, porque ela enxergou de uma forma diferente a vida, ela tem uma compreensão nova que a ajuda a se desprender das práticas inferiores. A macumba não tem nada que ver com espiritismo. A macumba é uma prática de religião primitiva. Existem as religiões primitivas nos povos selvagens. A macumba veio da África com o tráfego negreiro. Os negros trazidos ao Brasil para trabalharem aqui trouxeram com eles a sua religião, era natural. Eles foram indivíduos caçados nas selvas, eram povos primitivos, viviam numa vida semi-selvagem. Trazidos para cá, eles vieram, naturalmente, com os seus sentimentos religiosos, com a sua fé, a sua crença, a crença nos deuses espirituais da África, e chegando aqui continuaram as suas práticas. A diferença que existe entre a macumba praticada pelo negro lá na África e a macumba praticada pelo branco aqui no Brasil, por exemplo, a diferença que há é a seguinte: o negro quando fazia uma prática de macumba – e vamos esclarecer bem o problema: macumba não é o nome de uma religião, era o nome de um instrumento que os negros usavam para chamar os espíritos. Então, quando aqui passou a designar o ritual praticado pelo macumbeiro, pela macumba, passou a designar esse ritual porque quando os negros tocavam a macumba lá no meio da mata, os senhores perguntavam para os negros que estavam na senzala: o que é aquilo? O que está havendo? Eles diziam: É macumba, senhor. Então passou a se chamar macumba o ritual. Assim como umbanda não é nome da religião. A religião que hoje chamamos aqui de umbanda tinha outro nome, umbanda era simplesmente o título do sacerdote da umbanda. Agora acontece que essas religiões primitivas são todas de natureza mediúnica. Por que são de natureza mediúnica? Porque, como disse Kardec, os espíritos são uma das forças da natureza. Os espíritos existem por toda parte; os espíritos trabalham nos elementos naturais; os espíritos são elementos da própria natureza em desenvolvimento. Então eles estão por toda parte. Nos povos primitivos, eles reconhecem essa presença dos espíritos na natureza, porque eles são homens selvagens que vivem no contato pleno com a natureza, estão desprovidos dos condicionamentos racionais e culturais que nós desenvolvemos na civilização. Então eles têm a mente naturalmente aberta para aqueles fatos naturais que ocorrem no meio da floresta. Eles conhecem a relação entre o homem e o espírito. Então eles praticam uma religião que é de tipo espirítica, mas não é espiritismo, porque o espiritismo é o estudo de todos esses fenômenos, a pesquisa feita sobre esses fenômenos, e depois a interpretação do mundo através dos dados adquiridos nessa pesquisa científica. Então surge a filosofia espírita, que é uma concepção nova do mundo. O mundo povoado não apenas de seres carnais como nós, mas também de seres espirituais que estão ao nosso redor. Agora, mesmo aqui neste auditório, nós estamos todos sentados e há muitos espíritos aqui entre nós. Muitos espíritos que participam desse nosso trabalho estão ouvindo o que falamos aqui. Alguns se divertem com o que dizemos, alguns nos desaprovam, outros aprovam e assim por diante, porque os espíritos são uma das forças da natureza. Então o espiritismo não tem nada que ver com as práticas de macumba, de candomblé, de umbanda, de quimbanda e assim por diante que fazem por aí. Essas práticas pertencem às religiões primitivas da África que foram trazidas para o Brasil e aqui se desenvolveram trezentos anos antes de que o espiritismo se desenvolvesse.

 

Download O evangelho de Cristo em espírito e verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Aberto o evangelho ao acaso pela nossa ouvinte senhorita Neide Camacho encontramos a seguinte passagem em Atos no capítulo oitavo, do versículo 14 ao 20. Pedro e João em Samaria. Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe a Pedro e a João os quais foram para lá e oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre nenhum deles havia ainda ele descido, mas somente tinham sido batizados em nome do senhor Jesus. Então sendo-lhes impostas as mãos de Pedro e de João, recebiam o Espírito Santo. Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito, ofereceu-lhes dinheiro dizendo: Dai-me também este poder que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Mas Pedro disse-lhe: Pereça contigo o teu dinheiro, pois julgaste adquirir por meio dele o dom de Deus.

 

Este episódio de Atos dos apóstolos nos traz uma bonita confirmação de que, na realidade, os fatos do espiritismo encontram sua justificativa nos próprios evangelhos, e não só no evangelho como também na Bíblia. Nós vemos aí o fenômeno de imposição das mãos. Era uma prática muito usada no tempo apostólico como nós vemos nesse livro de atos. Os apóstolos procuravam curar e procuravam batizar no espírito e não na água quando impunham as mãos, porque ao imporem as mãos sobre a cabeça de um médium, eles auxiliavam a manifestação espiritual. Eles podiam fazer com que o espírito que desejava comunicar-se encontrasse maior facilidade para essa comunicação. Por outro lado, a imposição das mãos corresponde perfeitamente ao passe espírita. O passe é dado estendendo-se as mãos sobre a cabeça, ou sobre as partes afetadas do doente, conforme a determinação dada ao médium por impulsos pelo espírito que o controla na execução do passe. Fazendo assim os médiuns conseguem realmente não só transmitir fluidos benéficos para o doente como, nos casos de auxiliarem a comunicação do espírito, conseguem fazer com que o espírito se comunique. Naturalmente, poderiam argumentar que nesse episódio de Atos dos apóstolos nós temos a manifestação do Espírito Santo. Acontece que o Espírito Santo corresponde, no espiritismo, àquilo que nós chamamos do espírito bom, o espírito esclarecido, o espírito que não é maldoso. Este espírito era chamado pelos antigos de Espírito Santo. Justamente por isso, quando Pedro e João colocaram as suas mãos sobre a cabeça do médium, ele recebeu o Espírito Santo. E quando acontecia a recepção de um espírito bom por uma pessoa, os apóstolos consideravam que aquela pessoa estava batizada no espírito, segundo a expressão de João Batista quando disse que atrás dele não viria aquele que batizaria em água, mas no fogo e no espírito. Do nosso ponto de vista espírita, não quer dizer propriamente isso. Quer dizer simplesmente que a imposição das mãos facilita a comunicação do espírito. E por que facilita? Por um processo puramente psicológico? Seria uma sugestão dada ao médium com o gesto de se impor as mãos sobre a sua cabeça? Não. De acordo com o que dizem os espíritos e de acordo com aquilo que se verificou em sucessivas experiências desde o tempo de Kardec até hoje, o que acontece é o seguinte: quando duas pessoas ou mais estendem as mãos com o desejo real de auxiliar um médium na recepção de um espírito, elas realmente auxiliam porque o espírito necessita de fluidos orgânicos, materiais do corpo do médium para a sua comunicação se tornar mais plena, mais perfeita. Ele tem de se integrar nesses fluidos materiais. Tem de misturar, como diz o Livro dos Médiuns, os seus fluidos espirituais com os fluidos orgânicos, materiais do médium para que ele possa ter a impressão de estar vivendo no plano material e assim conseguir-se mais facilmente manifestar-se pelo médium. Quando nós colocamos as mãos sobre a cabeça de um médium, nós também transmitimos um pouco dos nossos fluidos orgânicos, materiais para o médium, e ao mesmo tempo para o espírito que ali está tentando se comunicar. Estabelece-se, então, um conjunto vibratório. Não é apenas a dupla médium e espírito que estão em atividade. Aqueles que vêm ajudar o espírito na comunicação também entram em atividade nesse conjunto, e assim se processa um dinamismo maior em que os fluidos, as vibrações, se tornam mais eficientes e permitem a comunicação. Vemos então que os trechos dos evangelhos, como na própria Bíblia existem numerosos trechos assim, correspondem de maneira perfeita àquilo que nós encontramos nas práticas espíritas. Essas práticas, tantas vezes deturpadas pela incompreensão de cristãos que militam em outros campos do cristianismo, essas práticas, na verdade, vêm desde os tempos apostólicos. Os espíritos se manifestavam como nós vimos neste caso. E não se manifestavam apenas espíritos santos, mas também os espíritos maus, os espíritos chamados de demoníacos. Nós vemos constantemente Jesus expelindo esses espíritos de criaturas possessas com quem ele se encontrava. Nós vemos também os apóstolos realizarem essas práticas e vemos os espíritos se comunicarem. Na Primeira Epístola aos coríntios, que eu já tive a oportunidade de citar aqui, com referência ao perispírito, nós encontramos, quando ele trata dos dons espirituais, uma verdadeira descrição da sessão espírita realizada pelos apóstolos. Não era naturalmente aquilo que hoje chamamos sessão espírita, porque o espiritismo veio muito depois. Mas era aquilo que nós podemos chamar a raiz, a origem espiritual de que iriam nascer as sessões espíritas, porque os apóstolos se sentavam às mesas, se sentavam reunidos em torno de uma mesa, por exemplo, para fazerem preces, cantar, e durante aquele momento em que ali estavam, eles deviam utilizar os seus dons espirituais dando comunicações de espíritos. Tanto assim que o apóstolo chega a prescrever a maneira por que eles devem se comportar na mesa, a maneira por que eles devem receber o espírito e chega mesmo a advertir aqueles que nós chamamos hoje de médiuns que falam línguas diversas, ou médiuns de xenoglossia. Chega a adverti-los de que se não houver ali presente uma pessoa capaz de traduzir a língua na qual ele vai receber a mensagem, ele não deve recebê-la, porque essa mensagem não lhe servirá para edificar ninguém, uma vez que ninguém vai entendê-la. Então, vemos de maneira bem precisa que a raiz do espiritismo, como dizia Kardec, é o próprio cristianismo; que no espiritismo se realiza aquilo que Jesus anunciou e que, particularmente no evangelho de João capítulo 18, está bem claro, bem objetivo: Jesus anunciou a vinda do consolador, do Espírito da Verdade; que ele pediria ao pai que enviasse ao mundo para esclarecer os homens no momento em que os homens estivessem em condições de compreender esses problemas. Realmente foi o que aconteceu: o cristianismo se desenvolveu misturando-se com as antigas religiões e confundindo-se com elas em práticas, em dogmática, em sistemática religiosa, ritualística e assim por diante. Mas o Espírito da Verdade viria no momento preciso para fazer aquilo que Jesus anunciou: restabelecer a pureza do cristianismo e restabelecer a compreensão espiritual do homem com referência à sua própria natureza e ao seu destino espiritual. Isso nós vemos claramente, portanto, nos próprios textos evangélicos, como hoje nos prova o trecho que foi aqui aberto ao acaso por uma das pessoas presentes ao nosso auditório e que não tinha absolutamente [inaudível] Caiu exatamente o trecho que vem nos esclarecer a respeito desse assunto.

 

Uma pergunta a você, amigo ouvinte. De tudo que dissemos hoje neste programa, há alguma coisa de que você discorda? Se há, escreva-nos a respeito, corrija-nos, explique-nos os seus motivos. Se você está sem razão, diremos o porquê. Isso é diálogo, amigo. Estamos na era do diálogo. Mas não se esqueça de que todo diálogo, para ser válido, tem de ser racional. Uma boa razão, uma razão legítima, clara e insofismável faz qualquer um entregar os pontos.

 

No Limiar do Amanhã, tragada foi a morte na vitória.

 


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