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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.


 
No limiar do amanhã, um desafio no espaço.
 
Quanto mais a ciência progride, mais se debate a mente humana entre as suas dúvidas e perplexidades. Afinal, somos criaturas animais ou seres espirituais? Estamos condenados a desaparecer nas cinzas do túmulo ou destinados a ressuscitar para a vida eterna? Essa é a pergunta que fazemos. Quem nos faz essa pergunta escrevendo-nos a respeito é o ouvinte Altivo Marinho que em nome da confraria dos céticos do Morumbi assim nos interpela. Que lhe responda a ele e a sua estranha confraria uma voz de mulher.
 
O progresso da ciência nos vem trazendo um esclarecimento constante dos enigmas da natureza e dos enigmas do homem. A ciência provou que a matéria é uma condensação da energia e que a energia emana de fontes inesgotáveis. Nada se perde, nada se acaba. Tudo se transforma e, portanto, sobrevive. Só o homem teria de acabar? Por quê?
 
A carta de Altivo Marinho prossegue em tom dramático. Se o homem sobrevive à morte, em que se transforma? Pergunta ele. Num pássaro de fogo? Numa corrente de energia misteriosa? Ou num sopro invisível? Neste caso não será mais homem. O homem se acaba no túmulo. A ciência descobre a mecânica do fim. Nada mais do que isto. De que vale a ciência? De que valem as suas pesquisas se nada resolvem?
 
A confraria dos céticos não sabe que o espírito é sopro? Sim. É o sopro da vida que anima o nosso corpo material. E o que é o homem? O seu corpo animal ou o espírito que o anima? Assim como a casca não é a laranja, assim também o corpo não é o homem. Dizia o padre Vieira: Quereis saber o que é a alma? Olhai um corpo sem alma e a ciência dos nossos dias descobriu que o homem é constituído de uma energia interna, de um corpo energético que anima o corpo material.
 
A confraria dos céticos está em desespero porque o seu ceticismo se aturde como as conquistas científicas atuais. Essa carta que nos chega no limiar do amanhã é um pedido de socorro. Mas como havemos de salvar os que não acreditam na sua própria salvação? Haveria alguma forma de levarmos aos céticos um sopro de esperança?
 
Sim, podemos assoprar lufadas de esperança nas velas murchas desse barco fantasma, perdido no nevoeiro da dúvida. Os físicos soviéticos estão provando sem querer, contra as próprias convicções materialistas, que o corpo carnal do homem é apenas um instrumento de um corpo intangível, feito de energia e de luz que não se destrói e não se apaga no fenômeno da morte. Muito antes deles o apóstolo Paulo descobriu um corpo espiritual do homem e exclamou para os séculos futuros: Onde está, oh morte, a tua vitória! Podemos agora perguntar aos céticos: Onde está, oh céticos, o vosso ceticismo? 
 
No limiar do amanhã. Um programa desafio.
 
Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão 170. Quarto ano.
Locutores: Jose Pires e Jurema Iara. Sonoplastia: Paulo Portela. Técnica de som: Antonio Brandão. Direção e participação do professor Herculano Pires. Um desafio a todos os que dormem. Gravação nos estúdios da Rádio Mulher São Paulo.
 
Todas as semanas neste dia e neste horário, esse programa é transmitido pela Rádio Mulher 730kHz São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol 650kHz Araraquara. E pela Rádio Difusora Platinense 780 kHz Santo Antonio da Platina Paraná. Todas as semanas neste dia e neste horário.
 
Diálogo no limiar do amanhã. Uma busca radiofônica da verdade.
 
Estamos no limiar de uma nova era e fizemos a maior de todas as descobertas. A da natureza espiritual do homem.
 
Professor, a ouvinte Ana Maria Gassis da rua Botucatu pergunta...
 
JHP  - Jurema, eu vou pedir a você o seguinte, você fará daqui a pouquinho a pergunta. Eu vou fazer aqui uma explicação, dar uma satisfação a alguns ouvintes e ao mesmo tempo dar uma notícia muito agradável para nós, e certamente para todos aqueles que ouvem ao nosso programa, que o tem acompanhado e, que nos escrevem numerosas cartas de estímulo. A notícia é a seguinte. O nosso companheiro Altrovando Góes Ribeiro, da Rádio Difusora Platinense, de Santo Antonio da Platina, escreve-nos informando o seguinte. Estamos enviando fitas cassetes em gravação do programa no limiar do amanhã para as seguintes cidades: Valparaiso, São Paulo. Itajubá, Ibicas, Minas Gerais. Recife, Pernambuco. Jaú, São Paulo. Montes Claros, Minas Gerais. Rio Grande, Estado do Rio Grande do Sul. Ao nos fazer essa comunicação, Altrovando Góes quer que nós registremos aqui quais são as cidades em que as difusoras locais, as rádios emissoras locais, estão também transmitindo o nosso programa. Naturalmente ele vai nos enviar depois a lista geral dessas rádios para que nós possamos dar aqui no programa uma informação mais detalhada aos ouvintes. Como vemos, o trabalho do nosso companheiro Altrovando Góes Ribeiro de Santo Antonio da Platina Paraná na Rádio Difusora Platinense tem sido um grande trabalho em favor da divulgação do programa no limiar do amanhã. Ele mesmo, lá na rádio difusora platinense, faz as gravações e distribui a outras emissoras interessadas na divulgação deste programa. Essa é naturalmente uma notícia muito satisfatória para todos nós porque mostra o interesse que o nosso programa vem despertando. Mas ao mesmo tempo queremos aproveitar esse momento para responder ao Altrovando dizendo-lhe que vamos dar uma resposta à sua carta no tocante aos outros tópicos da mesma, porque há vários problemas que necessitamos examinar antes de responder. Vamos dar a resposta, naturalmente, por escrito.
 
Queremos ainda fazer um aviso aqui neste momento aos nossos ouvintes que tem escrito cartas, formulado perguntas e, até mesmo respondido às perguntas que fazemos no nosso recado final do programa. Infelizmente estamos com o nosso serviço de atendimento de todas essas perguntas em atraso. E isso não por nossa culpa, mas pelo excesso de perguntas formuladas e pela dificuldade que temos naturalmente em atender a todos no tempo devido. Mas pedimos a todos que esperem com tranqüilidade, porque todos receberão a sua resposta. Não deixaremos, se Deus quiser, nenhuma pergunta sem ser respondida.
 
Queremos avisar também ao nosso ouvinte Alberto Domingues que já nos escreveu três cartas interpelando sobre as perguntas que fez e que não foram respondidas. As suas perguntas estão por assim dizer na fila. Aqui também nós temos a fila do microfone com várias perguntas em fila. Elas serão respondidas nos próximos programas. Quanto à resposta que Alberto Domingues nos enviou com referência à pergunta feita no final do programa, eu queria dizer o seguinte ao nosso prezado ouvinte Alberto Domingues. A primeira resposta enviada, na verdade era tão resumida, tão sucinta que nós entendemos que não respondia nada. Quanto a segunda resposta, nós recebemos duas cartas dando a mesma resposta. A segunda carta também a resposta estava muito imprecisa. Mas na segunda carta o nosso prezado ouvinte enviou uma resposta bem definida, bem clara e receberá um livro como um prêmio. Anunciaremos isto logo num dos próximos programas em que iniciaremos, ou melhor re-iniciaremos a distribuição de livros por este programa aos ouvintes que respondem às nossas perguntas. Queria agradecer também ao ouvinte Alberto Domingues as suas referências amáveis ao nosso programa e ao nosso trabalho. Agora, passemos a pergunta Iara, que você ia fazer.
 
Pergunta 1: Afirmação temerária de médium acerca de filhos gêmeos.
 
Locutor
- É da ouvinte Ana Maria Gassis da Rua Botucatu que pergunte o seguinte, Professor. Casei-me há seis anos. No terceiro ano de casada tive gêmeos, um casalzinho de filhos. Mais três anos se passaram e uma minha amiga médium, me disse que não terei mais nenhum. Se isso for verdade, porque vieram dois de uma vez quando o outro podia vir mais tarde?
 
JHP - Eu gostaria de responder à nossa ouvinte o seguinte. Realmente pode parecer estranho que num nascimento ocorra a presença de dois filhos e que depois se tenha que passar algum tempo sem ter filhos. Então a sua pergunta é até muito interessante. Porque vêm dois de uma vez e depois fica um tempo enorme sem vir outro? Bom, é claro que essas minúcias nem sempre nós podemos conhecer. Os problemas humanos são problemas muito complexos. Nós mesmos aqui na terra sabemos que muitas vezes não podemos explicar com precisão porque motivo fizemos isso ou, porque motivo fizemos aquilo. Na verdade o que o Espiritismo nos informa é que os espíritos quando nascem gêmeos é porque são espíritos muito ligados e, que muitas vezes tem um compromisso em comum aqui na terra. Esse é o motivo porque de acordo com as explicações doutrinárias não seria possível então, adiar a vinda do outro gêmeo nascendo apenas o primeiro como a senhora pretendia. Porque naturalmente se eles têm um compromisso em comum, eles teriam de iniciar a sua existência conjuntamente aqui na terra, devem crescer juntos, devem entender-se, conjugar-se, ou se houver desentendimento entre eles, o que muitas vezes acontece. Muitas vezes não são espíritos afins e sim espíritos que vêm para o reencontro aqui na terra e a reconciliação de divergências em vidas passadas. Então neste caso eles precisavam mesmo vir juntos. Este é um dos motivos, naturalmente, que nós podemos apontar como possível para o seu caso.
 
Agora, a senhora diz aqui que uma médium sua amiga diz que a senhora não terá mais filhos. Quanto a isso eu vou lhe dizer com franqueza, embora com o devido respeito a esta sua amiga, que na verdade é um pouco temerário uma pessoa afirmar isso. Mesmo sendo médium, mesmo tendo informações dos espíritos. Porque muitas vezes os próprios espíritos que se comunicam não estão suficientemente informados a respeito destas coisas. É muito comum, por exemplo, em sessões espíritas onde espíritos guias às vezes adiantam certas coisas e depois eles pedirem perdão numa outra sessão por terem adiantado àquilo, uma vez que na verdade eles pensavam que devia ser assim. Mas que chegou a eles do alto, de um plano superior àquele em que eles estão, uma informação contraditória que lhe dá, portanto, uma nova ideia daquilo que devia ocorrer. Ora, sendo assim, nós não podemos aceitar essas informações dos médiuns ou dos espíritos como decisivas. Podemos aceitar apenas como uma opinião dada por um espírito ou por um médium de acordo com a sua impressão do fato. De maneira que a senhora não se impressione com isto, não fique pensando nisto como uma lei, como um decreto que tenha baixado segundo o qual a senhora não terá mais filhos. É possível que tenha e isso tudo depende de ordens superiores, bem superiores aos próprios espíritos que costumam comunicar-se através dos médiuns.

 
Pergunta 2: São os médiuns mistificadores ou recalcados?
 
Locutor
- Meu marido não acredita no Espiritismo. Diz que os médiuns são pessoas recalcadas que desabafam nas sessões ou são mistificadores. O que o senhor poderia responder a ele?
 
JHP - Eu não sei se o seu marido é psicólogo, a senhora não diz. Ou se ele é estudante de psicologia. Ou se ele é um leitor assíduo de obras psicológicas. Na verdade esta afirmação dele de que os médiuns são pessoas recalcadas que desabafam nas sessões, é uma afirmação que tem sido feita por psicólogos que querem explicar o problema da mediunidade fugindo à realidade da manifestação dos espíritos. Ora, nós sabemos perfeitamente que o problema dos recalques implica o problema do inconsciente. Nós todos temos como sabemos, o nosso consciente, a nossa mente de relação, a mente consciente, com a qual nós estamos vivendo nos orientando, estabelecendo relações com os outros, observando a realidade exterior, julgando nosso o comportamento e o comportamento alheio. Procurando enfim nos orientar. Esta mente de relação é o nosso consciente e nós sabemos que nesse consciente estão os conhecimentos imediatos de que nós necessitamos para nossa vida cotidiana. Mas sabemos também que possuímos o inconsciente. E que neste inconsciente existe muitas coisas que nós não conhecemos, justamente porque ele se chama inconsciente. Quer dizer, é um armazém de ideias, de emoções, de sentimentos, de experiências que nós fizemos e que não estão no consciente. Estão armazenados lá embaixo, estão arquivados. Num momento qualquer em que uma ideia, por exemplo, do consciente ou uma emoção do consciente se sintoniza com uma ideia ou com uma emoção do inconsciente, é possível que esta ideia ou esta emoção que está no inconsciente, chamada pela outra pela lei de afinidade, ela então aproxime-se, ela se manifesta no consciente. Ou ela pode explodir no consciente numa forma de reação muitas vezes desagradável e violenta. E sabemos que existe a técnica psicanalítica da catarse pela qual os psicanalistas procuram arrancar do inconsciente do indivíduo certas ideias traumáticas que perturbam o indivíduo, perturbam a sua conduta e o prejudicam.

Mas eu queria lembrar, e a senhora pode dizer isso ao seu marido. Que Freud, o homem da psicanálise, o criador da psicanálise, o iniciador do movimento da psicologia profunda no mundo. Freud tinha um ano de idade. Apenas um ano de idade quando Kardec publicou na França O Livro dos Espíritos. E no Livro dos Espíritos o problema do inconsciente já foi colocado por Allan Kardec. Portanto, os psicanalistas ou psicólogos que em geral supõem que nós espíritas desconhecemos o problema do inconsciente, estão muito enganados. O problema do inconsciente é conhecido no Espiritismo com mais de meio século antes de Freud. Portanto, este problema é bastante conhecido no Espiritismo. Existe um famoso psicólogo inglês espírita Frederick Meyers que publicou um livro muito curioso com o seguinte título. A Personalidade Humana, sua sobrevivência e sua comunicabilidade ou possibilidade de comunicar-se. Pois bem, este livro de um psicólogo que não foi escrito sozinho porque ele teve o apoio de mais dois cientistas famosos que trabalharam com ele. Este livro coloca o problema do inconsciente nas manifestações mediúnicas. É um livro de grande importância. É um estudo científico das manifestações mediúnicas em relação com o problema do inconsciente. Frederick Mayers estabelece o seguinte. Nós temos a mente supraliminar, supraliminar. Esta mente supraliminar é o consciente. E temos a mente subliminar que é o inconsciente. Então diz Frederick Mayers. De acordo com a lei de associação de ideias ou associação de emoções, a mente subliminar pode transpor o limiar da consciência e projetar no nosso consciente alguma ideia ou despertar algum sentimento, alguma emoção que através da ideia vai tocar a nossa afetividade. Ora, então Mayers estuda bem o problema da inspiração, o problema da recepção de mensagens psicográficas, todos estes problemas à luz do Espiritismo e à luz da psicologia profunda. E mostra que no Espiritismo nós temos uma catarse muito mais profunda do inconsciente, do que a catarse psicanalítica. Isto por que? Porque no Espiritismo nós não tratamos apenas dos traumatismos possíveis da infância da criatura ou da sua adolescência nesta vida apenas. Nós tratamos também de investigar em maior profundidade o arquivo do inconsciente no tocante às vidas anteriores do indivíduo. Aquilo que ele traz consigo e que Kardec chama no Livro dos Espíritos, os instintos espirituais que nós trazemos, que são impulsos que determinam as nossas tendências, as nossas vocações aqui na terra. E de todos estes impulsos é necessário que nós tomemos conhecimento através de uma investigação mais profunda no inconsciente.
 
Atualmente no campo da parapsicologia nós encontramos a mesma coisa. O professor Jean Herenvald que é um grande psicanalista inglês, ele escreveu um livro muito curioso chamado Novas Dimensões da Análise Profunda. E ele se apóia nas pesquisas parapsicológicas para mostrar que estas pesquisas abriram uma possibilidade muito maior de investigação do inconsciente, do que àquelas possibilidades que nos são oferecidas pela psicologia profunda. A Parapsicologia penetrou muito mais fundo no inconsciente. E Herenvald nesse livro, Novas Dimensões da Análise Profunda, ele nos mostra que o Espiritismo tem na realidade uma contribuição importante a dar nesse campo da investigação do inconsciente. O livro de Frederick Mayers, A Personalidade Humana e sua sobrevivência já foi editado no Brasil. Está publicado em português e foi lançado pela Livraria Editora Boa Nova, cuja livraria fica na rua Aurora, 706, próxima à Avenida São João. Então é fácil de seu marido ali adquirir este livro e tomar conhecimento deste problema do inconsciente de maneira mais profunda.
 
Ao mesmo tempo quando ele fala que os médiuns são mistificadores, a senhora pode lembrar a ele que são numerosos os cientistas espíritas no mundo que realizam sessões espíritas e investigam o problema das manifestações espíritas através dos médiuns. Será que todos esses cientistas são incapazes de perceber a mistificação dos médiuns? Os médiuns são criaturas humanas muitas vezes quase analfabetas, desprovidas de conhecimentos, de possibilidades científicas para fazerem uma fraude tão grande diante de cientistas, de investigadores, em sua grande maioria psicólogos e hoje até mesmo parapsicólogos. Por outro lado a senhora deve lembrar ao seu marido que as manifestações espíritas não se dão apenas através de médiuns falando. Existem as manifestações independentes dos médiuns. Por exemplo, o fenômeno da voz direta em que o espírito fala independentemente do médium. Não é pela boca do médium que ele fala. A voz do espírito vibra no espaço. É por isto que se chama voz direta. Eu queria lembrar também que estas experiências de voz direta, ainda há poucos anos foram feitas no campo da parapsicologia por dois grandes parapsicólogos ingleses. O professor Soal da Universidade de Londres e o professor Whately Carington da Universidade de Cambridge. Realizaram a experiência nesta última universidade, a de Cambridge. E ali obtiveram a voz direta. O que prova que os espíritas estão certos quando falam nisso.
 
Mas existe também a escrita direta em que o espírito escreve sem ser pela mão do médium. Escreve diretamente no papel, na lousa. Por exemplo, o professor Frederick Zollner da Universidade de Leipzig, na Alemanha, realizou uma série de experiências interessantíssimas com lousas, lousas lacradas. Ele juntava duas lousas, fechava e lacrava ao redor e os espíritos escreviam lá dentro da lousa. Escreviam lá dentro as mensagens. Certa vez um cientista, seu companheiro da Universidade de Leipzig que não acreditava naquilo, pediu uma resposta para uma pergunta. Foi feita a lacração da lousa na presença do cientista que interrogava, foi feito todo processo e colocada à lousa sobre a mesa. As pessoas circundantes entraram em concentração esperando a manifestação do espírito. Passado o tempo determinado, abriram a lousa, deslacraram. Não estava escrito na lousa com giz como o espírito costumava fazer a resposta. Estava escrita num papel à lápis que fora colocado dentro da lousa. Mas esse papel não estava lá dentro da lousa, só foi colocado pelo espírito.
 
Agora atualmente como nós sabemos, está em desenvolvimento a grande pesquisa a respeito das comunicações dos espíritos por gravadores cassete. Nos gravadores cassete, nas fitas magnéticas os espíritos gravam mensagens. Ninguém ouve as mensagens. As mensagens são gravadas de maneira que nós ainda não sabemos, não podemos definir. As mensagens são gravadas pelos espíritos diretamente nas fitas gravadoras. Por exemplo, o doutor Constantin Raudive que é um grande psicólogo alemão em Berlim, o doutor Constanti Raudive dirige a pesquisa na Alemanha. E no último congresso de parapsicologia, Raudive apresentou nada menos de trinta mil mensagens gravadas por gravadores comuns nas experiências científicas realizadas por ele. As mensagens identificam os espíritos pela voz. Assim como na voz direta nós conhecemos o espírito que está se manifestando, se ele foi nosso conhecido aqui na terra. Assim também nas mensagens de gravadores acontece o mesmo. E a pesquisa é científica, não é uma pesquisa comum. Ainda agora nestes dias a editora Edicel da Rua Genebra, 122 esquina da Rua Maria Paula, lançou um livro curioso chamado, Os Espíritos Comunicam-se por Gravadores. É a tradução de um livro em inglês que nos dá uma ideia, um panorama da pesquisa das gravações de vozes feita na Inglaterra. Assim, a senhora pode dizer ao seu marido que ele está muito enganado a respeito dos problemas mediúnicos, que estes problemas são muito mais sérios do que ele pensa.  
 
Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio mulher, Rua Granja Julieta, 205 São Paulo. Participe do nosso diálogo. Pergunte, ouça a resposta. Conteste-a se for o caso. Estamos no ar para dialogar. O diálogo nos revela a nós mesmos.
 
Agenda sonora, um boletim de notícias espíritas. Realiza-se em Marilia neste momento a primeira prévia do Primeiro Seminário de Cultura Espírita daquela cidade, centralizando toda a região da Alta Paulista. Nesta prévia serão colocados os temas seguintes: Ciência Espírita, Filosofia Espírita, Religião Espírita e Educação e Pedagogia Espíritas. Temas subsidiários tratando de assuntos derivados dos temas fundamentais poderão ser apresentados na segunda prévia. Problemas de ética e moral, estética e arte, de pesquisa e, metodologias, serão tratados por especialistas nestes campos. Participam da primeira prévia representantes de instituições culturais, espíritas, da região...
 
A solenidade de entrega do título de cidadão campineiro ao médium Francisco Candido Xavier. O título é outorgado pela câmara municipal de Campinas em ampla solenidade pública oficial. Mais uma consagração oficial de Chico Xavier e do valor de suas atividades mediúnicas em favor do esclarecimento espiritual do nosso povo e do desenvolvimento da cultura espírita no Brasil e no mundo.
 
Realiza-se no próximo dia três de agosto, sábado, a solenidade de inauguração do novo auditório do Centro Espírita Nova Era a rua Belchior Pontes, 518 Santo Amaro. Celebra-se na mesma ocasião o 21° aniversário de fundação dessa instituição. Vinte e um anos a serviço da orientação espiritual do nosso povo. Anotem o endereço e o horário: Rua Belchior de Pontes, 518 às 18:00 Horas.
 
Será iniciado dia quatro de agosto domingo próximo às 20:00 horas na federação espírita do estado um curso sobre o livro O céu e o Inferno de Alan Kardec. Comemora-se nesse mês o centésimo nono aniversário da publicação do livro em Paris. O curso estará a cargo do professor Herculano Pires e as aulas serão dadas no correr de todos os domingos do mês de agosto.
 
Não se esqueça amiga ouvinte do seu encontro marcado com o Espiritismo segundas e sextas-feiras no centro espírita renovação a rua Espírita, 116 travessa da rua Lavapés no Cambuci. As sessões se iniciam as 20:30 em ponto. Entrada franca.
 
Diálogo no limiar do amanhã. Você estará com a verdade ou nós? E o que é a verdade? Pilatos perguntou, mas Jesus não respondeu.


 
Pergunta 3: Promessa de comunicação com espírito de pai de amiga.
 
Locutor
- Continuando a responder a ouvinte Ana Maria Gassis da Rua Botucatu. Ela fala. Professor, perdi meu pai há dois anos e gostaria muito de falar com ele. Minha amiga médium me prometeu uma comunicação dele. Será possível?
 
JHP  - Que é possível não há dúvida. Entretanto mais uma vez, a sua amiga médium está se colocando numa posição pouco segura. A não ser que ela não tenha prometido, ela tenha apenas dito à senhora, e eu acredito que foi isso que ela fez. Tenha dito à senhora que é possível que o seu pai se manifeste por intermédio dela ou de outro médium possível. Isto sim, nós admitimos. Mas um médium nunca pode afirmar que uma comunicação vai ser dada. Um médium nunca pode dizer eu prometo que receberei uma mensagem do seu pai, de seu irmão, de seu amigo, etc. O médium é simplesmente um instrumento de comunicação. Ele é como um aparelho de telégrafo. O telegrama chega sem que ele menos espera e sem que ele saiba que esse telegrama vinha. Ele não pode assegurar a alguém. Eu vou receber o telegrama que você está esperando. É assim que nós temos que encarar os médiuns e assim que os médiuns têm de proceder com a devida humildade no exercício da sua mediunidade.




Pergunta 4: Consolo espírita por perda de filho de seis anos.
 
Locutor
- Minha vizinha perdeu um filho de seis anos e chora sem parar. Era o único filho. Porque Deus faz isso? Ela é praticante de uma religião protestante, mas não sei qual é. O senhor acha que ela poderia ir a um centro espírita e ser pelo menos consolada?
 
JHP - Aqui há duas perguntas que a senhora faz. Primeiro falando da morte do filho a senhora pergunta. Porque Deus faz isto? Ora, não é Deus quem faz isso. De acordo com a doutrina espírita, segundo as explicações que os espíritos nos dão, e segundo o resultado de todas as pesquisas feitas por Kardec e pelos seus sucessores a respeito deste e outros assuntos similares, não é Deus quem faz isso. Quem faz isso somos nós mesmos. Nós estamos no mundo para evoluir, para nos desenvolvermos como espíritos. O espírito é uma centelha divina. O nosso espírito é divino. Nós todos temos portanto, uma potencialidade muito grande a desenvolver espiritualmente. E estamos no mundo para isso. Para isto enfrentamos as provas, lutamos na vida material, enfrentamos os nossos problemas. Sofremos, nos alegramos e experimentamos tudo quanto a vida pode nos oferecer. E neste processo as nossas potencialidades internas vão se desenvolvendo. Por isso nós passamos por vidas sucessivas. Vivemos uma existência na terra. Morremos. Passamos para a vida espiritual, porque na verdade o que morre é apenas o corpo. E depois voltamos à terra numa nova encarnação. Recebemos outro corpo, outro cérebro em que vamos gravar novas experiências, novas memórias. Mas trazemos no arquivo do nosso inconsciente as memórias profundas das vidas anteriores. E enfrentamos todos os problemas de novo na nova existência, mas já numa nova perspectiva, de uma nova maneira e com novas possibilidades de vitórias. De vida para vida o nosso espírito se desenvolve, se aprimora.
 
Acontece que às vezes em vidas anteriores nós cometemos certas faltas graves na relação com pessoas e na relação com o nosso próximo. E depois na vida espiritual quando lá estamos, nós damos o balanço daquilo que fizemos na existência anterior na terra e vemos que cometemos erros graves, erros que então pesam na consciência do espírito. O espírito pede então para passar numa nova existência por uma prova que o liberte daquele trauma, que o liberte daquele peso que ele carrega na consciência. Então, ele vem enfrentar aqui na terra um problema muitas vezes doloroso, às vezes terrivelmente doloroso. Mas ele vem por vontade própria, porque ele precisa passar. Ele sente que errou e quer se corrigir. Ele mesmo quer se punir. Deus não pune a ninguém. Deus não castiga a ninguém. Deus nos concede sempre dentro do livre arbítrio que ele nos deu, a possibilidade de nos corrigirmos de acordo com as exigências da nossa própria consciência. Então, esta senhora de que a senhora me fala na sua carta, ela certamente teve um problema com referência a esse filho. Esse filho deve ter sido uma pessoa de sua ligação no passado, seja um amigo, seja um parente, seja mesmo talvez um filho. A senhora já imaginou, por exemplo, uma pessoa que, uma mulher, uma mãe, que provoca um aborto criminoso para expulsar um filho que devia nascer com ela e devia ser o seu companheiro numa vida. Esse espírito da mãe que praticou o crime do aborto, ao passar para a vida espiritual ela vai sentir naturalmente o peso na consciência e vai ter conhecimento de que a criatura que ia nascer como seu filho era uma criatura de que ela necessitava e que lhe é muito querida. Ela rejeitou apenas por egoísmo, por um impulso egoísta no momento em que devia acolher esta criatura consigo. Então, ela pede para voltar, para viver uma nova vida e receber de volta este filho. Mas acontece que o filho já progrediu, já avançou mais, encontrou outra mãe que o aceitou e pôde viver a vida de que necessitava. Então o filho não tem mais necessidade de uma encarnação longa aqui na terra e volta a ela. Carinhosamente ele volta desejoso de trazer um consolo, mas por pouco tempo, porque ele tem compromissos maiores na vida espiritual. Então morre ainda pequeno deixando a mãe inconsolável. Mas a mãe está sentindo aquilo porque ela mesma sentiu a necessidade no mundo espiritual de submeter-se a essa prova a fim de aliviar a sua consciência. Então não é Deus o culpado disso. Somos nós mesmos. Nós criaturas humanas que erramos.
 
Quanto a ida dela num centro, o fato de ela pertencer a uma determinada religião protestante não tem importância nenhuma. O problema é dela. Se ela quiser ir participar de uma reunião num centro, isto lhe será favorável. Ela pode realmente obter consolo e poderá mesmo na freqüência ao centro, na sua adaptação à compreensão espírita da vida. Ela poderá mesmo ter a oportunidade de receber até comunicações do filho, ou talvez, se ela tiver possibilidade de desenvolvimento da vidência, poderá ver o próprio filho. Este é um problema que compete a ela. Nenhum centro recusará receber uma pessoa de outra religião, de qualquer religião que seja. Todas as pessoas encontram as portas abertas dos centros espíritas bem dirigidos. Eu aconselharia esta sua amiga, se a senhora quiser lhe transmitir o recado, a ir ao Centro Espírita Renovação que fica na Rua Espírita, 116 travessa da rua Lavapés no Cambuci. Lá ela poderá ir na segunda-feira ou na sexta-feira. São dias de sessões de assistência espiritual em que ela poderá expor o seu problema aos dirigentes do trabalho. As sessões começam sempre às 20:30 em ponto. Ela pode dirigir-se a esse centro. 

 
Pergunta 5: Possuidor de mediunidade de vidência que não vai ao centro por ter medo.
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Jonas Almeida Barros da Rua Borges Lagoa, Vila Mariana, pergunta. Primeiro. Tenho vidência e acredito no Espiritismo, mas não vou a nenhum centro porque tenho medo. O que o senhor me aconselha?
 
JHP - Eu o aconselho a ir, a ir a um centro espírita. Medo de que o senhor tem? O senhor tem medo dos espíritos? Os espíritos na verdade não nos podem fazer nada, a não ser que nós concordemos com eles. Eles estão vivendo num outro plano da vida. Eles não são materiais. Eles não podem nos agredir, não podem nos bater. Eles dispõem apenas da possibilidade de se mostrar a nós. Na verdade essa possibilidade depende também de nós. Nós é que precisamos ter a capacidade de vê-los. O senhor tem essa capacidade, vê os espíritos. Eles se mostram ao senhor e isto deve ser benéfico para o senhor porque eles estão dando a prova que muita gente deseja e não tem, de que nós não morremos. De que a morte é apenas do corpo, porque nós continuamos vivos.
 
O senhor não deve ter medo deles no centro espírita. Pois se o senhor já está acostumado a vê-los, porque teria medo de encontrá-los no centro espírita? Lá eles se comunicarão. Lá o senhor poderá desenvolver melhor a sua vidência, a sua mediunidade. O senhor aprenderá a se orientar epiriticamente em relação com esses fenômenos. O que o senhor deve ter medo é de continuar a desenvolver a sua vidência sem conhecimento da doutrina espírita. Porque em nenhum lugar o senhor encontrará a orientação que o Espiritismo lhe pode dar para o bom uso da sua vidência. Eu aconselho o senhor a ir a um centro espírita e a procurar entrosar-se neste centro para aprender a prática e a teoria espíritas.

 
Pergunta 6: Espírito que diz a ouvinte que mediunidade é coisa do diabo.
 
Locutor
- Há um espírito que me aparece dizendo ter sido meu pai noutra encarnação. E me aconselha a entrar para a religião católica e ser exorcizado por um padre, pois diz que a minha vidência é coisa do diabo.
 
JHP - O senhor vê que este espírito é contraditório. Porque se ele diz que foi seu pai noutra encarnação, ele está admitindo o princípio espírita da reencarnação. Entretanto, ele aconselha o senhor a fugir do Espiritismo e entrar para uma religião que não aceita reencarnação. O senhor vê que ele já se colocou neste simples conselho que lhe deu numa posição contraditória. Por outro lado quem prova que ele foi seu pai numa outra encarnação? O senhor sabe que ele não pode provar isso e que o senhor também não pode ter prova disso. Trata-se de um espírito que quer atrapalhar o seu desenvolvimento mediúnico. Um espírito perturbador. O senhor não pode lhe dar atenção. O senhor tem de ir a um centro espírita e de procurar desenvolver a sua mediunidade de acordo com as prescrições da boa orientação kardeciana que esse centro deverá ter. Eu lhe aconselharia a ir ao Centro Espírita Renovação que ainda há pouco indiquei a ouvinte a cujas perguntas respondi. Neste centro espírita que fica na Rua Espírita, 116, travessa da Rua Lavapés no Cambuci, o senhor poderá expor o seu problema, conversar com os dirigentes da sessão e receber a orientação necessária.

 
Pergunta 7: Com o que se ocupam os espíritos de um planeta em que os espíritos lá encarnados atingiram a perfeição?
 
Locutor
- Professor, pergunta a ouvinte Sonia Pauleto da Rua João Alves, no Piqueri. Sendo que a perfeição anula as obrigações, os habitantes encarnados e desencarnados de um planeta completamente perfeito, com que se ocupam?
 
JHP - A perfeição não anula as obrigações, a senhora se engana nesse caso. Pelo contrário, quanto mais nos aperfeiçoamos, maiores e mais profundas, mais significativas, mais importantes são as nossas obrigações. A senhora pode ver isto aqui na nossa vida terrena. Por exemplo, uma pessoa que não desenvolveu a sua inteligência, que está ainda num plano inferior intelectualmente, ela tem numerosas obrigações no tocante à sua vida aqui na terra, à sua família e os seus serviços. Mas as suas obrigações são de natureza quase primária. Entretanto, um indivíduo que já evoluiu mais, que desenvolveu a sua inteligência, que adquiriu cultura, subiu na escala social, ele tem obrigações mais complexas e a sua responsabilidade é mais grave, é maior. Um indivíduo que evoluiu ainda mais, está num plano mais elevado socialmente e moralmente, espiritualmente já bastante desenvolvido, ele tem obrigações que pesam muito mais sobre ele do que sobre as outras criaturas. Porque ele leva mais a sério, ele tem consciência mais profunda dos seus deveres.
 
Assim acontece com os espíritos. Nós aqui pensamos que os afazeres terrenos são os únicos que existem no universo. Estamos tão enganados. Os afazeres dos espíritos nos planos superiores são muito mais elevados, mais complexos do que os nossos aqui na terra. De maneira que os espíritos ao evoluírem, ao habitarem mundo superiores, eles estão carregados de obrigações e de deveres muito mais importantes que os nossos. O que acontece é que nesses mundos esses deveres não pesam. Esses deveres dão alegria, dão satisfação, dão contentamento. Os espíritos se sentem felizes e honrados ao poderem desincumbir-se dos deveres que eles tem nesses mundos superiores. Mas eles trabalham mais do que nós. Eles trabalham mais não só em quantidade como em quanlidade, porque as suas obrigações são maiores do que as nossas.

 
Pergunta 8: Como se explica a loucura observada em certos animais?
 
Locutor
- Desde que os animais não tem afinidades atrativas nem repulsivas com os espíritos, como se explica a loucura observada em certos animais?
 
JHP - A senhora parte aí do princípio de que a loucura é sempre produzida por espíritos. Não, não é. A loucura tem vários motivos. Podem ser motivos orgânicos, motivos psíquicos da própria pessoa. Um desarranjo cerebral, um defeito na formação do cérebro, um acidente provocado ou mesmo uma conformação mental defeituosa, levam à loucura. Como dizia Kardec, as pessoas já trazem consigo o germe da loucura. Então muita gente diz, o Espiritismo faz loucos. É o contrário, o Espiritismo cura loucos. Porque o Espiritismo sabe que existe na loucura não só também as influências orgânicas ou psíquicas próprias do indivíduo, como também as influências espirituais. Mas estas influências espirituais não são sempre determinantes da perturbação mental. Às vezes são, são os casos graves de obsessão. Mas em geral o indivíduo já traz consigo uma tendência ao desequilíbrio mental. Então diz Kardec. Uma pessoa pode ficar louca estudando matemática. E quantas não ficaram? Pode ficar louca estudando música. Pode ficar louca dedicando-se excessivamente a um determinado trabalho para o qual não está preparada. Essa pessoa não ficou louca por causa da matemática, por causa da música, por causa do trabalho que está fazendo. Ficou louca porque ela já tem consigo disposições para o desequilíbrio mental. E ao se interessar em demasiado por um assunto que era difícil para ela resolver, compreender, assimilar, então esta pessoa provocou desequilíbrios em si mesma.
 
Dessa maneira os animais que ficam loucos. E por sinal a loucura dos animais não é apenas uma loucura mental. Em geral, como nós sabemos, são processos mórbidos que geralmente atingem todo o organismo do animal. Esses animais enlouquecem porque são invadidos por vírus, por doenças, por doenças agressivas que os perturbam, que afetam o seu cérebro ou que os envenenam no sentido geral. Mas o fato de não terem afinidades com os espíritos humanos. E não é bem isto. Afinidade os animais têm com os espíritos humanos. O que não há entre o espírito do animal e o espírito do homem é uma relação necessária para que o animal possa, por exemplo, ter mediunidade. É isto que o Espiritismo explica. Um animal não pode ser médium no sentido de receber um espírito e dar comunicação porque ele não tem condições cerebrais e nem vocais para isto. E mesmo àqueles que tem condições vocais, não tem condições cerebrais para isso. O médium é sempre um instrumento inteligente. É uma espécie de um intérprete. Por exemplo, o espírito fala na linguagem do pensamento e o médium traduz na linguagem oral. Assim como uma pessoa fala numa língua estrangeira e o intérprete traduz na língua nacional. É isso que nós precisamos entender. Então, os animais na realidade não tem relações com os espíritos de maneira profunda, mas os animais tem sensibilidade e muitas vezes eles vêem, eles percebem os espíritos e eles dão sinais de que há espíritos presentes numa casa, numa rua, em qualquer outro lugar. Por outro lado nós sabemos que os animais tem espírito como nós temos e que o espírito dos animais evolui. E nas experiências espíritas há numerosos fatos já verificados no mundo e registrados na bibliografia espírita de manifestações de animais. Não as manifestações inteligentes, como diz Kardec, mas as manifestações corporais, físicas. De animais que se materializam, de animais que aparecem em sessões materializados. As experiências neste sentido são muito, muito numerosas e feitas por cientistas. De maneira que precisamos considerar os animais como nossos irmãos inferiores no grande processo da evolução. Eles estão evoluindo. São espíritos em desenvolvimento. Como nós também estamos evoluindo num plano muito superior ao deles.

 
Mande suas perguntas ao programa no limiar do amanhã. Rádio mulher, Rua Granja Julieta, 205 São Paulo. Participe do nosso diálogo. Pergunte. Ouça a resposta. Conteste-a se for o caso. Estamos no ar para dialogar. O diálogo nos revela a nós mesmos.
 
Ouça o nosso recado final após a explicação do evangelho. Há uma pergunta para você. Responda-a por escrito e você poderá ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
O Evangelho de Jesus em espírito e em verdade. Sem interpretações dogmáticas. Sem ameaças. Sem sermões. Apenas uma explicação.
 
 
***
 
 
Abrimos o evangelho ao acaso e encontramos isto. Atos, 24: 14-16:
 
“Porém confesso-te isto, que segundo o caminho a que eles chamam seita, sirvo ao Deus de meus pais. Crendo em todas as coisas que são conforme a lei e estão escritas nos profetas. Tenho esperança em Deus, como também eles esperam de que há de haver uma ressurreição, tanto dos justos como dos injustos.”*
 
JHP - Neste trecho Paulo estava fazendo a sua defesa perante o governador Felix. Nós sabemos que Paulo estava preso, submetido à julgamento e os judeus pretendiam matá-lo. Então Paulo se defendia das acusações formuladas pelos seus próprios patrícios e ex-companheiros. Pois ele como sabemos havia sido doutor da lei no templo de Jerusalém e autoridade judaica da mais alta importância. Então acusam Paulo de seguir a seita, uma determinada seita dos nazarenos. E Paulo lembra que ele pertencia ao Caminho. Caminho é aquilo que nós hoje usamos também para falar. Vamos seguir a nossa senda, vamos nos orientar na senda espiritual. Os cristãos primitivos chamavam a doutrina de Cristo, a doutrina do evangelho, o Caminho. Então a igreja deles em Jerusalém chamava-se a Casa do Caminho. Ou como dizemos hoje ao nos referir a ela, a Igreja do Caminho. Muita gente pensa que a igreja estava situada num caminho. Não é isso. A igreja do caminho no sentido de ser a igreja que propunha a orientação espiritual do evangelho, que era chamado não só boa nova, mas  também o caminho. Paulo explica isto mostrando que não se tratava de uma seita, mas sim de uma orientação doutrinária deixada por Jesus. E ao mesmo tempo, importante nesta passagem, é o momento em que ele lembra. Que seguindo toda a orientação das escrituras sagradas, particularmente àquelas que se referiam aos profetas. Que na verdade os profetas são a parte, por assim dizer, mais iluminada das escrituras sagradas dos judeus. São a parte em que a inspiração brota realmente do alto, pois os profetas eram médiuns. Então Paulo diz que seguindo os profetas e os princípios do judaísmo, ele confiava em que todos ressuscitariam, justos e injustos.
 
Isto é importante porque Paulo anula com isto a teoria que se transformou em dogmas para as igrejas, de que só aqueles que creem em Jesus, no sentido de obedecerem fielmente a igreja que pertencem, é que terão a vida eterna, é que ressuscitarão. Paulo tomaria a atitude que é hoje adotada pelo Espiritismo. Todos ressuscitam. Ninguém morre. A morte é apenas do corpo material. A ressurreição é uma lei geral. Não foi apenas Jesus que ressuscitou. Ele nos deu com a sua ressurreição a prova pessoal dele, de que na verdade todos ressuscitamos. E por isso o seu corpo não foi achado no túmulo. Não que ele ressuscitasse no corpo material, mas porque o túmulo devia estar vazio para nos ensinar que os mortos na verdade ressuscitam em espírito e os túmulos permanecem todos vazios. Esta foi a última grande lição de Jesus dada através do seu corpo, fazendo por assim dizer desaparecer o seu corpo do túmulo, ele nos deu a lição do túmulo vazio. Ele não estava no túmulo. Ele estava vivendo em espírito. E Paulo que é o apóstolo que se transformou no teórico do corpo espiritual, pois na primeira epístola aos coríntios, ele diz claramente que nós temos corpo animal e corpo espiritual. E chama o corpo espiritual de corpo da ressurreição. Ele nos afirma nesse trecho novamente essa verdade, indicando-nos que todos ressuscitam.
 
Vamos ao nosso recado. Atenção para a pergunta final.
 
Você sabe que a obsessão é provocada por nós mesmos? Jesus ensinou que devemos orar e vigiar justamente por isso. A oração é uma vibração espiritual que nos liga aos espíritos bons e nos livra dos maus. A vigilância sobre os nossos pensamentos, as nossas palavras e as nossas emoções, nos levam a agir com serenidade e retidão. Mas se não estivermos vigilantes quanto a nossa conduta no mundo, poderemos ser presas dos espíritos obsessores. Pense sobre isso e responda-nos esta pergunta.
 
Você sabe o que é obsessão e como podemos vencê-la?

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* Embora tenha sido anunciada a citação dos versículos 14-16, a leitura acabou terminando no versículo 15. Este é o versículo 16: "E por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens."

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