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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.


 
No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
 
Agosto, mês do bom gosto. Vamos saindo do inverno e nos preparando para a primavera que chegará em Setembro. Antigamente dizia-se que este mês era aziago, perigoso. As pessoas entravam em agosto de cara fechada, carrancudas. O dia mais terrível do ano era o 13 de agosto, principalmente quando caía numa sexta-feira. Neste dia, a gente poderia encontrar o lobisomem numa esquina ou numa encruzilhada.
 
Felizmente essas tolices do passado foram varridas com a vassoura do progresso, da instrução, do esclarecimento, da cultura. Hoje sabemos que agosto, como a sexta-feira e como o número 13, nada tem de aziago. Somente as pessoas supersticiosas ainda se escondem na cama na sexta-feira 13 de agosto com medo do diabo. Por sinal que neste mês o dia 13 cai na terça-feira. O diabo perdeu o seu trunfo. Podem os supersticiosos estar tranquilos. Agosto é o mês do bom gosto.
 
Na verdade tudo o que é bom ou mal depende de nós, porque a maldade e a bondade estão dentro de nós, em nossa mente e em nosso coração. Se formos capazes de alimentar boas idéias e bons sentimentos, tudo se tornará bom e belo ao nosso redor. Deixemos de ser complicados, deixemos de ter medo, tenhamos fé em Deus, confiança na vida que Deus nos deu para o nosso bem. Façamos de agosto um mês de esperanças.
 
Não acredite no Diabo, acredite em Deus. Quem vive com medo do Diabo serve de joguete para espíritos inferiores. Os espíritos maus não se interessam por pessoas que vivem alegres e confiantes. Mas como se aproveitam das pessoas medrosas e desconfiadas. Basta lhes transmitir a essas pessoas a idéia de que o diabo anda por perto, para logo as terem nas mãos. Por isso quando obseda uma criatura dizem logo: "eu sou o diabo".
 
Muita gente acredita no diabo porque Jesus falou dele. Mas Jesus teve que falar na linguagem do seu tempo para ser entendido. E não deixou de explicar que o Diabo era um espírito mal que ele mesmo afastava das criaturas obsedadas. Não se deixe levar por tolices, aprenda a encarar a vida com fé e coragem. O diabo é filho da ignorância e do medo. Confie em Deus e cumpra os seus deveres.
 
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Promoção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão número 171, 4o ano.
 
Locutores, José Pires e Joselma Yara. Sonoplastia, Paulo Portela. Técnica de Som, Antônio Brandão. Direção e participação do Professor Herculano Pires. Uma hora na busca da verdade. Gravação dos Estúdios da Rádio Mulher – São Paulo.
 
Todas as semanas, neste dia e neste horário. Transmissão da Rádio Mulher, 730 khz, São Paulo; da Rádio Morada do Sol, de Araraquara, 640 khz; e da Rádio Difusora Platinense, 780 khz, Santo Antônio da Platina, Paraná. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
 
Diálogo no Limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade. As ciências já descobriram que não somos apenas matéria, mas que somos espíritos e não morremos. A morte é a porta da vida maior.

 
Pergunta 1: Quem era André Luiz e por que adotou esse nome?
 
Locutor
- Professor, pergunta a ouvinte Sônia Pauleto da Rua João Alves, no Piqueri. Nota-se que o espírito de André Luiz adotou esse nome. Por que o fez e quem era André Luiz?
 
JHP - Os espíritos nem sempre nos dão seu nome verdadeiro. E isso porque? Porque a sua manifestação pode provocar perturbações principalmente no tocante aos familiares. Um exemplo bem claro disso foi o que aconteceu com o espírito de Humberto de Campos. Humberto de Campos transmitiu através de Chico Xavier livros bastante significativos e identificadores da sua personalidade e do seu estilo de escritor. Não demorou muito e a família de Humberto de Campos entrou com um processo em juízo contra a Federação Espírita Brasileira que havia publicado os livros. E promoveu naturalmente uma situação bastante confusa e prejudicial, tanto para ela como para os meios espiritas. Não que a família de Humberto de Campos contestasse a validade dos livros, a legitimidade. Pelo contrário, a família queria os direitos autorais dos livros mediúnicos de Humberto de Campos porque reconhecia que era ele mesmo quem estava transmitindo esses livros.
Ora, para evitar coisas assim, o espírito que dá o nome de André Luiz, ele procura esconder sua identidade. Há várias declarações formuladas, inclusive por escrito na imprensa espírita, sobre a identidade real de André Luiz. Mas não nos compete naturalmente querer violar dessa maneira a intenção do espírito. Se ele escondeu a sua personalidade real tem motivos para isso e devemos respeitar esses motivos. Essas indicações publicadas além de pretenderem violar a intenção do espírito não se apoiam em nada assim de positivo, de concreto que possa realmente nos provar que André Luiz tenha sido este ou aquele médico no Rio de Janeiro. O que sabemos é que foi um grande médico no Rio de Janeiro e que ao morrer e passar para a vida espiritual, realizou uma experiência bastante penosa nos primeiros nove anos após a sua morte. Mas depois penetrou numa faixa de evolução bastante importante tornando-se hoje um dos espíritos que nos trazem comunicações substanciosas, realmente importantes para o desenvolvimento do nosso conhecimento dos problemas espirituais.

 
Pergunta 2: Os espíritos na erraticidade satisfazem suas supostas necessidades físicas e fisiológicas?
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Jaribe Cândido da Rua Tucunduva, Freguesia do Ó, pergunta. Primeiro. Os espíritos que não tem ainda consciência de sua situação no espaço, dão satisfação às necessidades físicas e fisiológicas que supõem ter?
 
JHP - Esse é um problema que nós devemos sempre colocar mais ou menos à margem das nossas cogitações. Na verdade sabemos que os espíritos inferiores muito apegados à Terra, sentem todas essas necessidades. O próprio André Luiz conta no seu seu priemiro livro, Nosso Lar. Ele conta que nas suas andanças pelo mundo espiritual, quando ainda estava aturdido pelo fato da morte e da sua própria sobrevivência, ele sentia inclusive crescer a barba. Sentia que tinha as mesmas necessidades de um homem aqui na Terra e precisava cuidar-se. É claro que existe isso mas não devemos dar tratos à imaginação, dar rédeas à fantasia porque senão entramos num campo muito perigoso. Veja-se por exemplo esse livro que anda por aí, vendido nas livrarias e que trás uma série de informações verdadeiramente perigosas para as pessoas que o lêem e que se chama, O Sexo Além da Morte. É um livro que na realidade não se devia publicar. Devia estar sujeito a uma censura de parte das próprias editoras espíritas. Porque não se pode ter certeza daquelas revelações, daquelas afirmações ali feitas. E muito menos atribuí-las um espírito da elevação de André Luiz, que hoje se dedica a um plano de construção da moral espírita na Terra. E não a um plano de mergulho nas faixas mais inferiores da animalidade, que ainda persistem nos planos espirituais mais apegados à matéria.
 
É preciso compreendermos isso e não nos perturbarmos com preocupações inferiores quando tratamos do problema espiritual. O que nos interessa no problema espiritual é a necessidade da nossa elevação, da nossa transcendência. Nós sabemos que o nosso destino na terra é um destino passageiro e rápido que tem por fim preparar-nos para uma vida maior e melhor. Vamos ficar preocupados agora com problemazinhos de continuidade de nossa situação inferior aqui na Terra? Essa continuidade no mundo espiritual para nos prender ainda mais à situações muitas vezes vexatórias, perigosas com que nos defrontamos aqui na vida terrena? Não! Precisamos alargar o pensamento, elevá-lo, pensar em tom maior e não em tom menor. Precisamos elevar o nosso pensamento às regiões superiores da espiritualidade. Lembrar-nos de que uma vez passando para a vida espiritual, se nós alimentamos bons pensamentos e boas preocupações aqui na terra, nos libertamos imediatamente desse condicionamento inferior a que ficam apegados os espíritos que não cuidaram do espírito aqui na Terra.

 
Pergunta 3: Os espíritos sofrem com o desprezo dos entes queridos que não percebem a sua presença?
 
Locutor
- Esses espiritos não sofrem com o desprezo dos entes queridos que não percebem a sua presença?
 
JHP - É claro que todo espírito que passou para o plano espiritual e continua apegado à Terra, ele sofre não só com o desprezo dos entes queridos que não percebem a sua presença, como ele sofre porque não encontra mesmo as possibilidades que ele pensava encontrar. E ele como criatura humana desprovido do corpo material, embora conserve no seu corpo espiritual pesado, grosseiro, ainda os próprios instintos da vida terrena. Embora conserve isto, ele não encontra possibilidades para viver na vida espiritual inferior como ele vivia no mundo material. A situação lá é muito diferente e inclusive ele está sujeito à companhias muito desagradáveis de espíritos mais inferiores do que ele. A situação desses espíritos é o que nós que procuramos evitar através do esclarecimento espírita.  Advertir as criaturas de que devem viver aqui na Terra sem se esquecerem de que são espíritos. Não devem mergulhar tão profundamente nas raízes da animalidade corporal, de tal maneira que depois não possam sair dela, no momento em que passarem para o mundo espiritual. Devem manter pensamentos elevados, devem cultivar a inteligência, devem cultivar a moral, os bons sentimentos. Não porque isto seja uma questão apenas de orientação moralizante ou moralizadora, como se costuma dizer, mas porque isto corresponde a uma lei da vida.
 
A vida continua após a morte e a nossa situação após a morte decorre da nossa condição de vida terrena. Se vivemos aqui entregues inteiramente apenas às coisas materiais e principalmente num rumo vicioso, então nós estamos acarretando para nós uma situação bastante inferior e desagradável após a morte. É essa situação é que as igrejas figuram na imagem do purgatório e do inferno. Na verdade não há essa região de castigos eternos a que se referem as religiões. Mas há as regiões inferiores em que os espíritos se arrastam as vezes por meses, por anos, em virtude da sua incapacidade de elevação. Mas se eles aqui, na vida terrena, cultivarem os bons pensamentos e os bons sentimentos, estarão inteiramente livres dessa situação.

 
Pergunta 4: Quando os espíritos desencarnam na infância, continuam  se comportando como crianças?
 
Locutor
- Quando os espíritos desencarnam na infância, continuam comportando-se como crianças?
 
JHP - Isso varia de acordo com a evolução do espírito. Se o espírito não tem condições para imediatamente após a morte  retomar à sua condição de adulto, que ele na verdade é, ele ainda continua condicionado pela situação em que morreu, pela idade em que estava aqui na terra. Mas em geral os espíritos mais evoluídos superam imediatamente essa condição. Não obstante nas suas comunicações com os familiares, com as pessoas amigas, eles sempre retomam à condição infantil. Nós sabemos que o corpo perispiritual ou o corpo espiritual, que no Espiritismo é chamado de perispírito. Este corpo é muito mais flexível à vontade e ao pensamento do espírito do que o corpo material. Mas infinitamente mais flexível. Com um pensamento, com um impulso da sua vontade o espírito pode modificar a sua aparência para manifestar-se. Seja através da vidência, seja nas comunicações orais, seja através da voz, seja também nas manifestações de materialização. Então o espírito muitas vezes retorna à sua condição infantil por um ato de sua vontade, a fim de se identificar perante os familiares. Mas na verdade no plano espiritual ele mantém uma posição de espírito adulto.

 
Pergunta 5: Quando uma pessoa é anestesiada para ser operada, o espírito se afasta do corpo?
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Ricardo Banda da Rua São Leonardo, Itabiraba, pergunta. Primeiro, quando uma pessoa é anestesiada para ser operada, o espírito se afasta do corpo?
 
JHP - Quando uma pessoa é anestesiada, a anestesia bloqueia os sentidos da pessoa, os sentidos físicos, materiais. Então este bloqueio faz com que o espírito se liberte. O espírito se libertando, se ele estiver em condições evolutivas necessárias, ele pode desprender-se do corpo, abandoná-lo. Não desprender-se totalmente, ficando ligado à ele pelo princípio vital, pelas ligações que mantém a vitalidade do corpo, mas afastado. Quando o espírito não tem essa condição, ele se sente anestesiado. A anestesia do corpo também o atinge. Os espíritos inferiores geralmente não tem a capacidade de se libertar do corpo na hora da anestesia.

 
Pergunta 6: No tocante aos viciados em entorpecentes, o que se passa?
 
Locutor
– A segunda pergunta do ouvinte. No tocante aos viciados em entorpecentes, o que se passa?
 
JHP - Acontece a mesma coisa. Os entorpecentes tem o objetivo mesmo de obstruir os canais comuns da sensação, da percepção. Então como eles causam essa obstrução, nós vemos que o espírito se liberta parcialmente do corpo e tem as sensações extra sensoriais. No campo da percepção extra sensorial nós sabemos que o uso de certos tóxicos, de certos elementos excitadores ou bloqueadores. O uso desses elementos realmente ajuda a manifestação dos fenômenos de percepção extra sensorial. Mas ajuda por isso, simplesmente porque impede a realização comum, habitual da percepção pelas vias sensoriais. E o espírito que possui a percepção extra sensorial, passa a perceber além dos sentido.

 
Pergunta 7: É justo que os espíritos criados primeiro evoluam na frente dos outros?
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Carlos Roberto Guedes da Rua Engenheiro Saturnino de Brito, no Belém, pergunta. Em resumo é esta a sua pergunta. Se Deus cria continuamente, os espíritos criados em primeiro lugar evoluem na frente dos outros. Isso não contraria a infinita justiça de Deus?
 
JHP – A infinita justiça de Deus está ligada ao infinito e não ao finito. O raciocínio que o senhor faz aí é um raciocínio condicionado pela nossa visão estreita das coisas aqui na terra. Então nós pensamos de maneira temporal, medindo o tempo, vendo as datas e determinado este é mais moço, aquele é mais velho. No plano de Deus o tempo não existe, o que existe é a duração. A duração é aquilo que na sua fragmentação pelos nossos sentidos se apresenta a nós como o tempo. O tempo é por assim dizer um fragmento da duração. Mas a duração é contínua, incessante. E ela nos leva àquilo que nós ouvimos falar sempre nas religiões como sendo a eternidade. Hoje não se usa, não se costuma aplicar a palavra eternidade quando se trata do problema além do tempo. Porque a palavra eternidade dá uma idéia de estacionamento, de estagnação, de falta de movimento, de falta de vida até. Então aplica-se a palavra duração que é mais perfeita, mais de acordo com a realidade que nós percebemos no fluir do tempo. Este fluir do tempo é uma duração e a duração é dinâmica, é vibrante, ela não é estática ou estagnada, parada como a eternidade. Então para Deus este problema da precedência na criação dos espíritos, não tem o mesmo significado que tem para nós. A justiça de Deus é a justiça do absoluto. E por sinal que esta justiça funciona em nós mesmos. Deus não tem nenhum tribunal especial para julgar as criaturas. Nós mesmos é que nos julgamos no tribunal de nossa consciência. Deus está presente em nós, na nossa consciência.
 
Assim, na verdade não há nesta precedência nenhuma injustiça. O que há é o seguinte. O universo, segundo explicou o Dr. Gustavo Geley no seu livro, Do Inconsciente ao Consciente. Um livro muito importante do Dr. Gustavo Geley, que foi um grande cientista francês, Presidente do Instituto Metapsíquico Internacional de Paris. Ele explica nesse livro que o universo, segundo as suas observações de fisiologista, de cientista devotado às pesquisas metapsíquicas. O universo representa um fluxo constante do inconsciente para o consciente. Tudo aquilo que se apresenta inconsciente perante nós, no futuro se tornará consciente. Assim como nós mesmos trazemos do nosso inconsciente, armazenadas, uma infinidade de experiências que vão se projetando lentamente no nosso consciente na proporção em que evoluímos. Tudo no universo tende a passar para o consciente. Então dizia ele: “Há nas coisas um dinamismo psíquico inconsciente. Em todas as coisas e em todos os seres. Este dinamismo se desenvolve no tempo. Se desenvolve portanto na duração e vai se projetar no futuro”. É desta maneira que Deus cria incessantemente. Os espíritos são por assim dizer, o resultado da evolução das potencialidades desse dinamismo psíquico inconsciente, de que falava o Dr. Gustavo Geley. Esse dinamismo é por assim dizer o centro de um processo inconsciente que vai se desenvolver em direção à consciência. E é dele que brota nas criaturas humanas através de um longo processo evolutivo, aquilo que nós hoje chamamos, A Consciência. Uma verdadeira flor que brota sobre os processos de desenvolvimento espiritual no planeta, na Terra e em outros mundos do espaço.

 
Pergunta 8: Se cada estrela do céu é um mundo habitado por uma humanidade superior, só o nosso mundo é habitado por gente inferior? Por quê?
 
Locutor
- Professor, a ouvinte Maria dos Anjos Almeida da Rua João V na Lapa, pergunta. Primeiro. Se cada estrela do céu é um mundo habitado por uma humanidade superior, só o nosso mundo é habitado por gente inferior? Por quê?
 
JHP - Ninguém naturalmente afirmou tal coisa. A menos que tenha sido uma afirmação de pessoa que desconhece profundamente o problema espírita. Ninguém pode dizer que cada estrela do céu é habitada por uma humanidade superior. Há muitos corpos celestes que não tem habitação de nenhuma espécie de criaturas humanas. Há muitos corpos celestes que são inabitáveis. No Espiritismo esses corpos são chamados de mundos transitórios, mundos ainda em face de transição para se tornarem habitados no futuro. Então não existe também humanidades superiores em todas as estrelas. O que existe é o seguinte. Há uma escala dos mundos infinito, mundos que vão desde os mais inferiores até os mais superiores. E nos mundos superiores existem humanidades muito mais evoluídas que a nossa. Mas também existe no espaço mundos inferiores com uma humanidade em condições primárias muito abaixo da nossa humanidade. Não há privilégio neste processo. É apenas o processo da evolução que se realiza de acordo com as possibilidades de cada humanidade, em cada mundo.

 
Pergunta 9: Como uma pessoa que morre e não tem consciência de que morreu, se manifesta numa sessão?
 
Locutor
- Outra coisa que não aceito no Espiritismo. Se uma pessoa morre, como é que depois se manifesta na sessão e não sabe que morreu? O senhor não acha Professor, que essa é demais?
 
JHP – Não, não é demais! É tão natural e tão compreensível isso. É que a senhora certamente não conhece a doutrina, a senhora não estudou a Doutrina Espírita. E também não tomou conhecimento daquilo que nos dá, que nos oferece de maneira clara e precisa, a razão disso. Das experiências, das pesquisas realizadas por Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sobre a situação dos espíritos depois da morte. Se a senhora abrir o Livro dos Espíritos de Alan Kardec, a senhora encontra lá um capítulo muito interessante intitulado, Ensaio Teórico sobre a Sensação nos Espíritos. Este ensaio de Kardec é baseado nas suas pesquisas, nas suas experiências com os espíritos através da mediunidade. E Kardec então nos mostra que nesse processo das sensações, os espíritos na verdade muitas vezes nem sabem que morreram. E porque não sabem? Porque eles possuem um corpo espiritual. Este corpo espiritual é uma duplicata por assim dizer do corpo material. Na verdade a duplicata é o corpo material porque o corpo espiritual é o modelo do corpo material. Então quando a pessoa morre, ela passa para o mundo espiritual com o seu corpo espiritual que se assemelha ao corpo material que ela deixou na terra. Ora, sendo assim, e ao mesmo tempo sentindo-se viva após a morte, esta pessoa pensa que não morreu. Porque lhe ensinaram durante a vida, as religiões lhe encucaram na mente a idéia de que a morte é um processo misterioso e assombroso. Ou a pessoa morre e desaparece ou a pessoa morre e fica sujeita a condições sobrenaturais. Ora, a pessoa vê o contrário disso, ela passa para o mundo espiritual em condição puramente natural. Sentindo-se no seu corpo, sentindo as sensações habituais, tendo as mesmas idéias que teve na terra, podendo andar, falar, encontrar com pessoas. E ela então tem a impressão de que não morreu. Muitas vezes nem aceita que morreu quando a gente procura esclarece-la, dizendo. Você morreu. Ela diz que não.
 
Ora, a senhora precisa saber o seguinte. Este problema, colocado no Espiritismo, não é somente espírita. Em todos os processos de investigação espiritual este problema se apresentou. E nós encontramos mesmo nas grandes religiões várias demonstrações desta verdade. Por exemplo, no judaísmo nós sabemos que existem os espíritos que se apresentam como se estivessem vivos e falam. E falam com os rabinos pedindo auxílio, pretendendo que eles estão vivos, que eles não estão mortos. Há mesmo uma interessante estória de um grande escritor judeu, Martin Buber, em que ele conta a visita de um morto a um Rabino. Este morto estava convencido de que não morrera e se aproxima do rabino e faz a ele um pedido. Ele, o morto, quer se casar com uma viúva que estava encarnada, que estava viva. Então o rabino o adverte: "Escuta lá, você já morreu, você não está aqui na terra, você se desprendeu, você está no corpo espiritual. Eu estou falando com você porque tenho vidência, eu tenho mediunidade, mas você está morto, você precisa compreender isto". E custa muito ao rabino convencer este espírito de que ele na realidade já havia passado pela morte.
 
Então, quando o rabino contou esta história a outras pessoas, o filho do rabino que era um moço, disse assim: "Meu pai, esse espírito estava, segundo o senhor disse, na terra da ilusão. Eu não quero ficar na terra da ilusão depois de morto. O que eu devo fazer em vida? ". Ele disse: "Meu filho, as pessoas que em vida aprendem que existe a terra da ilusão, não ficam nela depois de mortos". Isto quer dizer. As pessoas que durante a vida compreenderam que morrer não é acabar, morrer não é passar para um plano sobrenatural, para uma condição misteriosa, mas sim continuar a viver no plano espiritual. As pessoas que compreendem isso, logo que morrem despertam no plano espiritual sabendo, compreendendo que morreram. Mas as que alimentam idéias bastante apegadas à materialidade, à vida material. Essas geralmente não estão em condições de compreender o que aconteceu com elas.
 
Se você quer saber, faça perguntas. Se você duvida do que afirmamos, prove-nos o contrário. Entre no diálogo radiofônico do programa No Limiar do Amanhã. Mande suas perguntas à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Ouça as respostas. Conteste-as. Entre no diálogo, estamos no ar para dialogar.

 
Diálogo no Limiar do Amanhã. Quem estará com a verdade? Nós? Você?
 
Pergunta 10: Se seguimos o destino determinado por Deus, como podemos ser castigados?
 
Locutor
- Continuando a responder a ouvinte Maria dos Anjos Almeida da Rua João V, na Lapa. Ela pergunta o seguinte. Professor, se Deus nos dá um destino e nós o seguimos, mesmo que seja pecaminoso, que culpa temos? Como Deus pode nos castigar por nós obedecermos o que ele determinou?
 
JHP - O nosso destino não é determinado por Deus. O nosso destino é feito por nós. Somos nós os responsáveis pelos nossos atos. Nós temos livre arbítrio. Deus determina num sentido geral o plano dentro do qual nós vamos agir. Deus determina o mundo em que vamos habitar, o mundo em que nos colocamos. Mas Deus nos dá liberdade de agir por nós mesmos. E o nosso destino é sempre a consequência dos nossos próprios atos. Nós podemos ver isso na nossa própria vida comum na Terra, aqui na vida diária. Se nós nos portamos bem, temos as consequências boas para a nossa vida. Se nos conduzirmos de maneira honesta e digna, somos respeitados e considerados. Se procedemos mal, temos má reputação e então criamos para nós mesmos situações bastante vexatórias e perigosas. Ora, na vida espiritual acontece a mesma coisa. Em cada existência que nós vivemos na terra, pelo nosso comportamento nela, determinamos a nossa situação na vida futura. Então nosso destino é uma consequência das nossas próprias ações numa vida anterior. Mas em cada vida nova que nós estamos, abrem-se para nós as oportunidades que Deus nos concede, de uma modificação da nossa situação. Nós podemos melhorarmos. Somos convidados a melhorar, chamados a melhorar. Nós temos assistência espiritual para que possamos melhorar. Tudo nos é dado, tudo nos é favorecido nesse sentido.
 
Ninguém vem à Terra com o destino de fazer o mal. Aqueles que fazem o mal aqui é porque o querem, porque decidem fazer, rompendo com as linhas de seu destino. O destino marcado para cada um de nós é o progresso, é a evolução. Esse é o destino no sentido geral que Deus determina para todas as criaturas. Mas cada um de nós trás o destino que se traçou. E este destino, quando é consciente, ele implica também à necessidade de nós resgatarmos os nossos erros, as nossas dívidas do passado para com outras pessoas que prejudicamos. E tomarmos o caminho do bem, o caminho do nosso próprio aperfeiçoamento. Mas quando chegamos aqui, e ao invés de fazer isso, nós começamos a repetir situações inferiores do passado. Nós voltamos a nos apegar ao nosso egoísmo, pouco nos importando de prejudicar aos outros ou não. Então nosso destino é praticamente rompido nas suas linhas divinas e nós seguimos apenas os nossos impulsos humanos. Nisto consiste o livre arbítrio que Deus nos concede.

 
Pergunta 11: Quem pune os criminosos e empedernidos depois da morte, se não existe o inferno? 
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Mariano de Oliveira Costa da Av. Torres Almeida, no Cambuci, pergunta. Primeiro, se não existe o inferno e nem o diabo, para onde vão os criminosos e empedernidos depois da morte? E quem os castiga?
 
JHP - O problema não é de castigar. Não é um problema de ter locais determinados como as cadeias e as penitenciárias aqui na terra. O problema é de melhorar as criaturas. Deus não tem a mesma medida nossa, medida terrena, para punir, castigar ou premiar. Deus age em nós através da nossa própria consciência. Nós todos, criaturas humanas, temos a mesma estrutura consciencial e as mesmas potencialidades espirituais. Por isso somos criaturas humanas. Na estrutura da nossa consciência está a intuição profunda do nosso destino espiritual. Esta intuição vela por nós. Então quando nós cometemos um erro, nós sofremos imediatamente as consequências em nós mesmos. A nossa consciência é a primeira a nos acusar. Costumam dizer que os criminosos habituais, os grandes criminosos não tem consciência. É um engano. Não existe ninguém que não tenha consciência. Eles possuem a sua consciência. Eles podem asfixiar a voz da consciência, endurecendo-se na prática do crime. Mas chega um momento, fatalmente chega o momento, em que a consciência desperta e exige deles uma reformulação de conduta.
 
Então é nestes momentos em que o grande criminoso se precipita na terra para uma encarnação dolorosa, uma encarnação de aleijado, arrastando-se no solo. Ou uma reencarnação em que venha a enfrentar problemas bastante difíceis com doenças as mais diversas. Passando pelos sofrimentos que ele inflingiu a outros. A consciência dele é que determina isso não é Deus, porque Deus não quer nada disso de nós. Deus quer de nós a nossa evolução. Mas ele tem que nos conceder o livre arbítrio, porque se nós não formos responsáveis pelos nossos atos, por aquilo que fazemos, nós também não podemos ser responsabilizados. Se nós tivéssemos de seguir aquilo que Deus determinou para nós de maneira inviolável, infalível, nós não teríamos mérito naquilo que faríamos. E não aprenderíamos nada porque só aprendemos fazendo, essa é a verdade. Só quando fazemos alguma coisa é que nós aprendemos aquilo. Então para a nossa evolução é preciso que tenhamos o livre arbítrio. Porque só o livre arbítrio nos dá a responsabilidade e nos torna então consciente. Deus não quer bonecos, Deus não quer robôs. Deus quer criaturas inteligentes e conscientes, responsáveis por si mesmas.

 
Pergunta 12: Os feiticeiros maléficos não são diabos encarnados na terra?
 
Locutor
- Os feiticeiros que fazem mal aos outros para ganhar dinheiro não são diabos que se encarnaram na terra?
 
JHP - O senhor falou na outra pergunta e eu me esqueci de aludir a este aspecto. O senhor falou em inferno e na negação do inferno. O inferno, esta palavra praticamente quer dizer região inferior. Inferno é uma região inferior. Região em que os espíritos sofredores se encontram, não porque Deus os remeteu para lá, mas porque eles não tiveram possibilidade de subir para um plano mais elevado. E o diabo na verdade é uma simbologia, é um mito, um mito criado pelos homens para interpretar a maldade humana. Mas na verdade os espíritos inferiores se manifestam as vezes dizendo-se o diabo. Por que? Porque quando eles dizem que são o diabo aterrorizam os outros. Simplesmente por isso. Aterrorizando as pessoas eles as tem mais facilmente nas mãos, pode manobrá-las, pode manejá-las. As pessoas aterrorizadas se submetem à sua vontade. Por isso é que eles se dizem o diabo. Não existe inferno nessa condição em que nos é apresentado pelas igrejas. Agora mesmo acaba de sair em nova edição um livro muito importante de Alan Kardec. É um livro que se chama O Céu e o Inferno. A editora Edicel lançou uma nova edição de O Céu e o Inferno numa tradução nova e toda cheia de esclarecimentos. De notas explicativas mostrando-nos que as interpretações espíritas do inferno e do diabo, estão inclusive sendo hoje confirmadas por todas as correntes de pensamento mais esclarecidas. Essas correntes mais esclarecidas concordam perfeitamente com a tese espírita.
 
Inclusive nós encontramos na própria teologia das igrejas as modificações que já mostram uma posição diferente no tocante à existência do inferno. A própria teologia católica atual não admite a existência do inferno como um lugar segundo aquele que é descrito nos púlpitos pelos padres que ainda se apegam à condições do passado. Não! A teologia Católica chegou à conclusão de que o inferno é um estado de consciência, que é exatamente a posição espírita. E o céu também é um estado de consciência. Nós podemos viver no inferno ou no céu aqui mesmo na terra, de acordo com a nossa consciência. Quando estamos com a consciência tranquila, desimpedida, desembaraçada de compromissos e de preocupações, nós vivemos no céu aqui mesmo na terra. Quando estamos com a consciência pesada pelos os nossos erros, vivemos no inferno. De maneira que é assim que nós temos de encarar isto e considerar que o diabo na verdade é apenas um engano. Um engano das criaturas. Porque não podemos admitir a existência do diabo como um opositor ou um adversário de Deus, conquistando as almas que Deus criou para ele. Conquistando para ele as almas que Deus criou. Isso seria absurdo, não é? Isso nós não podemos admitir no Espiritismo.

 
Pergunta 13: Por que fazer sessão espírita para afastar os obsessores? O protetor não cuida disso? 
 
Locutor
- Se cada um de nós tem um espírito protetor, por que fazer sessão espírita para afastar os obsessores? O protetor não cuida disso?
 
JHP - O meu amigo deve saber que de acordo com as religiões, cada um de nós tem um anjo da guarda. Não obstante as religiões não dispensam o cumprimento nas igrejas das obrigações dos fiéis para poderem evitar as tentações. O anjo da guarda que no Espiritismo também nós admitimos como espírito protetor, ou anjo guardião. É um espírito bom, nosso amigo que vela por nós. Mas não é por assim dizer uma ama seca que viva nos conduzindo como a ama seca vivia pela criança. Não! Ele é um espírito bom que nos dá assistência, nos dá intuição, nos dá orientação. Mas nós podemos não aceitar esta orientação, não aceitar esta intuição. Nós muitas vezes nos rebelamos contra as boas idéias que vem à nossa mente e preferimos às más idéias. Porque estamos apegados à maldade ainda, estamos apegados aos planos inferiores. Então este raciocínio que o nosso prezado ouvinte nos apresenta não tem sentido diante da realidade da nossa própria vida na terra. Quanto mais diante do esclarecimento amplo da doutrina espírita a respeito deste assunto.

 
Pergunta 14: O que é “encosto”?
 
Locutor
- Professor, a ouvinte Josefina Deonieras, de São Bernardo, Rua Particular, pergunta. Primeiro, o que é encosto no Espiritismo?
 
JHP - No Espiritismo não existe a palavra encosto. Esta palavra é uma expressão puramente popular. As pessoas que entendem que uma criatura perseguida por um espírito, está por assim dizer carregando esse espírito com ela. Então o espírito está encostado nela. Vem daí a expressão encosto. Mas é uma expressão imprópria do ponto de vista doutrinário. Porque o espírito que obseda uma pessoa, que a persegue, nem sempre está junto dela. Muitas vezes ele se retira de perto dessa pessoa, depois volta. Ele tem também os seus problemas no mundo espiritual. Mas este espírito pode apegar-se à pessoa durante algum tempo, sem entretanto permanecer junto dela. Porque mesmo à distância ele pode atuar sobre a pessoa pelo pensamento. Pela emissão de suas vibrações más, pode envolvê-la, pode intuí-la no sentido que ele deseja. De maneira que esta palavra é imprópria e não pertence à doutrina.

 
Pergunta 15: O que espírita divinista?
 
Locutor
- O que espírita divinista?
 
JHP – Ah, espírita divinista é uma coisa que só existe praticamente aqui em São Paulo. Foi um médium aqui. Aliás era um médium com grandes possibilidades, que se deixou levar por certas influências negativas no sentido de fundar um espiritismo novo. E ele fundou aquilo que ele chamou de espiritismo divinista. A posição que ele tomou, é o médium Osvaldo Polidoro, muito conhecido aqui em São Paulo. A posição que ele tomou revela que ele não compreendia o Espiritismo, não conhecia a doutrina espírita. Porque a doutrina espírita não é divinista, precisamente porque ela deve ser uma doutrina humana, uma doutrina para os homens e não para os anjos. A posição espírita é racional e não uma posição mística. Por que? Porque toda vez que uma religião se propõe a arrancar o homem do seu plano natural de vida e transformá-lo numa criatura sobrenatural. Esta religião fracassa porque o homem não tem condições para isso. Nós conhecemos muitas pessoas que se dão à leitura e à prática do evangelho. Que vão na igreja, como se costumava dizer e se costuma dizer ainda hoje, bater nos peitos todos os dias. E que no entanto na prática da vida são cruéis, são mesquinhas, são inferiores. Então elas estão se revestindo de uma santidade falsa. Uma santidade que na verdade elas não atingiram. Mas elas se convencem de que estão beneficiadas pelo perdão constante de Deus, porque estão cumprindo com seus deveres formalistas nas igrejas. Ora, o Espiritismo é contrário a tudo isto. Ele nos explica racionalmente a nossa condição no mundo e mostra que nós temos de evoluir por nós mesmos, dependendo de nós e não da sujeição à uma determinada igreja, à uma determinada corrente religiosa. À um médium ou a um centro espírita. Nós somos os responsáveis únicos por nós mesmos e a nossa responsabilidade é intransferível.
 
Ora, o espiritismo divinista que foi fundado pelo senhor Polidoro é uma volta, um regresso às condições que o Espiritismo condenou quando ele se formou. Ele pretende fazer com que o movimento espírita se oriente apenas no plano da divinização do homem. Do seu aprimoramento espiritual no sentido de desprendimento das condições, até mesmo das condições culturais em que o homem vive na terra. É portanto um erro, um engano, uma falta de compreensão da posição claramente racional do Espiritismo no trato dos problemas espirituais. O problema do divinismo, o divinismo num sentido geral, é um problema que pertence ao passado. Quando os homens não eram capazes de tratar os assuntos espirituais de maneira objetiva, sensata, coerente e lógica. Mas desde o momento em que o homem começou a superar a sua ignorância do passado, a desenvolver a cultura, e a se colocar acima das superstições. Dos processos mágicos e misteriosos a que se entregava, desde esse momento o homem saiu do plano da subjugação às idéias de divinismo. Ele passou a considerar-se uma criatura humana e a compreender que esta criatura humana tem potencialidades divinas que só se desenvolverão no processo evolutivo a que ele deve se submeter. Assim quando falamos de divinismo, estamos falando de uma aberração que apareceu no movimento espírita em São Paulo, mas que felizmente seguido apenas por poucas pessoas.

 
Pergunta 16: O que é um “médium pentecostal”?
 
Locutor
– Professor, o que é um médium pentecostal?
 
JHP - É uma expressão que se dá aos médiuns que funcionam por assim dizer, nas religiões pentecostais. As religiões pentecostais são praticamente uma novidade que nos veio dos Estados Unidos e que se propagou por todo o mundo e particularmente aqui na nossa América Latina. Essas religiões pentecostais querem se dedicar à evocação, por assim dizer, do dia de Pentecostes. É o dia em que os apóstolos de Jesus, após a sua crucificação, no dia do Pentecostes Judeu, estavam reunidos para falar às criaturas em praça pública. E ao receberem os espíritos que vinham através deles iluminá-los para falar, aconteceu aquele fenômeno de que nos dá notícia o Evangelho. O fenômeno das línguas de fogo que desciam sobre as cabeças dos apóstolos. E os apóstolos então começaram a falar em línguas estranhas. Eram as línguas das pessoas de diferentes procedências que estavam em Jerusalém naquela ocasião. Eles pregavam o Evangelho através da língua de cada um dos presentes e os apóstolos não conheciam essas línguas. É o fenômeno que no Espiritismo chamamos de xenoglossia. Xeno, quer dizer estranho e glossia é a linguagem, a palavra. Então xenoglossia quer dizer falar línguas estranhas. Ora, nas religiões pentecostais, existe o momento do culto em que todo mundo é envolvido pelo espírito e começa a falar línguas estranhas. Para nós espíritas estas pessoas que se deixam envolver e caem neste estado são médiuns. Mas não são médiuns espíritas, então eles são chamados de médiuns pentecostais.

 
Pergunta 17: Se o Espiritismo é cristianismo, por que esse nome de Espiritismo?
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Luiz Câmera de Souza da Avenida Santo Amaro, pergunta. Primeiro, se o Espiritismo é cristianismo, por que esse nome de Espiritismo?
 
JHP - O Espiritismo. É claro que Espiritismo é cristianismo, porque ele procede do próprio cristianismo. Assim como o cristianismo procede do judaísmo. Jesus era Judeu, como nós sabemos. Jesus reformulou a religião dele, a religião dos seus pais. Ele reformulou a religião judaica e criou um novo tipo de religião. Este novo tipo chamou-se cristianismo, porque Jesus era considerado Cristo. Ora, no tocante ao Espiritismo, o que nós encontramos é o seguinte. O Espiritismo é o desenvolvimento do cristianismo. Sendo o desenvolvimento do cristianismo, ele nos traz a mensagem cristã esclarecida por aquilo que Jesus chamou, Espírito da Verdade. Ora, assim como este Espírito da Verdade preside ao desenvolvimento do cristianismo na terra. Este Espírito da Verdade também empresta o seu nome a esse processo de esclarecimento do cristianismo que se realiza no Espiritismo.
De uma doutrina nasce outra e a outra, embora sendo procedimento da anterior, em geral toma uma denominação nova. O Espiritismo tomou a denominação que nós hoje lhe damos porque Kardec entendeu e muito bem. Que a doutrina espírita formulada pelos espíritos deveria chamar-se Espiritismo. De acordo com as regras pelas quais se denominam as doutrinas filosóficas sempre apelando para a sua origem. Ora, a origem dessa doutrina que explica o cristianismo e o desenvolve. Pois o próprio Jesus disse, que ele não podia dizer tudo no seu tempo, mas mandaria o Espírito da Verdade. Que esclareceria aquilo que não pôde dizer e acrescentaria outras coisas que eram necessárias para levar-nos à toda a verdade. Assim esta doutrina é designada como doutrina dos espíritos e por isso tem o nome de Espiritismo.

 
Se você quer saber faça perguntas. Se você duvida do que afirmamos, prove-nos o contrário. Entre no Diálogo Radiofônico do programa no Limiar do Amanhã. Mande suas perguntas à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205 – São Paulo. Ouça as respostas. Conteste-as. Entre no Diálogo. Estamos no ar para dialogar.
 
Ouça o recado final do nosso programa. Ouça e responda para ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
O Evangelho de Jesus em espírito e verdade. Veja quanto há de verdade na Verdade do Evangelho.
 
 
***
 
 
Abrindo o evangelho ao acaso encontramos o seguinte. João, 18: 21-24.
 
“Porque me interrogas? Pergunta aos meus ouvintes o que lhes falei. Eles sabem o que eu disse. Havendo dito isto, um dos oficiais de justiça que estava perto de Jesus deu-lhe uma bofetada dizendo: é assim que respondes ao sumo sacerdote? Respondeu-lhe Jesus: se eu falei mal, dá testemunho do mal. Mas se falei bem, porque me feres? Então Anás o enviou manietado a Caifás, o sumo sacerdote”.
 
Como vemos neste pequeno trecho do evangelho. Nós estamos diante de uma cena da prisão de Jesus e da sua condenação. No momento em que ele era submetido a interrogatório e naturalmente sofria a pressão muito comum nesses momentos, para que pudesse ser submetido aos vexames que se destinam aos criminosos. Jesus foi então esbofeteado como vimos e não obstante não respondeu com violência mas com brandura. Procurando esclarecer a pessoa que o atingia, de maneira que esta pessoa pudesse também acordar para a verdade dos seus ensinos. A situação de Jesus neste momento era uma situação de inteira abnegação. Ele viera à terra para nos trazer uma mensagem de esclarecimento e nos ajudar na nossa evolução espiritual. Mas ele sabia que ao descer a este mundo e aqui colocar-se diante dos homens, estava sujeito às leis e às condições do mundo em que vivemos. Foi então um ato de abnegação da parte dele descer até este mundo para trazer-nos a mensagem. Mas ele teria também de enfrentar os problemas do mundo, sempre naquela posição elevada com que ele os enfrentou. Enfrentar os problemas procurando esclarecer as criaturas e não repelindo a elas ou devolvendo a elas as agressões que recebia.
 
Neste momento a sua lição nos é dada com o seu próprio ato. Recebendo a bofetada, ele a responde com uma tentativa de esclarecimento. Por que fizeste assim se eu não te fiz mal algum? Porque me castiga se eu não te ofendi? Procurando despertar no coração da criatura o sentimento de justiça que estava abafado pela condição em que ela se encontrava no serviço de constante perseguição aos maus feitores e de condenação das pessoas. E Jesus despertava assim a consciência não só daquele, daquele homem que o atacara, mas também daqueles que o interpelavam. Das autoridades judaicas do tempo em que não estavam habituadas a se defrontar com criaturas que falavam com a clareza positiva que Jesus usou neste pequeno diálogo. Isto nos lembra a necessidade de mantermos a nossa posição espiritual na Terra, em consonância com estes ensinos que nos vem do evangelho. O evangelho não é apenas uma fonte de preceitos. É também uma grande fonte de exemplos, exemplos que nos são dados ao vivo pela descrição dos evangelistas.
 
Vamos ao nosso recado. Ouça-o e mande-nos a sua resposta por escrito. Você pode ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
Quem tem medo não tem fé. Quem não tem fé não conhece a verdade. Porque a fé verdadeira é a certeza íntima que nasce da experiência e do conhecimento. A fé pela fé é apenas uma atitude emocional e sem bases. Para ter fé não basta crer, é preciso saber. Jesus ensinava, mas provava os seus ensinos pelo exemplo e pelas demonstrações. A fé inabalável que a tudo resiste é aquela de que falou Kardec, que pode enfrentar a razão em todas as épocas.
 
No limiar do amanhã. Um mergulho nos fundamentos da Verdade.

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